~ CAPÍTULO 26 ~

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Ariella Young

Já se passaram três semanas que Oliver e o Nicolas foram para a França. A reforma acabou e voltei novamente para a empresa. Passei o dia agendando reuniões, enviando alguns e-mails e fiz ligações para os fornecedores. Nunca pensei em dizer isso, mas o arrogante esta fazendo uma falta imensa. Só por  saber que ele não esta em seu escritório me da uma saudade inexplicável. Olho para recepção através da janela da minha sala  vendo Lucy ajeitar alguns documentos em sua mesa. Como não tenho mais o que fazer devido o horário, levanto da cadeira e saio para falar com ela. Sorrio.
- Já vai Lucy? - Pergunto a observando ajeitar a recepção.
- Sim, as horas passam rápido. Hoje o dia foi bem tranquilo. - ela afirma, sorrindo. Concordo.
- Verdade. - Me encosto na mesa e vejo Michael entrar em uma sala no corredor com um semblante estranho. Fico desconfiada. Parece preocupado..  Não sei. Preciso ficar de olho nesse cara.
- Então um bom final de semana. Nos vemos na segunda. - Digo dando-lhe um abraço.
- Obrigada, Ariella. Desejo o mesmo para você.- Lucy retribui o gesto e pega suas coisas antes de ir na direção do elevador. Enquanto isso começo a caminhar no corredor em que vi Michael. Acredito que tenha entrado em uma das portas. Dou uma leve conferida se estou sendo observada e me aproximo da porta que o vi entrar.
Fico em silêncio. Logo escuto sua voz. Perfeito. Ele está nessa sala.
- "Eu não consigo..." "tentarei novamente...".- tento ouvir a conversa em partes o que não ajuda muito. Sei que não deveria suspeitar de ninguém, porém desdo dia que voltei para a empresa, Michael não para de me infernizar. É a única pessoa que está disposto a investigar sobre mim. O que pode me ferrar. Se ele continuar não tenho dúvidas que vai conseguir encontrar algo. Oliver deixou a chave do seu escritório nas minhas mãos e de alguma forma ele soube disso. Acredito que não gostou muito. Será que Michael tem haver com o arrombamento da empresa? Ele é capaz de prejudicar o Sr. Oliver? Vejo a maçaneta girar devagar. Arregalo os olhos. Corro em direção a uma sala qualquer. Entro às pressas. Fecho a porta apressadamente e vejo pelo o olho mágico Michael passar pelo corredor ao lado de um rapaz que não consigo reconhecer direito. Me encosto na porta e espero alguns minutos até não ouvir mais sua voz.
Abro a porta discretamente e coloco a cabeça para fora olhando para os dois lados. Como não vejo ninguém saio da sala e apresso os meus passos até o elevador. Preciso ir para a casa e pelo horário o motorista do Oliver já deve está a minha espera. Ele me traz e me leva para casa todos os dias. A porta do elevador se abre e entro apertando o botão do térreo várias vezes para que feche de imediato, porém ela volta a abrir assim que alguém coloca o pé para entrar junto comigo.  Franzo a testa. Merda!
- O que faz na empresa uma hora dessa? - Michael pergunta parando ao meu lado. O ignoro. Observo os seus traços e vejo que ele não é um rapaz feio, muito pelo contrário. Bem charmoso, bonito. O seu jeito de querer encher a minha paciência me irrita em nível máximo.
- Pergunto o mesmo que você. - retruco dando um sorriso falso.
- Trabalhos e mais trabalhos. - Ele responde, dando de ombros.
- Interessante, muito interessante. - eu disse, com zombaria. Olho para os meus pés. É a única coisa agradável para se admirar no momento.
- O que é interessante? - Ele pergunta desinteressado.
- Nada. - respondo, entediada.
- Soube do que ocorreu na França? - Michael pergunta. O encaro de imediato. Como ele ficou sabendo? Isso é impossível.
- O que ocorreu na França? - me faço de desentendida.
- Vai me dizer que não sabe? Não se faça de inocente, Ariella. - Michael dá risada.
- Como ficou sabendo? - Arqueio a sobrancelha.
- Eu ficaria sabendo de qualquer forma, nada fica em sigilo para mim. - ele repete a mesma palavra que Nicolas disse.
- Soube também que captaram um rapaz pelas câmeras. - comento com um ar de desconfiança o encarando.
- Sim, eu soube. - Ele concorda me deixando ainda mais surpresa. Não pode ser. Como saber de tanta coisa assim? Talvez, o Sr. William possa ter comentado algo já que Oliver me deixou ciente que avisaria a seu pai e a Dona Camilla.
- Muito estranho, não? - Pergunto.
- O que é estranho? - Michael me olha.
- Não sei... A situação ou as pessoas. - afirmo.
- Isso é uma indireta?- ele se vira com ironia. Sorrio.
- A carapuça serviu? Oh! Então quer que eu fale de você? Okay! É... Não sei. Parece que está nervoso, talvez por saber que as câmeras podem ter capturado... O rosto de alguém. - aviso com sarcasmo fingindo está preocupada.
- Acha que estou por trás do caralho que houve na França? É isso que está insinuando? - Michael pergunta em voz alta. Sorrio.
- Se revoltou? - retruco.
- Se quer culpar alguém, culpe o Nicolas seu namoradinho  - Michael avisa se aproximando cada vez mais do meu corpo.
- Por que eu o culparia?  - pergunto, confusa.
- Qual é Ariella? Nicolas e Oliver nunca se deram bem depois da suposta traição. Acha que ele perderia alguma oportunidade de prejudica-lo? Claro que não. Todos da empresa já suspeitam que você pode está de caso com o Chefe, e quer saber mais?
Você esta agindo da mesma forma que ela. - Michael afirma com um sorriso perverso. Fico de boquiaberta.
- Do que está falando? - pergunto, perplexa.
- Exatamente o que ela fez. - Ele repete olhando para mim.
Engulo em seco.
Suas palavras me deixam pensativa e fico sem entender o que ele quis dizer com suposta traição, ou até mesmo por eu esta agindo da mesma maneira que uma mulher agiu. Isso foi bem estranho... Definitivamente.
- Você está completamente maluco. Isso não faz sentido. - reviro os olhos.
- Eu, maluco? Tem certeza? Você se faz de inocente, mas eu vejo o que faz. Atrair os dois ao mesmo tempo para quê? O que quer ganhar com isso? Fique longe. Não queira invadir o meu espaço, muito menos ficar no meu caminho, Ariella. - Michael me prensa na parede do elevador com seu próprio corpo. Nós olhamos sério.
- Não estou invadindo o seu espaço. Você que invade o espaço do Sr. Oliver. As consequências podem não ser boas para você. - murmuro, tentando me desvencilhar.
- Só quero protegê-lo. - Michael rosna.
- De quem? - pergunto. Nossos rostos estão cada vez mais próximos.
- De você. - ele responde me fazendo parar. O encaro perplexa. A porta do elevador se abre e Michael se afasta com um semblante sério.
- Por que desconfia de mim? Sou apenas uma secretária que trabalha para manter a casa. - aviso ajeitando minha roupa.
- Eu observo os detalhes. Coisa que Oliver não faz. - Michael sussurra, olhando diretamente nos meus olhos. Engulo em seco.
- Ary? - Nicolas me chama atraindo nossa atenção. Me recomponho e saio do elevador surpresa pela sua presença.
- Nicolas? - Pergunto piscando os olhos rapidamente. Ele me abraça, aparentando está desconfiado.
- Nicolas! Não tem ninguém na empresa, deseja falar com alguém? - Michael fala se aproximando da porta de saída.
- Vim apenas buscar, Ariella.- Nicolas responde com um sorriso fraco. Michael e eu nos olhamos discretamente. Com certeza, deve está me mostrando que cada palavra dita no elevador foi correta.
- Vamos embora? - pergunto, desconfortável.
- Sim.- Nick assente caminhando até a saída da empresa em silêncio. Minha cabeça não para um minuto. Não depois de saber que tem uma traição e que faço o mesmo que uma mulher fez. Ando até o carro com um frio na barriga absurdo. Estou ferrada. Muito ferrada. Abro a porta sentindo os olhos do Nick em mim.
Sento no banco. Coloco o cinto de segurança.
- Não me olha assim. - peço sem fazer contato visual.
- Você e o Michael... - ele tenta dizer.
- O quê? - pergunto.
- Achei estranho... Não sei se discutiam ou se estava aos beijos.
- Não o beijaria nem se fosse o último homem da terra. Apenas foi um desentendimento pequeno. - aviso sorrindo.
- Ele disse algo que a desrespeitou?- percebo sua preocupação.
- Não, não... Está tudo bem. Obrigada por se preocupar.- falo com um tom gentil.
- Quer ir para casa? - ele pergunta, assim que liga o carro.
- Sim. - respondo encostando a cabeça no assento.
- Tudo bem. - Nicolas assente.
- Fico feliz por ter voltado. Estava com saudades. - confesso o vendo sorrir com as minhas palavras.
- É bom ouvir isso. - ele murmura com uma piscada de olho. Lembro da conversa que tive com o Michael.
" - Qual é Ariella? Nicolas e Oliver nunca se deram bem depois da suposta traição... Exatamente o que ela fez". Suspiro.
- Ary? - Viro-me para Nicolas.
- O quê? - pergunto, distraída.
- Está bem? - ele pergunta, preocupado.
- Sim. - respondo.
- Por que está pensativa? - ele pergunta, preocupado.
- Bem, você ainda me deve uma conversa sobre o seu passado com Oliver, não é? - Pergunto com um sorriso amigável.
- Eu sei que você quer saber o que aconteceu entre nós, mas por quê isso importa? Tem coisas que é melhor deixar no passado. - ele avisa, apreensivo.
- Não estou te obrigando a contar, mas para ser franca, eu realmente quero saber.- confesso o fazendo rir.
- Eu gosto muito de você, Ary. Desdo  primeiro dia que a vi no elevador. - Nicolas disse, dirigindo. Sorrio me lembrando do dia que nos conhecemos.
- Mais esse gostar é... - tento completar.
- Falo no sentido geral. Gosto da sua amizade. - ele avisa, sorrindo.
- Me promete que qualquer coisa que acontecer vai ficar comigo? Ficará do meu lado? - Pergunto, nervosa.
- Por que esta me perguntando isso?- Nicolas me olha, confuso.
- Só me prometa Nick, não sabemos o dia de amanhã, por favor. - peço, intrigada.
- Mais é claro, Ary. Sempre estarei aqui. - Nicolas responde tocando na minha mão. Sinto um alívio pela sua promessa e encaro a janela. Só não sei se ele agirá assim quando descobrir a verdade.
- Promete? - pergunto.
- Sim, prometo.- ele afirma com um sorriso compreensivo.

~*~

Assim que entro em casa coloco minha bolsa no sofá, e vou para o quarto da minha mãe a vendo dormir abraçada a um travesseiro. Encosto-me na parede, e a observo. Quero tanto dar o melhor para ela. Sei que aos poucos vou conseguir. Desde que minha mãe sofreu o acidente no hospital em que trabalhava ela precisou se afastar devido a fratura no tornozelo. Como foi um acidente no local de trabalho no final das contas não precisou voltar mais. Meio que se aposentou. O que recebemos não é muito, e não dá para comprar uma casa. Já chegamos a passar fome, e as vezes tínhamos ajuda dos vizinhos. Teve um dia que parei para refletir sobre as nossas vidas. Desabei no choro. Chorei tanto aquela noite que minha mãe ouviu. A todo momento repetia que não iríamos melhorar, que estávamos no fundo do poço... Talvez, não tinha mais esperança para nada. Minha mãe com sua calmaria, e fé dizia que  "As dificuldades existem para ser um incentivo. Não há vitória sem derrota. É preciso passar por cima de tudo de cabeça erguida, porque somos muitos fortes do que imaginamos e só a gente pode mudar a nossa vida".

Saio do quarto com essas lembranças sem fazer barulho. Entro no meu quarto a passos curtos e ao mesmo tempo exausta. Olho em volta pensando no que fazer. Precisamos sair dessa casa. Não temos mais tempo e nem sei como ficou o acordo ou quanto tempo ele deu para sairmos daqui. Caminho até a janela, e olho a rua. A brisa toca na minha pele causando uma sensação maravilhosa. Fecho os olhos, e penso no dia que Oliver me beijou na cozinha da sua mansão. Aquele dia mexeu muito comigo. O seu jeito de me pegar, suas carícias... Minha nossa. Logo a Karen Portela invade minha cabeça... O contrato que assinei, sua chantagem. Respiro lentamente.
Preciso me desligar um pouco da empresa, do Oliver, da Karen, de tudo que envolve esse plano idiota. Tudo isso esta me estressando e no momento só quero sentir um pouco de paz, é tudo que preciso no momento... Paz!

Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO) Onde histórias criam vida. Descubra agora