Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO)

~ CAPÍTULO 18 ~

Ariella Young

Erick é muito sem vergonha. Está aqui depois do que houve na casa do Oliver. Age naturalmente como se nada tivesse acontecido. Como o deixaram entrar? Ele ameaçou nós dois. Não deveriam ter autorizado a entrada. E se fizer algo contra a minha vida? Agora?
A porta se abre aumentando o meu medo. Meu corpo se arrepia. Finjo separar alguns papéis quando ele para na frente da minha mesa.
- Não sabia que trabalhava para Oliver. É uma grande surpresa vê-la aqui. - Erick disse, com os olhos fixos em mim. Pelo seu semblante parece muito surpreso.
- O que deseja? - pergunto notando alguns ferimentos no seu lábio inferior e no olho esquerdo feito por Nicolas.
- Quero rever meu grande amigo.- ele avisa com entusiasmo. Franzo a testa  por não entender a colocação do "amigo" na sua frase. Creio que foi irônico.
- Infelizmente o Sr. Oliver não se encontra na empresa agora. Se quiser pode deixar seu contato ou algum recado que repassarei.- sugiro, com um semblante sério.
- Ele já tem meu contato. - ele responde de imediato. Concordo. O silêncio prevalece e me ajeito na cadeira. Erick caminha pela sala e senta no sofá pensativo.
- Você foi corajosa por ter contado para Oliver o que aconteceu quando eu pedir que não contasse. Mas eu não sabia que fosse importante para ele, então me deu mal por isso.- Erick relembra com um sorriso de satisfação. Engulo em seco.
-

Se for para falar desse assunto é melhor se retirar. - aviso, apontando para a porta.
- Calma... Não estou entrando em uma discussão.- Ele enfatiza, sorrindo. Suspiro.
- Se não percebeu, acredito que não... Estou muita ocupada e preciso trabalhar, como já foi informado o Sr. Oliver não se encontra. Quer deixar algum recado?- pergunto, séria.
- Oliver não está no escritório? - Erick pergunta como se tudo o que falei não entrou no seu ouvido.
- Não, Senhor. Não está. Quer deixar algum recado? - pergunto de novo.
- Não precisa. Estou de saída. Nos veremos em breve - Ele avisa saindo da minha sala dando risada. Deito a cabeça na mesa extremamente aliviada por nada ter acontecido. Estava com muito medo. Fecho os olhos. Logo penso no Nicolas. A forma como o tratei no restaurante não foi certo. Sinto raiva de mim.
- Preciso conversar com ele. - falo em um sussurro ao me levantar da cadeira disposta a procura-lo. Saio da sala indo em direção a recepção.
- Vai embora? - ela pergunta amigavelmente.
- Não! Vou passar na sala do Nick. Sabe o andar?- pergunto, interessada. Lucy arregala os olhos.
- Nick? Já estão assim? - ela começa a rir. Faço o mesmo.
- É uma forma carinhosa de chamar, nada de mais. - justifico o apelido que dei.
- Que amor. Ele fica no décimo quinto andar.
- Obrigada. Sabe informar se o Sr. Oliver ainda retorna a enpresa hoje? Ele não me disse nada. - indago.
- Ah, sim! Ele só foi para uma reunião fora da empresa com o pai. Voltará em breve.
- E ele nem me avisa. - comento.
- Ele também não me avisou... Fiquei sabendo por causa do pai dele. - damos uma risada baixa.
- Pronto. Assim que Oliver chegar me avise. Tentarei voltar antes dele. - aviso.
- Pode deixar. - Lucy assente.
Entro no elevador correndo pensando em mil coisas. Confesso que estou nervosa. Fui muito idiota o tratando daquela maneira. Logo eu, que acho errado atitude do Oliver e acabei fazer o mesmo.
Assim que chego no andar que Nicolas trabalha, percebo os olhares das mulheres sobre mim. No caso, as que trabalham aqui. Ando até a recepção para me informar em qual corredor e sala ele se encontra.
Toco no balcão com o meu melhor sorriso. A recepcionista de cabelos encaracolados me olha.
- Licença! Boa tarde! Sabe informar a sala do Nicolas Collins? - pergunto com tom baixo
- Segundo corredor. É a última porta. - A mulher responde me olhando com deboche. Não me importo. Por que se eu for retribuir esse tratamento não será com semblante de deboche nenhum, mando ela tomar logo no c***. Acho  melhor eu me calar.
- Obrigada. - Agradeço com um sorriso  falso e dou-lhe as costas indo para o corredor. Não sei o motivo disso. Essas mulheres devem ser invejosas, só pode. Parecem que querem me fuzilar com os olhos.
Sigo a informação correta. Paro em frente a porta apreensiva. Sinto um calafrio na barriga e ao mesmo tempo tristeza. Olho para o lado por perceber alguém se aproximar. Uma mulher muito bonita passa por mim. Ela empina o rosto assim que nota minha presença caminhando como se estivesse em um desfile de moda. Não entendo essa postura.
Reviro os olhos. Acho que o boato sobre eu ter um caso com meu chefe está circulando em outros andares.
A ignoro. Bato na porta duas vezes e aguardo ouvi-lo pedir para eu entrar.
- Entre - ouço a voz do Nicolas. Suspiro. Abro a porta de vez ao entrar atraindo sua atenção. Seus olhos encontram os meus e posso ver que está surpreso e ao mesmo tempo chateado por me ver. Fecho a porta atrás de mim. 
- Está ocupado? - Pergunto dando um passo na sua direção.
- Um pouco. Aconteceu alguma coisa?- Ele pergunta se levantando da cadeira com uma feição séria. Engulo em seco. Passo a mão no rosto. Me apresso a caminhar ao seu encontro e paro na sua frente com os olhos marejados.
- Vim pedir desculpas pela minha ignorância. Eu... Estava estressada e...
- Eu não tinha intenção nenhuma de irrita-la, Ary.
- Eu sei, por isso estou aqui. Errei. Você não merece isso, sempre me trata tão bem. - explico, triste. Dessa vez, Nicolas da mais um passo cortando o espaço entre nós. Sua mão ergue meu queixo lentamente. Nos olhamos com ternura.
- Eu fiquei bem chateado, mas sei que teve seus motivos. Percebi sua agonia, aflição... Não sei. Mas não estava bem, e talvez eu errei por insistir.- Nicolas fala com um olhar compreensivo. Assinto.
- Eu tive meus motivos. Mas foi um erro descontar minha raiva em você. Perdoe-me. - Que vontade de contar tudo, de tê-lo ao meu lado para me apoiar ou de me dá um direcionamento para que isso seja resolvido da melhor forma. Esse homem me traz uma paz absurda. Gosto disso e não quero perdê-lo.
- Posso perguntar uma coisa?- Nicolas fala me deixando apreensiva. Seu polegar acaricia minha bochecha. Estamos próximos o suficiente para acontecer um beijo, porém não vou pensar nisso agora. Ele continua.- Você não esta me escondendo algo, está?
- Por que me pergunta isso?- pergunto com as sobrancelhas arqueadas. Minha garganta seca. Desvio o meu olhar do seu e encaro o chão. Não esperava essa pergunta.
- Não sei, você ficou estranha depois que esteve com a Karen e quando me viu pareceu que ficou mais nervosa, pode ter sido apenas uma impressão minha. - Nicolas murmura pensativo.
- Foi impressão sua. - eu digo sabendo que mentir mais uma vez.
Seus olhos agora fitam meus lábios. Não perco o tempo de fazer o mesmo e elevo minha mão até a sua que está encostada em meu rosto.
- Quero que saiba que pode confiar em mim, Ary. Sempre estarei aqui no que precisar. - Nicolas sussurra chegando mais perto. Abro a boca para receber a sua sentindo seus lábios encostarem nos meus quando meu celular toca atrapalhando o clima. Afasto o rosto rapidamente.
Merda! Só podia ser o meu bendito celular.
- É... Preciso atender.... - Falo fazendo uma careta. Nicolas concorda deixando um sorriso lindo escapar enquanto se apoia na mesa. Dou uma olhada para o visor vendo que é um número desconhecido. Atendo mesmo assim.