Oliver Walker
Estaciono o carro em frente a uma casa humilde e pequena. A pintura está um pouco devastada e as flores do jardim murcharam - o que dá a entender que não foram bem cuidadas. Abro a porta do carro. Saio olhando para todos os lados cismado. Não conheço esse bairro. Possa ser que seja perigoso, não sei.
Guardo a chave no bolso da calça sentindo um vento gelado atingir meu rosto. O tempo mudou drasticamente. Os galhos das árvores chacoalham tão forte derrubando algumas folhas no chão. Passo a língua nos lábios entorpecidos. O clima está cada vez mais frio. Breno se aproxima notando que a maioria das casas estão com as janelas fechadas como a casa da Mônica. Provavelmente não a encontraremos.
- O que estamos fazendo aqui?- Breno pergunta atento.
- Procuro por Mônica. - respondo sem mais detalhes. Caminho até a casa a passos rápidos e largos.
- Quem é essa mulher? - Breno me encara com a testa franzida. Bato na porta dela a fazendo se abrir de imediato. Estranho! Já estava aberta... Acredito que isso não está certo. Olho para o céu cinzento que está carregado de chuva. Mas que diabos! Tudo para atrapalhar.
- O que vai fazer? - Breno aparenta receio de me seguir já que não expliquei o que vim fazer.
- Vou entrar.- eu disse com raiva e frustração ao mesmo tempo. Nunca pensei que ela fosse capaz de roubar a minha empresa.
- Não pode fazer isso, Oliver. É invasão de privacidade. - ele adverte segurando meu braço. A porta já se encontra aberta.
- Ela invadiu o meu escritório. Então, não vejo problema. Estamos quites. - retruco assim que entro na sua sala. Tudo se encontra com pouca luz já que sua casa está toda fechada.
- O que está querendo dizer com isso? Ela que roubou seu dinheiro?- Breno pergunta abismado.
- Mônica? - ignoro sua pergunta. Grito o nome dela olhando em cada cômodo da sua pequena casa. O silêncio permanece no ambiente. Nenhum ruído, passos, vozes... Nada.
Sem resposta.
- Acho que não tem ninguém aqui. Temos que sair logo, Oliver.
- Ainda não, Detetive. Ela roubou a porra do cofre. Tenho que encontrar alguma coisa.- eu disse, irritado.
- O que espera encontrar? É só pedir um mandato de buscas. Não é dessa forma que vai ajudar. É contra lei.- Breno reclama, preocupado. Solto um suspiro ficando impaciente.
- Não me importo com a lei. Eu vou fazer isso. Se não quiser pode esperar lá fora.- aviso indo até um quarto.
- Droga! Vou averiguar a cozinha.- ele resmunga ao se distanciar. Deixo um sorriso escapar pela sua aceitação de me ajudar. Caminho até uma porta de madeira escura quando meus olhos fitam o chão. Há respingos de sangue. Franzo o cenho. O que é isso? Um cheiro se torna mais forte na medida em que vou me aproximando. Tampo o nariz com a palma da mão. Permaneço parado. Começo a pensar em mil coisas que pode acontecer caso eu abra essa porta. Ergo a mão até a maçaneta. Fecho os punhos, e com um movimento giro-a com os olhos fixos no chão. A porta logo se abre de uma só vez. Ergo a cabeça lentamente, e de repente, a cena é de cortar o coração. Dou um passo para trás como se tivesse sido atingido por algo. Meus olhos não podem está vendo isso... Não pode ser real. O corpo da Mônica está estirado em cima da cama completamente ensanguentado. Sento no chão em silêncio com os olhos arregalados. O cheiro já não me importa mais. Sem perceber meus olhos lacrimejam.
A chuva finalmente cai lá fora. Os ventos pioram debatendo os galhos descontroladamente. A minha ficha ainda não caiu. Ela está morta. Como? Como aconteceu? Breno me chama duas vezes em outro cômodo sem obter repostas. Abro a boca para chamá-lo, mas nada sai.
- Oliver! - ele insiste ao notar minha demora e corre na minha direção se deparando com a cena do quarto.- Deus tenha misericórdia!
- Mais que porra! - murmuro.
Há sangue por todo lado.
- O que aconteceu aqui? - Ele pergunta pegando seu celular as pressas para acionar as viaturas e ambulância. Suspiro. Ainda a observo em estado de choque. Meus olhos paralisam em seu corpo extremamente triste.
- Alô?- Breno sai do quarto com o celular no ouvido.
- O que fizeram com você? - Sussurro, perplexo. Levanto-me devagar para sair da casa quando percebo uma caixa pequena embaixo da sua cama. Arregalo os olhos. O que deve ser? Devo olhar ou não? É melhor deixar tudo do jeito que está. Desvio o olhar para ir embora quando sinto que pode ser algo importante. As coisas do quarto estão revirada, talvez, quem fez isso não conseguiu encontrar.
Aproveito que Breno está lá fora falando ao celular e entro rapidamente tomando cuidado para não pisar no sangue. Estico os braços na direção da caixa segurando com cuidado. Sei que é errado entrar na cena do crime para não atrapalhar as investigações, mas eu preciso pegar isso para ver o que tem dentro.
- Ficou louco, Oliver? Vai alterar a cena do crime. Não pode fazer isso. - Breno tenta intervir assim que volta para o quarto. Não obedeço. Saio do quarto já com a caixa nas mãos.
- Preciso saber o que tem aqui.- aviso nervoso.
- Pode ser perigoso, Oliver. Deixa que eu mesmo faço.- ele tenta tomar das minhas mãos, mas em um movimento rápido tiro a tampa da caixa sem demora vendo uma câmera digital de cor rosa. Arqueio a sobrancelha desconfiado. Isso é estranho. Por que tem uma câmera dentro da caixa? Me encosto na parede do quarto.
- Isso não está me cheirando bem.- Breno murmurou ao meu lado intrigado. Aperto o botão principal para liga-la e procuro pelo menu se tem algum arquivo .
- Tem um video dela, Breno. - afirmo surpreso. Nós entreolhamos abismados.
- Assista.- ele aconselhou, dessa vez, cruzando os braços.
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Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO)
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME Obra registrada na Biblioteca Nacional. 'Entre Vinhos e Palcos', a vida de Ariella Young, uma atriz dedicada, desenha um dilema cativante. Enfrentando dificuldades financeiras, ela recebe uma pr...