Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO)

~ CAPÍTULO 21 ~

Ariella Young

Dou os últimos ajustes na lista que o arrogante mandou no momento que a campainha toca interrompendo a nossa tarefa. Olho para Cris que também estranha. Não estamos esperando ninguém. Isso é estranho. Ela sai da cama enquanto me deixa continuar trabalhando. Vou digitando no notebook os nomes que minha mãe já separou para facilitar minha vida. Já são quatro da tarde. Quero adiantar tudo isso logo. Fico digitando quando escuto passos.
A porta do quarto se abre.
- Filha? - Cris reprime a risada me deixando confusa pela sua feição.
- O que foi? - Pergunto curiosa.
- O seu chefe... Está na sala. Ele disse que precisa falar com você. - Levanto-me as pressas ao ouvir a palavra "Chefe". Como assim? Dou uma olhada no meu rosto e na minha roupa. Estou usando um short curto branco com um moletom preto por cima. Ah, Dane-se! Vou descer assim mesmo. Mas ele bem que poderia esperar eu finalizar essa lista. Que apressado!
- Oliver está na sala? O que faz aqui? - Pergunto quase em um sussurro para que não me ouça. Merda.
- Eu não sei, filha. Não parece ser coisa boa. A cara dele... Não é das melhores. Vou ficar aqui para que tenham privacidade.- Minha mãe avisa em um tom de voz baixo. Franzo a testa. O que será que houve? Penso que pode ser algo referente a empresa. Tenho certeza que não viria na minha casa se não fosse.
-

Merda. - resmungo. Saio do quarto a passos largos tentando pensar no que pode ser. Logo o encontro em pé na sala a minha espera com as mãos enfiadas no bolso da calça. Seus olhos percorrem cada detalhe do cômodo. Parece ter vindo da empresa já que está usando terno e gravata.
Engulo em seco.
Realmente sua expressão não é boa. Algo aconteceu. É nítido.
- Minha mãe disse que estava aqui. O que houve? - pergunto ao me aproximar.
- Ela está lá em cima?- ele olha para o topo da escada.
- Sim. O que aconteceu?
- Você que vai me dizer se aconteceu alguma coisa. - suas palavras me causam um frio na barriga já que não faço a mínima ideia do que possa ser.
- Do que está falando? - cruzo os braços.
- Você sabe que é minha secretária. Como sabe que esse cargo é de plena confiança e comunicação sobre tudo que é relacionado a minha empresa. - Oliver inicia dando um passo na minha direção. Me sinto encurralada. Dou um passo para trás, porém não consigo. Minhas costas batem contra a parede me fazendo parar.
Nos olhamos.
- Aonde quer chegar com isso? - insisto sem entende-lo.
- Quero que seja sincera comigo, Ariella.- Oliver admite desconfiado. Sinto meu corpo tremer. Merda!
- Está me deixando preocupada com esse suspense. - Murmuro, nervosa.
- Está trabalhando com a Karen? - Oliver pergunta fazendo com que meu coração acelere o dobro. O nervosismo toma conta de mim. Como ele descobriu? O que devo responder? Será que se eu mentir vou me arrepender? Preciso ser muito cautelosa na resposta. Toda ação tem uma reação. Preciso pensar antes de falar alguma coisa. Engulo em seco. Meu Deus!
- Não sei o porquê dessa pergunta. - dou de ombros.
- Não me faça insistir. Apenas responda.- ele parece com raiva.
Seus olhos ainda fitam os meus.
- Bem... Ela só encontrou um trabalho para mim já que o Senhor me fez perder no dia do acidente. Não trabalho para ela. - oculto a verdade. Não posso revelar o verdadeiro motivo.
- Que tipo de trabalho, Ariella? - ele não se dá por convencido. Passo a língua nos lábios. Misericórdia!
- O que é isso? Quer saber da minha vida agora? Parece até detetive.- retruco, inconformada.
- Você já trabalha na empresa.- ele rebate desconfiado.
- Qual o problema? Só posso trabalhar com você? Tenho outras coisas por fora, Chefe. Sou atriz. É minha profissão. Acredito que alguém te passou uma fofoca totalmente equivocada já que veio até minha casa para...
- Não foi qualquer fonte. - Oliver avisa me interrompendo. O encaro mordendo os lábios pensando no que falar.
- Ótimo. Que legal! É bom saber que estou sendo observada. Sou famosa e não sabia.- exclamo com sarcasmo.
- Não estou de brincadeira. - ele rebate alterando a voz.
- Muito menos eu. A Karen é prima da minha melhor amiga, Senhor Oliver. Não tenho culpa se algum dia vocês tiveram um relacionamento e minha aproximação com ela parece o incomodar. - falo gesticulando vendo suas sobrancelhas se erguerem. Ele chega mais perto de mim quase prensando seu corpo no meu como fez na sua casa no dia que nos beijamos.
- Como sabe que namorei com a Karen? Nunca revelei isso pra você. - ele cita surpreso e eu mais ainda por ter dito algo que Nicolas me falou. Apesar que eu já sabia antes de tudo. A própria Karen fez questão de fazer isso.
- É... - tento inventar alguma desculpa. Que merda. O que digo?
- Foi o Nicolas que contou?- Oliver pergunta irritado.
- Não, claro que não. A Karen... É... Ela soube que trabalho na sua empresa e comentou sobre... O romance de vocês. Isso não importa agora. - bufo. Tento a todo momento passar tranquilidade. O que não estou sentindo na verdade.
- Isso é inacreditável. A Karen falou de mim para você? É muita coincidência vocês se conhecerem sinceramente. Ainda mais ser prima da sua amiga.- ele pergunta ao se afastar deixando um sorriso amargo escapar. Parece desconfiado.
- Está interessado?- indago com as sobrancelhas arqueadas.
- Sim. - ele afirma sem delongas o que me deixa sem reação. Reviro os olhos, enciumada
- Então liga pra ela e vai que vocês...
- Não fale besteira. - ele recruta.
- Nossa! Apenas vi sua alegria ao...- tento dizer me desvencilhando dele. Oliver me encara.
- Isso é ciúmes? - ele indaga surpreso.
- Só veio me aconselhar com quem devo andar?- pergunto cruzando os braços para mudar de assunto. Não tenho ciúmes, oras.
- Vim para deixá-la ciente. Não me esconda nada se for algo relacionado a empresa. Nada que vem dessa mulher é coisa boa. Trabalho, amizade... Nada é bom. Espero que saiba muito bem do que está fazendo. E só estou aqui por causa da minha empresa e não por você ou por interesse em reatar com Karen... Deus que me livre. E também não vim aqui ser seu conselheiro, mas pelo visto ela tem intenção em algo já que meu nome foi citado nesse meio entre vocês. Só fiquei esperta, Ariella. - Oliver avisa secamente. Assinto.
- Me admira saber que se envolveu com a Karen.- comento.
- Esteja avisada... Se essa mulher falar algo sobre mim vou querer saber. Porque tenho certeza que minha empresa é o interesse dela.
- Okay. - engulo em seco.
- O escritório entrará em reforma a partir de amanhã. Como o notebook da empresa está nas suas mãos quero que fique trabalhando aqui ou na minha casa se eu precisar que compareça a alguma reunião.- Oliver explica.
- Ainda tem coisas na sala que vou precisar pegar, Senhor. A minha agenda de reuniões é uma delas. - comento, mordendo o lábio inferior. Minha ficha ainda não caiu que o nosso beijo aconteceu.
- Se esta faltando algo vá na empresa buscar amanhã às dez horas da manhã. Pedirei ao motorista que venha buscá-la. - Ele avisa indo até a porta para ir embora.
- Mais alguma coisa que devo saber? - Pergunto assim que o vejo alcançar a maçaneta. Oliver vira o rosto na minha direção fixando-se na minha boca antes de olhar nos meus olhos.
- Não. - Ele responde e sai da minha casa. Fico sozinha me sentindo um lixo. Literalmente, é a segunda pessoa a me alertar sobre a Karen. Estou começando a ter medo. Fecho os olhos com força e solto a respiração.
Nunca fiquei tão tensa na minha vida.
Seu perfume continua impregnado na sala quando escuto passos.
- Ele já foi? - Olho para trás vendo minha mãe surgir na sala sorrindo.
- Sim. Vou... Para... O quarto terminar a lista. - aviso pausadamente um pouco desnorteada. Subo a escada correndo. Passo pelo corredor. Entro no quarto e me jogo na cama. Logo lembro da nossa conversa. Oliver tem razão. Nada que vem da Karen é coisa boa, estou começando a perceber isso. Ele não tem noção que o alvo não é a sua empresa e sim... Os seus sentimentos. Quer dizer, isso é o que ela me contou. Possa ser que não seja isso.
Me sinto muito mal por conta disso.
As palavras da Ivy circulam na minha cabeça a todo momento também.
Será que estou apaixonada por Oliver Walker? Como é possível? O cara não fez nada de agradável, somente foi arrogante e insensível. Não deveria está sentindo essa paixão. Eu que tento ser uma fofa, sexy, sei lá, uma pessoa mais legal e não consigo conquista-lo com esse jeito.
Preciso pensar rapidamente no que irei fazer, e preciso também descobrir como Oliver ficou sabendo que trabalho para Karen. Já não é possível ser observada por ela, agora tem outras pessoas? Será que foi o Nicolas? Ele foi o único da empresa que me viu com ela no restaurante. Por qual motivo? Não sei se Nick faria isso. Pego meu celular para discar o número dele mais desisto imediatamente. Solto um suspiro.
- Preciso trabalhar agora, depois eu resolvo isso. - Sussurro deitando-me na cama com o notebook em meu colo.