~ CAPÍTULO 36 ~

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Ariella Young

Oliver para o carro em frente a minha casa. Penso no jantar que tivemos lembrando das palavras de conforto que saíram da sua boca no restaurante. Me surpreendeu. Na verdade, desde que entrei naquele orfanato fui surpreendida de uma forma que jamais pensei que fosse acontecer. Tiro o cinto de segurança devagar e olho na sua direção por um breve instante.
- Obrigada por hoje. - agradeço novamente. Ele encara o volante com um olhar distante e um semblante pensativo. O que me deixa um pouco desconcertada já que não faço ideia no que está pensando. Mas não demora muito para eu descobrir.
- Não quero que diga para ninguém sobre o orfanato. - Oliver pede com um tom de voz firme. Franzo a testa.
- Por que está me pedindo isso? Pedindo assim parece até que é algo ruim.- exclamo.
- Apenas não quero que fale. - Ele ordena fazendo pouco-caso.
- Por que esconder para as pessoas um gesto lindo desse? Tem vergonha de mostrar que o empresário Oliver Walker tem um coração doce que levantou um orfanato? - Pergunto, intrigada.
- Não vou discutir isso com você. Apenas faça o que ordenei. - ele encerra o assunto olhando para mim.
- O senhor é inacreditável, deveria esconder as coisas ruins que faz e não do contrário. Isso é uma das coisas que me chateia em você.- confesso, abrindo a porta do carro ligeiramente.
- Eu não me importo com o que você pensa ou sente sobre minhas escolhas. Está na hora de você fazer o mesmo. - Oliver avisa grosseiramente.
Saio do carro soltando um suspiro. Não quero brigar, estávamos tão bem. Só que nessas circunstâncias é impossível. Passo a mão no rosto. Volto a encara-lo dentro do carro.
- Você consegue destruir tudo aquilo de bom que penso em relação a você.- altero a voz ao fechar a porta.
- Não destruo nada, apenas você não consegue aceitar quem eu sou. - ele rebate.
- Olha...- tento discordar.
- Não vou ficar aqui discutindo isso. É extremamente ridículo, Ariella. - ele da sorriso sarcástico nos lábios. Coloca a chave na ignição e passa o cinto em volta do corpo sem me olhar. Me aproximo da janela me apoiando com ajuda dos braços.
- Como quer que eu aceite se nem você mesmo se conhece? Deixe as pessoas verem que tem um coração grandioso e que...
- Você sabe que sou uma pessoa pública... Há pessoas que fazem de tudo para me afetar. Se souberem dessas crianças, não será só minha vida que estará em risco Ariella.- Oliver exclama me deixando sem palavras. Fecho a boca. Por um momento vejo que nesse ponto ele tem razão, mas também se pensarmos desse jeito jamais viveremos. Há pessoas boas no mundo. Afasto-me do carro. Jamais vou entender essa vida de luxo. Fama , dinheiro, ganância, ricos... Deus que me livre. Não iria consegui viver assim. Não digo nada.
Dou-lhe as costas sabendo que a conversa está encerrada e sigo até o portão eletrônico. Ele permanece com o carro parado, mas não falamos nenhuma palavra. Apenas viro-me indo em direção a casa. Quando meus dedos tocam na maçaneta sinto alguém agarrar meu braço me puxando na sua direção. Olho pra trás vendo Oliver logo atrás de mim. Um arrepio percorre por todo o meu corpo com o seu toque. Ele saiu do carro tao rápido que não pude notar.
- Apenas faça o que pedir... Por favor , Ariella!- ele pede mais uma vez tensionando o maxilar.
- Pela proteção das crianças... Prometo que de mim ninguém nunca saberá nada. - eu disse, com os nossos rostos próximos e por um momento penso se haverá um beijo. Ele assente e solta meu braço dando-lhe as costas. Passo a língua nos lábios e faço o mesmo indo direto para a casa.
A cada passo meu coração acelera, minhas mãos soam, e meu corpo fraqueja. Passo pelo portão eletrônico principal até chegar a porta. Seguro a maçaneta com força. Espero alguns segundos antes de olhar para trás devagar para vê-lo partir, mas não... Oliver ainda permanece imóvel com um expressão séria me observando entrar em pé fora do seu carro. Está se tornando mais frequente vê-lo sair sem o seu motorista particular.
- Até mais! - aviso antes de entrar na minha casa. Fecho a porta e encosto-me fechando os olhos. Meus pensamentos só circulam em Oliver. Não a nada além disso. Só ele. Merda!
Preciso tomar um banho e descansar. Tiro os saltos e sigo para o quarto.

Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO) Onde histórias criam vida. Descubra agora