Ariella Young
O dia seguinte chegou sem demora. O céu estava favorecendo com minha disposição. Acordei feliz, entusiasmada. Não sei o motivo. Só abrir os olhos e encarei o teto me sentindo bem. O sol está escaldante lá fora me fazendo criar uma vontade absurda de ir para a praia, porém não posso. Não hoje. Ontem a noite cheguei a explicar o ocorrido na empresa para a minha mãe enquanto nadava na piscina com o Nicolas.
Foi um fim de tarde maravilhoso e relaxante. Depois da conversa que ele teve com Camilla percebi que ficou mais leve e aliviado.
Ergo os braços para me espreguiçar. Sento na cama e olho para o lado bocejando. Nicolas acaricia minha perna enquanto me observa carinhosamente. Pensei que estivesse dormindo. Passo a mão no meu cabelo emaranhado.
- Bom dia, homem! - desejo com entusiasmo.
- Você é linda até dormindo.- ele avisa sorrindo. Fico envergonhada.
- Virou Pinóquio agora? - Pergunto com a testa franzida. Nicolas começa a rir e joga uma almofada em mim. Seu celular começa a tocar. Bato em sua cabeça de leve o fazendo parar.
Levanto da cama enquanto o vejo atender a ligação. Estico os braços na frente da varanda recebendo a luz do sol no rosto. Observo as pessoas caminharem pela areia para aproveitar o belo dia na praia. Coisa que não posso fazer no momento. Tenho que trabalhar. Olho para a água. O mar aparenta está cheio, porém calmo. Bocejo. Volto a olhar para o meu quarto assim que o vejo levantar da cama rapidamente.
-Estou indo.- Nicolas avisa encerrando a chamada.
O encaro no mesmo instante.
- O que aconteceu? - Pergunto, preocupada.
- Parece que descobriram sobre o roubo.- Nicolas responde guardando o seu aparelho. Arregalo os olhos.
- Sério? Tão... Rápido... Assim? - Pergunto pausadamente com desconfiança.
- Não gostou? - ele pergunta com a testa franzida sem entender minha reação. Dou um sorriso fraco, e cruzo os braços.
- Não é isso bobo. Só achei estranho. Roubar o escritório do Oliver sabendo que há câmeras em toda parte me parece alguém bem cauteloso, esperto e ágil. Acha que a polícia sabe quem é a pessoa de verdade? - Pergunto, pensativa.
- Não sei, mas preciso ir agora. Vai comigo? - Nicolas pergunta conferindo as horas. Nossa! Ainda são sete horas da manhã. Balanço a cabeça positivamente.
- Sim, vou me arrumar bem rápido. - eu falo indo correndo até o closet.
- Calma! Acho que um café primeiro é melhor, não acha?- ele pergunta, segurando minha mão. Sorrio.
- Tem razão. - respondo fazendo careta. Caminhamos para fora do quarto juntos e descemos a escada encontrando minha mãe e Camilla sentadas no sofá conversando algo que desconheço. As duas notam a nossa presença e olham na nossa direção sorridentes.
- Já estava pensando em acordar vocês, vão trabalhar hoje? - Cris pergunta.
- Sim, mãe. Vamos tomar café primeiro. - respondo, sorrindo.
- Tem bolo de cenoura em cima da mesa. Vão comer.- Camilla avisa com um sorriso adorável assim que olha para Nicolas que entra na cozinha sem jeito. Fico feliz que eles tenham conversado muito ontem. Talvez, as coisas entre os dois possam melhorar.
~*~Saio do elevador arrumada ao lado do Nicolas que decidiu vim com um terno preto. Apreensiva caminho ao seu lado olhando para a recepção.
Lucy se encontra com os braços apoiados no balcão como se estivesse em outra dimensão. Confiro as horas no relógio. Estranho. Ela não costuma chegar tão cedo assim. Olho para o Nicolas disfarçadamente vendo que não fui a única a perceber a fisionomia da Lucy. Paro na frente da porta.
- Bom dia! - eu disse, gentilmente.
- Bom dia, pessoal! - ela deseja com um semblante entristecido. Franzo a testa, mas não digo nada. Entro na minha sala como de costume e ponho a minha bolsa em cima da mesa. Abro a tela do notebook para deixar a página do e-mail aberta. Nicolas entra na sala, em seguida, e se aproxima da mesa.
- Lucy parece triste.- ele comentou preocupado. Assinto.
- É... Percebi isso também. Deve ser os problemas da casa.- respondo a vendo pela janela.
- Pode ligar para Oliver, por favor? Não sei a sala da reunião.- Nicolas pede sorrindo quando a porta do escritório se abre nos assustando.
Breno sai ao lado do Vitor segurando o notebook na mão. Oliver surge logo atrás usando um terno azul escuro. Está impecável. Pela sua fisionomia, está bem sério.
- A reunião será em outra sala.- ele avisa.
- Certo.- Nicolas assente.
- Ariella é importante a sua presença na reunião. Pode nos acompanhar?- Breno pergunta atraindo minha atenção. Fico nervosa. Não entendo o motivo da minha presença.
- É realmente necessário a participação dela? - Nicolas pergunta, confuso parecendo adivinhar meus pensamentos.
- Sim.- Breno responde curto e grosso. Já não gostei desse homem. Que cara chato.
- Pensei que tivesse concordado em tirá-la. - dessa vez, Oliver se mantém a frente com um semblante sério.
Confesso que não me sinto segura. Com certeza, descobriram algo.
Também... Fico com a chave do escritório justo no dia que o dinheiro é roubado. Que azar dos inferno!
- Está bem.- respondo fitando o chão. Todos saem da sala indo na frente.
Suspiro. Meu Deus! Minhas mãos tremem nervosa. Pego a chave sobre a mesa e saio da sala colocando a chave na fechadura. Não consigo trancar. As mãos não param de tremer. Nunca passei por essa situação. Ser acusada de algo que não fiz e sem ter como provar me deixa assustada ou por saber que fiz algo errado e estou com medo de terem descoberto. Paro por um momento. Encaro a fechadura quando alguém coloca a mão sobre a minha.
- Você está tremendo, Ary. Calma. Me dá a chave. - ele fala com um sorriso compreensivo.
- Vão me acusar... Eu sei. - aviso.
- Você não fez nada. Respira, tudo bem?- ele pede enquanto tranca a porta para mim.
- Mesmo assim. Vou ser presa até encontrarem provas que não existem. Eles podem me prender, não podem?- pergunto em um cochicho. Suas mãos seguram o meu rosto.
- Ei! Fica calma. Estarei ao seu lado. - Nicolas me dá um beijo no topo da cabeça e segue em direção a reunião. Concordo. Dou uma olhada para a recepção vendo Lucy me encarar. Não vejo ânimo, sorriso... Seu comportamento mudou comigo.
Por que? O que fiz?
Sigo Nicolas em direção a um corredor encontrando uma porta larga aberta. Todos já estão posicionados em seus lugares.
Escolho sentar em uma cadeira ao lado do Nick para ficar mais confortável. Dou uma olhada rápida na sala. A mesa de vidro é comprida e larga. O ambiente é amplo e confortável. Passo a mão no cabelo quando Munique entra na sala com o nariz empinado me deixando surpresa. Não sabia que participaria da reunião.
A observo ficar ao lado do Breno.
- O que ela faz aqui? - Pergunto baixo me referindo a Munique Cerqueira.
- O Breno a chamou no caso. - Nicolas cochicha. Reviro os olhos.
- Gostaria de deixar ciente que ainda não há uma prova concreta, porém fiz uma lista com os nomes de algumas pessoas que trabalham nesse andar. O Vitor e a Munique pesquisaram um pouco sobre cada um e posso afirmar que tenho algo... Interessante para esclarecer. Ligando os fatos encontrados é possível chegar a uma hipótese. - Breno explica mexendo em seu notebook. Esfrego uma mão na outra embaixo da mesa e olho para Nicolas que pede quase em um sussurro para eu me acalmar. Assinto.
- O que descobriu?- Oliver perguntou, impaciente. É perceptível a sua agonia. Imagino como deve está se sentindo por descobrir desse roubo. Nem sei se o seu pai já sabe. Deve ficar arrasado.
- Primeiramente quero que vejam o vídeo de segurança. - Breno avisa, virando o seu notebook para todos assistirem. Me ajeito na cadeira. Assisto atentamente.
O vídeo inicia com alguns funcionários passando na frente da recepção antes do meio-dia. Outro ângulo mostra Lucy fazendo uma ligação sentada no seu lugar. Solto um suspiro. Não vejo nada. Breno aponta para outra câmera que está dentro da sala na qual eu trabalho. Dá para ver nitidamente o momento que Oliver me entrega a chave indo para a reunião. Não demora muito para que eu entre no escritório. Para a minha surpresa, demoro para sair. O que me deixa cismada. Não fiquei tanto tempo lá dentro. Achei as pastas bem rápido. Saio do escritório segurando as pastas no momento que Moisés aparece. Assino os documentos, entrego tudo e o vejo sair. Depois saio da sala. Falo com Lucy e caminho para o elevador.
Não, não, não... Está errado. Cadê a Mônica? Eu converso com ela antes de ir para o elevador.
Breno adianta mais o vídeo e olho para Oliver e Nicolas que observam a imagem esperando ver algo suspeito.
Logo após alguns minutos apareço novamente voltando do horário do almoço. Franzo a testa.
- O que acharam? - Breno pergunta, virando o notebook na sua direção de novo. Seus olhos observam cada um. Respiro fundo.
- Não vi nada de diferente.- Nicolas comenta sem entender.
- Também não vi nada.- Oliver acrescenta com a mão no queixo.
- Não entendi.- me pronuncio confusa fazendo todos me olharem na mesma hora.
- Ainda não entendeu? - Munique se pronuncia com um tom irônico.
A ignoro.
- A única pessoa que entrou e saiu do escritório foi Ariella. Não há mais ninguém. - Breno explica com os olhos em mim. Fico de boquiaberta.
- O que está insinuando, Detetive? Que roubei o dinheiro? - Pergunto exaltada. Minhas mãos tremem. Nicolas me segura para que eu permaneça no mesmo lugar.
- Não tenho provas para incrimina-la, mas descobrir uma coisa sobre você e vou adorar ouvir a versão dos fatos.- seus olhos encaram os meus.
Engulo em seco.
- Isso não está certo. Não fiz nada... Esse vídeo nem parece ser verdadeiro.- reclamo em um tom elevado.
- Por que não seria verdadeiro?- Vitor pergunta com a testa franzida.
- Não demorei esse tempo todo no escritório e antes de ir para o elevador Lucy e eu falamos com Mônica. A moça que fica na cozinha... Por que ela não aparece no video? Não estão vendo que está cortado? As horas não batem com a realidade. Lucy pode concordar comigo se assistir isso.- exalto-me.
- Isso é sério? Vocês não verificaram se o vídeo foi alterado? Se Ariella está dizendo é...- Nicolas pergunta chocado.
- Pode ser mentira. - Munique rebate.
- Pergunta a Lucy e a Mônica. Não estou mentindo. - digo irritada tentando não avançar nela.
- A única coisa "verdadeira" sobre você é o seu nome.- ela fala ao se encostar na cadeira de braços cruzados. Levanto-me desnorteada. Caramba! Não, não... Agora entendo. Eles descobriram sobre o trabalho com a Karen. Me ferrei.
Nicolas pisca olho.
- O que isso significa?- Oliver pergunta perplexo.
- Explica Breno. - pede Munique sorrindo.
- Bem, tentarei resumir. Ariella entrou nessa empresa somente para conquistar sua confiança, Oliver. Não era os planos dela conseguir um emprego de secretária por precisão ou para aprimorar os seus conhecimentos na área. Sabe qual foi o objetivo? Fazer você se apaixonar por ela. Feito isso, a única conclusão que chego é: Por que conquistá-lo? Por que fazer você se apaixonar? Isso é óbvio... Porque através do amor ela conseguiria a sua confiança. Seria fácil rouba-lo, não?- Breno explicou atraindo atenção de todos que estão abismados. Como ele descobriu isso? No caso, apenas soube disso e não soube o final? Que era uma vingança da própria Karen.
- Por qual motivo Ariella faria algo assim? Não, não existe e não há outra hipótese há não ser associar a entrada dela a empresa com o roubo. - Munique acrescenta jogando a caneta de leve na mesa.
- Para ser mais direto sobre essa informação, a história toda é verídica. No meio da nossa investigação recebi um papel embaixo da porta do meu apartamento revelando isso tudo. Não sabemos o autor disso e porquê o fez. Mas essa pessoa queria te prejudicar, Ariella. Pois nos forneceu essa informação.- Breno explica me deixando sem ar. Dou um passo para trás extremamente pasma. Não queria que ninguém descobrisse dessa forma. Deveria ter contado desdo princípio, mas não fui capaz de fazer isso. Não consegui. Não tive coragem.
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Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO)
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME Obra registrada na Biblioteca Nacional. 'Entre Vinhos e Palcos', a vida de Ariella Young, uma atriz dedicada, desenha um dilema cativante. Enfrentando dificuldades financeiras, ela recebe uma pr...