Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO)

~ CAPÍTULO 37 ~

Ariella Young

Amasso mais uma folha de papel para joga-la no Nicolas quando a porta se abre de uma vez só. Arregalo os olhos, espantada. Oliver entra na sala com um semblante sério sem perceber a nossa presença. Ao se virar da de cara com o Nicolas que está próximo a minha mesa com um sorriso no rosto. Desfaço a risada jogando  disfarçadamente o papel amassado no lixo. Ele caminha na minha direção com uma seriedade no olhar, e coloca um classificador preto em cima da mesa sem dizer uma palavra. Nicolas se afasta um pouco parando até a poltrona de visitas de braços cruzados. Sinto meu corpo estremecer ao sentir a presença do arrogante perto de mim. Fico apreensiva.
Oliver me dá as costas. Entra no escritório de imediato sem olhar para trás o que me deixa nervosa por não saber no que está pensando. Solto a respiração.
- Meu Deus! - sussurro passando a mão nos cabelos.
- Não precisa ficar assim. Não estávamos fazendo nada de errado.- Nicolas murmurou sem importância. O encaro perplexa.
- Ele é meu chefe. Querendo ou não preciso manter respeito enquanto estiver trabalhando.- justifico gesticulando.
- Eu sei, Ary. Oliver não vai dizer nada. Até porque trabalhamos na mesma empresa e eu posso vê-la quando quiser. - Nicolas explica.
- Mais não no mesmo andar.- acrescento com a testa franzida.
- Somos amigos. - ele avisa dando de ombros. Assinto com um sorriso amigável.
- Tem razão. Só fico preocupada de...- tento pensar em alguma palavra que define essa minha preocupação. Não posso admitir que me preocupo com que o arrogante pensa. Não posso afirmar que me importo com os sentimentos dele. Isso vai estragar tudo.
- Se preocupa com o quê? - Nicolas pergunta, curioso. O encaro fazendo uma careta.
- Vai que ele me demita? Deus é mais.- falo uma desculpa para mudar o rumo da conversa. Ele rir.
- Até parece que isso vai acontecer sua boba. Preciso ir agora. Tenho coisas para fazer.- Nicolas explica se aproximando. Dou um sorriso triste devido a mentira que acabei de dizer mais uma vez. Ninguém merece. Levanto da cadeira para me despedir e dou um abraço apertado recebendo um beijo na bochecha. Não demora muito para ficar sozinha na sala. Sento na cadeira frustada pelas coisas que aceitei fazer e por sentir ainda um sentimento que estou fazendo algo errado. Sabe uma angústia no peito? Me sinto assim... Não aguento mais isso. Não estou fazendo mais a merda do trabalho da Karen. Por que me sinto como se estivesse? Encosto a cabeça no assento quando a porta da sala se abre. Um rapaz aparentando uns quarenta anos entra com um sorriso elegante. Ajeito-me no assento.  Observo seus movimentos.
- Bom dia, senhorita. Sou o Stevan Adorlo. Espero ter chegado no horário certo.- o homem avisa com um sorriso gentil. Logo reconheço seu nome. Lembro que marquei essa reunião na semana passada. Com um sorriso gentil peço que o aguarde para que eu possa fazer uma ligação para liberar a sua entrada. Disco o número do escritório. Encaro a mesa.

Ligação ON
- Diga. - Oliver avisa secamente. Ouvir a sua voz... Sua respiração, mesmo que esteja pelo outro lado da linha me deixa tensa. Apenas uma porta nos separa.
- O Sr. Stevan chegou.- respondo em um tom de voz baixa.
- Mande-o entrar.- ele ordena, encerrando a chamada sem ao menos da um "tchau" ou "Obrigado", mas tudo bem. Já me acostumei. 
Ligação OFF.

Coloco o telefone de volta no gancho. Olho para Stevan que está sentado na poltrona enquanto mexe no seu  celular. Abro um sorriso.
- Já o informei da sua chegada. Pode entrar, Senhor.- aviso, educadamente.
- Senhor? Não, não! Por favor. Acho que não sou tão velho assim, senhorita. Pode usar o "você", não me importo.- ele ressaltou estendendo seu sorriso. Seus dentes brancos se sobressai e assinto deixando um sorriso escapar.
- Desculpa. - falo me levantando da cadeira.
- Desculpas aceitas.- o rapaz responde sorrindo e entra no escritório para da início a reunião. Aproveito esse tempo para ficar com a Lucy. Saio da sala as pressas e caminho até a recepção.
- Que cara é essa? - ela pergunta, separando alguns papéis.
- Não sei. Só estou pensativa hoje. - confesso com uma careta.
- Pensativa? Coisa boa ou ruim?
- Prefiro nem comentar. Não quero acabar com seu dia hoje. - digo a fazendo rir.
- Deixe de besteira. As vezes é bom desabafar. - Lucy aconselha fazendo alguns rabiscos. Sorrio. Olho na direção do elevador assim que reparo em um homem vestido de terno e gravata. Ele caminha na nossa direção.
- Bom dia, meninas.
- Olha só quem apareceu. - Lucy o cumprimenta com um aperto de mão.
- Reuniões não podem ser desmarcadas. Oliver está na empresa?- ele pergunta dando de ombros.
- No momento está ocupado. Você é o...- eu disse, gentilmente.
- Que indelicadeza a minha, sou Moisés. Voltei de viagem e tenho uma reunião marcada agora com ele.- ele responde. Logo lembro. São tantos encontros e reuniões que Oliver tem semanalmente que é quase impossível lembrar os nomes de todos.
- A reunião começou. Vou informa-lo da sua chegada.- aviso com um sorriso amigável. Moisés assente me olhando de baixo para cima surpreso.
- É a secretária dele? Muito bela.- ele cochicha com intuito da Lucy não escuta-lo. Sorrio, envergonhada sem saber o que responder. Não quero que pense que estou me oferecendo. Ela o encara com a testa franzida.
- Acho melhor não abusa-la, Moisés. A mocinha já tem dono.- ela brinca atraindo atenção dele.
- Posso saber de quem? - Moisés pergunta com um sorriso malicioso.
- De ninguém.- respondo de imediato.
- Nicolas Collins, conhece, não é? Então, ele é o príncipe dela.- Lucy aconselha guardando alguns papéis dentro de uma pasta marrom. A encaro com a testa franzida. Moisés dá uma risada baixa, e concorda permanecendo em silêncio no momento em que a porta da minha sala se abre. Engulo em seco. Merda. A reunião não iria demorar? Oliver sai da sala junto com Stevan que explica alguma coisa que não consigo entender. Lucy percebe a presença do chefe e me entrega alguns papéis para que eu possa fingir que sair do meu lugar para pegar os documentos.
- Assine esses aqui e depois de grampeá-los coloque na minha mesa.- ela avisa em um tom elevado para fazê-lo ouvir enquanto tentamos reprimir nossas risadas.
- Está bem. - respondo me afastando da recepção. Moisés caminha em direção a minha sala.
- Quero que me acompanhem até a sala de reuniões. - Oliver avisa para os dois que concordam o seguindo para o corredor. Observo os três se distanciarem e volto para o meu local de trabalho. Entro na sala. Sento na cadeira e coloco os papéis que Lucy me entregou. Depois preciso lembrar de devolve-los. Dou uma conferida nas horas e me apresso a fazer as coisas que faltam. Primeiramente vou checar o e-mail.

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Olho as horas pela última vez, e vejo que já são cinco horas da tarde. Preciso ir embora. Lucy arruma a recepção com um fone no ouvido já que o horário de trabalho terminou, e mexe a cabeça de um lado para o outro me fazendo rir. Levanto da cadeira. A porta do escritório se abre.
- Ariella venha mais cedo amanhã. - Oliver avisa passando por mim.
- Tudo bem, Chefe.- respondo.
- Poderá sair mais cedo. - ele avisa, saindo da sala sem dizer mais nada. Nem parece o mesmo homem que me levou ao orfanato para conhecer as crianças. Seu comportamento está mudado, não entendo... Acho melhor ficar sem entender. Solto um suspiro, exausto. Desligo as luzes. Saio da sala e tranco a porta. Lucy se aproxima cantarolando. A encaro com um olhar malicioso.
- Você me parece feliz. - eu disse, guardando a chave da sala na bolsa.
- Tenho outro encontro hoje.- ela cochicha, envergonhada.
- Uau! Está com um ar de apaixonada.- comento, a fazendo sorrir. Paramos na frente do elevador.
- Não me apaixono fácil.- Lucy retruca, apertando o botão do térreo.
- É o melhor que você faz.- murmuro, pensativa.
- Estou vendo que o Nicolas está apaixonado por você, que dia sairá o namoro? Um homem gato daquele, não pode deixar escapar. - ela sussurrou, dando risada. Sorrio. A porta se abre e entramos no elevador juntas quando Michael aparece. Reviro os olhos disfarçadamente.
- É... Somos apenas amigos.- respondo baixo.
- O Nicolas não te ver assim. Pelo menos não é o que parece. - Lucy comenta atraindo atenção do Michael que me olha no mesmo instante. Desvio o olhar, e faço sinal para que ela não diga mais nada. Sei muito bem que deve ter sido ele que disse algo ao Oliver sobre a Karen. Fofoqueiro. As portas se abrem, e saímos do elevador sem pressa. Os seguranças da empresa continuam na saída  rodando o prédio.
- Como vai pra casa? - Lucy pergunta tirando a chave do seu carro dentro da bolsa.
- O motorista do Oliver me leva para casa todos os dias.
- Então, avise-o que hoje seu motorista sou eu. Precisamos fofocar, e não se preocupe que te deixo em casa. - ela afirma indo em direção ao estacionamento. Sorrio.
- Vou informa-lo!