Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO)

~ CAPÍTULO 29 ~

Ariella Young

Já anoiteceu e ainda estamos juntos no meu quarto. Só que dessa vez assistindo um filme de ação. Nicolas continua acariciando meu cabelo enquanto fico deitada com a cabeça em seu peito. Lembro-me da conversa que tivemos sobre a relação dele com o Oliver e por um momento me sinto tão triste por estar escondendo algo que não deveria. Essa foi uma oportunidade boa. Deveria ter contado a verdade. Afasto esses pensamentos, e levanto da cama com um travesseiro nas mãos. Observo Nicolas que continua deitado  assistindo o filme. Franzo a testa.
- Está bom aí né? Todo confortável.- Falo, aos risos. Ele me olha, desconfiado e confirma.
- Está uma maravilha.- Ele avisa, fingindo dormir na minha cama.  Aproveito sua distração e arremesso o travesseiro em seu rosto. Ele se assusta e me olha com as sobrancelhas arqueadas. Começo a gargalhar e corro para fora do quarto.
Entro no banheiro apressadamente e seguro a porta para fecha-la, mas Nicolas me impede segurando. Tento forçar, porém não dá. Ele abre  a porta aos risos.
Entro no box dando risada.
- Não, Nick. - começo a rir. Ele entra no box, e me prensa na parede embaixo do chuveiro. Começamos a rir juntos. Estamos perto de mais. Seus olhos me encaram e percebo a intensidade que esses olhos transmitem.
- O que vai fazer? - pergunto, sorrindo. Nicolas sem dizer nada, liga o chuveiro para retribuir o travesseiro que joguei em seu rosto. A água cai sobre nós. E começo a rir.
- Desliga isso, Nick! - Gritei, tentando me desvencilhar, mas suas mãos firmes me mantinham perto. Já estava completamente encharcada, uma sensação quase sufocante. Estendi-me até a torneira, desligando a água, e com risos, coloquei minhas mãos em seu peito, afastando-o.
Seus olhos encontraram os meus, e naquele instante, não havia espaço entre nós. Estávamos perigosamente próximos. Meu sorriso se desfez quando percebi que ele se movia na minha direção, as mãos pressionando contra a parede. Olhei para seus lábios com um desejo avassalador de tomá-los por completo. No entanto, por mais que a tentação nos envolvesse, sabia que qualquer coisa além que tivéssemos além da nossa amizade colocaria tudo em risco. Não quero perdê-lo como amigo. Nicolas se aproxima, tocando delicadamente meu rosto. Não, isso não esta certo. Beijei Oliver hoje em sua mansão. Não posso beijá-lo, por mais que a vontade de agarra-lo seja imensa.
- Ary? - ele chama em um sussurro.
- O que foi? - pergunto umedecendo os lábios.
- Temos que tirar essa roupa. - Ele avisa tocando em sua camisa, após desligar o chuveiro. Concordo.
- Vamos...- Murmurei, imóvel no mesmo lugar. Os olhos de Nicolas permaneciam fixos em mim, e uma corrente invisível parecia impedir-me de me mover. De repente, de forma inesperada, sua boca roçou na minha lentamente. Eu não consigo afastá-lo.
Fecho os olhos, entregando-me a um beijo molhado e quente ao mesmo tempo. Sua língua encontra a minha num movimento sincronizado, quando, inesperadamente, a campainha tocou. Nos assustando.
Me afasto lentamente, uma onda de consciência súbita invadindo o espaço entre nós.
- Que susto da porra. - resmungo espontaneamente.
- Está esperando alguém? - ele pergunta, com a testa franzida. Nego com a cabeça.
- Não que eu saiba. Deve ser a Ivy.- digo, dando de ombros.
- Quem é Ivy?
- Minha melhor amiga.- respondo saindo do box. Pego a toalha para enxugar os meus cabelos, e tiro o excesso da água da minha roupa. Nicolas tira a camisa de uma só vez e disfarçadamente olho para o seu peitoral definido. Desvio o olhar, as pressas assim que ele se vira para mim. Vou para a sala. A campainha toca mais duas vezes, e pela insistência começo a duvidar se é realmente a Ivy. Ela não tem costume de fazer isso.
Giro a maçaneta da porta impaciente e ao abrir arregalo os olhos.
- Karen? O que faz aqui? - Pergunto, perplexa.
- Belo jeito de se cumprimentar uma pessoa. - ela fala olhando para a minha roupa.
- Diga logo o que veio fazer aqui de novo. - peço baixo com grosseria.
- Pode se enxugar? Eu posso espe...- Karen fica paralisada sem terminar sua frase. Seus olhos encaram algo atrás de mim. Permaneço parada. Espero que não seja o que estou pensando. Passo a mão no cabelo e viro-me vendo Nicolas em pé no corredor com a toalha enrolada na sua cintura sem camisa.
Fico de boquiaberta.
- Você e o Nicolas estão juntos?- Karen cochicha com os olhos fixos nele. Arregalo os olhos.
- Cala a boca. - eu disse, apressadamente. Karen entra na minha casa sem ser convidada e caminha até ele de braços abertos. Reviro os olhos.
- Nicolas! Que surpresa em vê-lo por aqui, ainda mais desse jeito. Atrapalhei alguma coisa? - ela pergunta, olhando para nós dois. Cruzo os braço, envergonhada.
- Não. - Ele responde, desconfiado com a visita dela na minha casa.
- Quem diria, não é? Te rever  dividindo a mesma pessoa. Que engraçado. - Karen fala, sorridente. Arregalo os olhos. O quê? Sério que ela disse isso? Só pode ser brincadeira.
- Não entendi o que você quis dizer.- Nicolas fala, confuso.
- Esta na hora de você ir embora, Karen. Estamos ocupados. - Aviso, abrindo a porta.
- Estou vendo que estão realmente ocupados. Não queria atrapalha-los. - Ela disse, abrindo um sorriso sínico. Reviro os olhos. 
- Por que veio? - pergunto, quase em um sussurro.
- Quer mesmo que eu fale? Acho que não. Estou indo, Nicolas. Até mais. Ah... Fique esperto, tem coisas que aparentam ser o que não são. - Karen avisa, olhando séria para mim. Totalmente desnecessário. Não sei o motivo para querer destruir a minha vida. Fiz exatamente o que me pediu e é assim que retribui? Solto a respiração que nem percebi que tinha prendido. Nicolas continua calado. Karen vai embora e fecho a porta em silêncio. Viro a cabeça para olha-lo.
- Não fica calado. Isso é mais torturante do que ouvi-lo me xingar.- aviso.
- O que ela quis dizer? - Ele pergunta, com a testa franzida. Faço uma careta.
- Vai saber? Ela é louca. - respondo, indo para o meu quarto. Evito encara-lo. Não quero entrar nesse assunto. Não quero que ele fique desconfiado. Nicolas é muito esperto, quando penso que estou no caminho... Ele já está na chegada só me esperando. Preciso ser cautelosa.
- Ary! - escuto-o me chamar.
Apareço na porta do quarto. Seus cabelos molhados pingam em seu ombro.
- Oi. - respondo.
- Quer ir para a minha casa? - ele pergunta, indo ao banheiro.
- Quero. Acho que nunca fui lá. - aviso com um sorriso.
- Te levarei hoje. - Nicolas responde, e fecha a porta. Desfaço a risada. Entro no meu quarto, nervosa. Não acredito que Karen foi capaz de ter dito aquilo. Achei que sua ameaça era da boca pra fora, mas não. Quis me mostrar do que é capaz de fazer... Que raiva.
Quase que ele descobre tudo. Me apresso para trocar de roupa enquanto Nicolas está no banheiro se trocando. Vou aproveitar para mandar uma mensagem no whatsapp para Ivy contando o que acabou de acontecer.