~ CAPÍTULO 16 ~

54 12 0
                                    

Ariella Young

Acordo com alguém tocando em meus cabelos com delicadeza. Sinto minha cabeça latejar, minhas vistas pesarem devido a falta de sono que tive ontem que não consigo abrir os olhos. Passei quase a madrugada inteira com insônia pensando sobre a minha vida.
Bocejo esticando os braços. Abro os olhos aos poucos. Mesmo estando com as cortinas fechadas o que dificulta a entrada dos raios solares consigo ver um homem sentado ao meu lado.
Levanto da cama as pressas, quase caindo. Solto um grito.
- Socorro! - tento correr quando sou impedida.
- Sou eu, Ary.- Nicolas fala dando risada assim que me segura na sua frente. Solto a respiração.
Bato em seu peito de leve.
- Que susto. Não esperava vê-lo aqui.- comento envergonhada por esta de pijama na sua frente com os cabelos desgrenhados e o rosto inchado devido o sono.
- Ainda pergunta? - ele me olha. Franzo a testa. Não entendo essa visita repentina. Não esperava encontra-lo na minha casa pela segunda vez.
- Preciso saber o motivo da sua visita. Fico até curiosa. - eu disse, deitando na cama de volta.
- Vou leva-la para a empresa. - Nicolas responde, sentando na cama ao meu lado.
- Já que vou de carro, posso dormir mais um pouquinho não é? - pergunto, voltando a cobrir meu corpo com o cobertor.
- Preciso comunica-la que está atrasada.- Nicolas avisa olhando para o seu relógio de pulso. Arregalo os olhos.
- Ah não... Merda, merda. Oliver vai me matar. - resmungo. Dou um pulo na cama. Corro em direção ao meu guarda-roupa e escolho um look bem social.
Não é possível que me atrasei. Sabia que poderia acontecer. Não conseguir dormir direito.
- Não acredito nisso.- falo preocupada.
- O que aconteceu? Não ouviu o alarme tocar? - ele pergunta ao me ver desesperada.
- Nem dormir. - confesso, correndo para dentro do banheiro com a roupa em cima do ombro.
- Estarei na sala esperando.- Nicolas fala saindo do quarto aos risos.
- Desço em trinta minutos.- grito de volta assim que ligo o chuveiro.

~*~

Olho novamente para o relógio no meu pulso e ando de um lado para o outro dentro do elevador nervosa. Estou usando um vestido branco, justo no corpo acima do joelho bem arrumado. Coloquei um óculos de grau com armação preta no rosto para da uma aparência de intelectual, e deixei meus cabelos soltos. Solto um suspiro por esta nervosa. Estalo os dedos o tempo inteiro. Parece que o vigésimo andar não chega nunca.
- Desse jeito você vai acabar criando um buraco entre nós de tanto andar. - Nicolas brinca me deixando mais nervosa. Reviro os olhos.
- Estou atrasada, Nick. Você sabe como o Sr. Oliver é com atrasos. - eu disse, apreensiva.
- Mantenha calma, Ary. Ele não irá demiti-la por isso.- Nicolas aconselha.
- Está falando sério? - paro de andar voltando a encara-lo.
- Na verdade não. - ele solta uma risada.
- Ah Nick! Não esta me ajudando assim.- reclamo. A porta do elevador se abre no vigésimo andar. Meu estômago se aperta. Saímos juntos quando seus braços me envolvem em um gesto de conforto.
- Calma, não precisa ficar assim. - Nicolas tenta passar tranquilidade no momento em que Oliver surge do corredor com um rapaz ao seu lado. Me afasto rapidamente do Nick... Não quero que o arrogante pense nada a respeito da minha aproximação com o homem que aparenta não gostar. Porque bem provável pensar que cheguei atrasada por esta dormindo com ele.
Ainda bem, que ele não viu esse abraço. Não quero que pense que estou tendo algo com o Nicolas. Preciso por o plano em prática. Dar em cima de outro cara na sua frente não vai me ajudar a conquista-lo. Pelo canto do olho o vejo entrar na sala para ir ao seu escritório.
- Por que me soltou quando Oliver apareceu? - Nick pergunta surpreso o que me deixa sem jeito.
- Ele é meu chefe. O que você queria que eu fizesse? - Respondo como se fosse óbvio.
- Não vejo problema nisso. É um abraço. - Nicolas retruca desconfiado.
- Que pode aparecer... Um namoro, talvez? - indago.
- É uma forma de carinho, Ary.  Cumprimentar os amigos... Alguém especial. Todos se tratam assim aqui. - ele explica, olhando para mim. Respiro pausadamente.
- Só fiquei com medo de ser demitida. Não é nada contra você. - explico, vendo um sorriso brotar dos teus lábios o que me deixa aliviada por não vê-lo chateado.
- Okay. Preciso falar com a Lucy. Tenha um bom trabalho. - ele avisa, indo em direção a recepção. Aceno com a mão, enquanto caminho até a minha sala para mais um dia de trabalho.
Coloco minha bolsa em cima da mesa, ligo o notebook, ajeito alguns papéis dentro da pasta e por fim, sento na cadeira no momento que a porta do escritório se abre. Oliver aparece com um envelope na mão.
- Bom dia, Sr. Oliver. - eu disse por educação e também com intuito de saber se vai me responder.
- Bom dia! Coloque esse envelope na sua gaveta e entregue para Lucy depois. Ah, quero um café.- ele avisa voltando para seu escritório. Fico surpresa por não ter recebido nenhum reclamação referente ao atraso. Sorrio.
Levanto da cadeira satisfeita e sigo para a cozinha que tem no mesmo andar. Passo por alguns funcionários até chegar ao local. Falo com Mônica alegremente que me recebe com um abraço carinhoso. Com a sua ajuda preparo o café do meu chefe. 
Enquanto isso conversamos bem pouco já que o tempo aqui é nosso inimigo. Logo retorno para a sala com a xícara na mão.
Abro a porta do escritório devagar o encontrando sentado na cadeira falando ao telefone.
- Está bem, pode encaminhar Vick... Sim... Concordo. - Oliver fala com os olhos fixos no café assim que coloco sobre a mesa. Não demora muito para encerrar a ligação. Fico imóvel a espera de alguma ordem sua ou até mesmo um "obrigado".
- Vai ficar parada me olhando?- ele pergunta ao perceber que estou no mesmo lugar. Pega a xícara e eleva até a sua boca... Minha nossa, que boca mais... Para, Ariella!
- Talvez aguardando o seu obrigado. - comento com um sorriso.
- Não me cobre a forma como devo falar ou agir. - ele retruca sem ao menos me olhar.
- Meu Deus! É apenas um obrigado. Não morrerá por isso. - eu disse, dando de ombros.
- Pensei que tinha se acostumado com meu jeito. - Oliver responde com desdém.
- No fundo sempre tem aquela falsa esperança. - explico dando de ombros. Seus olhos me fitam.
- Pode se retirar, Ariella. - Oliver ordena pondo-se em pé tocando na sua gravata. Assinto.
 - Você nem está ouvindo o que estou falando.- retruco, inconformada.
- Isso! Não quero ouvir essas besteiras. Se retire.- ele ergue a mão na direção da porta. Suspiro profundamente.
- Certo! - é tudo o que digo.
Ando para fora do escritório e fecho a porta chateada. Olho para a minha mesa vendo que preciso resolver umas coisas. Passo a mão no rosto frustada. Encaro o chão por um momento. Me sinto uma pessoa ruim... Não deveria me envolver no que ele fala ou faz. Não deveria me importar. Não foi pra isso que eu vim. Só os seus sentimentos que é o foco. Viver com Oliver não é fácil e conquistar seu coração de pedra é pior ainda. Não tenho chances de conseguir. Talvez, desistir nessa altura do jogo é o melhor a se fazer. Dou uma olhada para recepção no momento que Lucy me chama. Abro um sorriso amigável e caminho ao seu encontro saindo da minha sala.
- Bom dia, Ariella. - ela deseja assim que me cumprimenta com um abraço.
- Oi, Lucy! -  a cumprimento.
- Nunca tivemos oportunidade de conversar. Nossas vidas são uma correria. - Lucy comenta me fazendo rir. Vou desfazendo o sorriso aos poucos quando me pego pensando em Oliver. Como uma pessoa pode ser tão arrogante? Por que mudar por completo desse jeito? O próprio Nicolas me disse que ele não era assim.
- Verdade. - respondo depois de alguns minutos completamente desligada na conversa.
- Está tudo bem? - Ela pergunta me observando. Assinto.
- Esta sim! Desculpa, estou um pouco distraída.
- Já percebeu que com você está sendo diferente?- ela pergunta pensativa.
- Como assim diferente? - Pergunto, curiosa.
- A maneira como o Sr. Oliver vem agindo desdo dia que você chegou na empresa.- Lucy responde, sorrindo.
- Não entendo ainda. - murmuro.
- Digamos que você é a primeira pessoa da empresa a entrar no veículo dele. Conseguiu perceber quando falo da diferença?- ela franze a testa ao citar o exemplo e deixa uma risada escapar. Fico de boquiaberta. Quer dizer que meu plano está funcionando? Estou conseguindo conquista-lo? Pelo que parece acho que sim. Nenhuma outra mulher entrou no carro dele?
- Nossa! Como sabe que já entrei no carro dele? - pergunto, perplexa.
- Ah, as funcionárias daqui que são apaixonadas por ele já espalharam.  Falaram também que até para a França ele te levou. Fique ciente que eu que fiz seu agendamento, mas não contei a ninguém... Com certeza, alguém daqui estava no evento também. - Lucy acrescenta dando risada.
- Sou a secretária. Preciso acompanhá-lo... Tanto em eventos, no carro... Na casa. - Justifico discordando da sua opinião.
- Na casa? Ele a levou para a casa dele? - Lucy tampa a boca com as mãos.
- Ele nunca fez isso? - fico chocada.
- Não mesmo. - ela rir surpreendida, continuando. - A última que trabalhou aqui nunca o acompanhou nas viagens de trabalho e nem mesmo chegou a pisar na mansão dele.- ela explica com um sorriso malicioso. Reviro os olhos.
- Não faça essa cara. Ele me trata com frieza, ignorância... Então, não. Não age diferente comigo.- eu disse, sorrindo.
-  Você não tem ideia de como era a relação dele com a última secretária que trabalhou aqui.- ela cochicha para ninguém ouvir. Me aproximo mais da recepção, e a encaro.
- Por que ela foi embora? - pergunto, curiosa. Preciso está informada.
- Todo dia era uma briga. Só que uma briga bem feia a ponto dela ameaça-lo. A gota final foi quando em uma discussão ela tentou agredi-lo, pense? Eu quase levei um tapa na cara por tentar apartar. Entrei no meio para que ela não desferisse um tapa no rosto dele e eu que quase apanhei. - Lucy conta me deixando chocada.
- Meu Deus! Pensei que fosse a única a enfrenta-lo - Murmuro.
- Com classe, é sim. A outra era problemática. - Lucy me faz rir. E prossegue. - Foram uns dias bem complicados, e preciso te contar que as mulheres que trabalham nesse andar algumas são fofoqueiras e já estão comentando que você está de caso com o chefe. Por isso que fico sabendo das coisas. Mas não ligue não, isso é inveja... Porque elas queriam estar no seu lugar.
- Ninguém merece. Sério isso? - pergunto revirando os olhos.
- Elas queriam ter a sorte que você tem. De trabalhar lado a lado do Oliver.- O telefone da minha sala começa a tocar atrapalhando nossa conversa. Faço careta.
- O dever me chama. - aviso dando risada.
- Foi bom conversar com você. - Lucy acena.
- Oportunidades não irão faltar. - Digo entrando na minha sala novamente e aceno de volta fechando a porta.

Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO) Onde histórias criam vida. Descubra agora