~ CAPÍTULO 2 ~

104 21 0
                                    

Oliver Walker

Nunca me atrasei tanto para ir a uma reunião como hoje. Sair de casa às pressas para não atrasar ainda mais. Pensei que acordaria com o despertador já que fui dormir muito tarde ontem resolvendo algumas coisas da empresa que no fim não resolvi porra nenhuma. Nessa reunião haverá empresas do exterior para firmar uma parceria com a minha. Preciso chegar no horário o que não vai mais acontecer... Minha intenção era causar uma boa impressão para ter parcerias confiáveis, mas não deu certo.
~*~
Estou a caminho da empresa extremamente estressado. Meu celular começa a tocar pela quinta vez o que eleva o meu nível de impaciência transbordar. Não gosto de ser pressionado por ninguém. Nem mesmo pelo meu pai. Atendo a chamada de imediato já sabendo quem é.

Ligação ON
- Quer parar de me ligar? - Pergunto exaltado.
- Senhor... Eles estão no seu aguardo na sala de reunião. Não sei mais o que falar.- Michael confessa preocupado, ele é supervisor da empresa, alem de ser o meu braço direito em tudo o que me envolve.
- Inventa alguma desculpa, qualquer coisa... Estou a caminho. Só não fique
me ligando, porque estou dirigindo. Caso eu não chegue a tempo peça para meu pai assumir.
- Mas... - Michael tenta dizer algo no momento que meu celular se desequilibra da minha mão. Porra!
Com a mão direita tento alcança-lo, mas não consigo vê-lo. Em um segundo tento olhar na direção do meu celular para pega-lo e sinto meus dedos tocarem no aparelho. Finalmente! Volto a olhar para frente rapidamente quando me deparo com uma mulher que atravessa a rua no exato do momento que estou passando. Não! Tento frear o carro bruscamente, mas não é o suficiente para não atingi-la.
O carro bate na moça a jogando no chão. Entro em desespero.
- Caralho! - rosno sem acreditar no que acabou de acontecer. Com o celular na mão, disco o número da ambulância enquanto desligo o carro.
Essa mulher é louca? Se tivesse olhado para os dois lados não atravessaria a rua, porque teria avistado o meu carro se aproximando. Sim, também errei por não ter ficado atento e com a concentração recomendada no volante, mas... Que porra! Saio do carro nervoso. Aviso o endereço do acidente para a emergência e guardo meu celular no bolso.
Não estou acreditando que atropelei alguém. Fico paralisado ao ver o corpo da mulher no chão. Ela não reage. Será que a matei? Puta merda! Isso não pode acontecer.
Tento assimilar o acidente. Passo a mão no rosto assustado. Várias pessoas correm na direção da moça que continua estirada no chão.
"Acabei de atropelar uma mulher, isso não está acontecendo comigo" penso.

~*~

Assim que chego no hospital pego meu celular para saber se o Jeff - um dos meus seguranças - conseguiu comprar o celular dela, enquanto me aproximo da recepção. Preciso confirmar se ela está nesse hospital que pedi que trouxessem. Descrevo suas características e o acidente ocorrido. Logo um médico se aproxima e avisa que é responsável por cuidar dela. Me apresento educadamente e explico como tudo aconteceu já que é do seu interesse saber a gravidade do acidente. Peço para que faça tudo o que for preciso e já deixo pago todos os gastos que ela terá. Me apresso a pergunta também se ela vai precisar de remédios. Logo peço para que o Jeff compre para mim, enquanto está na rua. O peso do meu erro me atinge, mesmo sabendo também que ela errou. Deveríamos ter tido atenção.
- Chefe. - ouço a voz do Jeff atrás de mim, depois de alguns minutos a sua espera.
- Viu a mensagem que mandei sobre os remédios?- indago por ele ter chegado rápido demais.
- Sim, e já comprei. Tem uma farmácia aqui ao lado. - ele avisa.
- Comprou o celular com lançamento mais novo?- pergunto pegando a sacola da sua mão.
- Sim, aproveitei e coloquei o aparelho antigo dela dentro da sacola também.- ele explica.
- Okay! - assinto, voltando a minha atenção para o médico. Me permito em saber sobre o joelho dela, já que era a única coisa que a moça se queixava de dor. Ele explica que teve deslocamento e que ela seguirá com a perna engessada até recuperá-lo.
Fico aliviado por saber que ela ficará bem. Faço menção de entregar a sacola do celular junto com os remédios quando percebo uma mulher desesperada passar por mim. Suas características chamam a minha atenção.
Ela para na recepção com os olhos lacrimejados. Parece aflita e preocupada.
- Bom dia! Por favor, minha filha sofreu um acidente. Uma paramédica me informou e... Quero saber se está bem... Se está viva ou... - seu tom é desesperador.
- Como sua filha se chama senhora?- a recepcionista pergunta checando no sistema.
- Ariella Young.- ela responde nervosa. Franzo o cenho. Sua beleza é semelhante ao da mulher que atropelei. Será que... É a irmã, tia ou mãe da moça que atropelei? Me despeço do médico que segue para o corredor e me aproximo aos poucos, enquanto observo o seu rosto.
É uma mulher de cabelos longos com uma franja sobre a testa. Paro ao seu lado a fazendo olhar para mim.
- Bom dia! Posso falar com a senhora um minuto? - Pergunto ainda com dúvida.
- O senhor é o médico da minha filha?- ela pergunta com os olhos marejados.
- Não sou médico... Na verdade, não sei se a nossa situação se refere a mesma pessoa. - comento com um ar duvidoso.
- Minha filha é essa. - a moça ergue o seu aparelho para mostrar a foto da tela de bloqueio do seu celular, abraçada com a moça que eu realmente atropelei. Sim, estamos falando da mesma pessoa.
- Foi ela mesmo. - aviso, nervoso.
- Como a conhece? - ela pergunta desconfiada. Enfio as mãos no bolso da calça e demoro um pouco de respondê-la.
- Sou o responsável pelo acidente. Atropelei a sua... Filha.- Falo na incerteza sem saber se estou falando com a mãe dela.
- Você é a pessoa que atropelou?- Ela pergunta, perplexa. Assinto. 
- Me desculpa. Não queria que isso tivesse acontecido. Tentei frear a tempo para não atingi-la, mas não consegui. Mas não se preocupe... Ela está bem. Já me encarreguei de tudo, não precisa pagar nada, nem com os exames e remédios. - explico entregando as sacolas a deixando surpresa.
- Tu-tudo bem, sei que não foi sua intenção. Mas graças a Deus ela esta bem. Obrigada, belo gesto meu rapaz, que Deus te abençoe, muito obrigada!-
Ela agradece ainda com uma feição triste por saber que a filha se acidentou, porém ao mesmo tempo aliviada por saber que são boas as notícias. Não sou um cara que aceito sair como o errado de alguma situação. Como também tenho dificuldade em pedir desculpas. Reconheço isso. Só que hoje foi diferente, simplesmente me desculpei como se fosse um costume meu que não é. Não me importo. Ser bondoso, pelo menos uma vez na vida não mata ninguém. Desvio meu olhar do seu e peço para que mande uma mensagem para a sua filha referente ao celular. É notório que são pessoas humildes. A moça da recepção informa que preciso assinar um documento como o responsável por todos os custos da moça... E assim o faço. Assino bem rápido  e dou-lhe as costas sem dizer mais nada. Sigo meu caminho quando a ouço se despedir citando meu sobrenome.
Olho por cima do ombro.
- Obrigada, Walker. Muito obrigada.- ela fala abrindo um sorriso fraco com o papel na mão que assinei. Por isso sabe o meu nome. Sem perceber dou um sorriso de canto e assinto com um olhar compreensivo antes de me afastar para o estacionamento sem olhar para trás.

Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO) Onde histórias criam vida. Descubra agora