Seu jeito me impressiona, cada dia mais ele mostra algo diferente, diferente de seu apelido e com isso minha curiosidade sobre quem ele é, o que quer da vida, e o que tem no coração só aumenta. É tudo muito confuso para mim, ele é um mistério. É difícil eu aceitar a ideia de que esse criminoso, o cara que me sequestrou seja assim, tão agradável. Pior ainda, eu tenha beijado, abraçado, sentindo enfim, vontade de fazer... Deixa pra lá. Karine iria ficar louca com uma historia dessa.
— Obrigada pelo elogio! Você também tem um sorriso legal, deveria sorrir mais - falo sem graça.
— Legal? Você só acha meu sorriso legal, vamos lá, você pode melhorar esse elogio - gargalha.
— Deveria ter apenas agradecido, evitaria esse tipo de cobrança. - agora foi minha vez de gargalhar.
Depois dessa conversa mais descontraida, parece que quebramos um iceberg que existia em nós, na verdade, depois de todo que tivemos hoje, formou um elo. Estávamos juntos nessa. Ele me convenceu de que me sequestrar não era o que ele queria ter feito, nao estava feliz em estar nessa situação e ele entendeu que eu precisava dele nesse momento, para contornar toda a saudade que sentia da minha família, das minhas coisas, da minha vida.
Passamos uma boa parte do nosso tempo conversando, falando sobre nossas vidas, tudo que já fizemos ou pensamos. E saber tudo que ele já teve que passar me deixou tao aflita e surpresa. Esse choque de realidade me deixou ciente que fora do meu mundinho cor de rosa tem muitos "Killer's" por aí, que tenha história igual ou pior que a dele. Que barra!
Ele prepara um jantar maravilhoso, simples, porém extremamente saboroso.
— Killer? - solto o garfo.
— Vamos combinar uma coisa? - ele interrompe sua garfada. - com você eu sou o Daniel, quando você me chama por esse apelido me faz lembrar quem eu sou e porque estamos aqui.
— Tudo bem Daniel!!!. - ironizo para quebrar o clima. - Então, deixa eu te perguntar algo?
— Claro! Sempre! - acena com a cabeça.
— Você nunca pensou em romper com o seu pai, juntar uma grana e sair do Brasil, fazer outra coisa? - pergunto desconfiada, com medo da resposta.
— Eu não quero te decepcionar... Mas, por mais que não tenha ficado feliz em participar desse sequestro eu me acostumei com essa vida, tem certas coisas que eu até gosto. Sabe? Ser temido, ter um certo poder na minha quebrada. Toda aquela historia que te contei de odiar tudo isso quando eu era criança, foi por aguentar tudo sem ter força pra enfrentar o meu pai e hoje eu consigo isso. Já me convenci que essa é minha vida e eu sou bandido - seus olhos se entristecem, percebo.
— Fico triste em ouvir isso. Mas desculpa? Eu nao acredito que tenha sido convencido de ser assim, seus olhos não concordam com o que a sua boca diz. Você apenas não tem coragem, sua pose de forte, esconde que na verdade você tem medo de ser feliz e ter uma vida "normal". - falo com carinho, gesticulando mais que o normal.
— Camilla eu... eu acredito que possa ser isso, mas quando digo que o poder me faz bem é porque realmente faz - suas expressões são sérias.
— Tudo bem Ki - Daniel, o que importa é que você conseguiu ter consciência que poderia ter uma vida diferente, quem sabe um dia isso ganhe da vontade de ter poder.
— É. Quem sabe?

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Sequestro
RomancePlagio é crime! Os direitos são reservados. Essa obra já foi registrada. Meu nome é Daniel. Eu fui criado para ser bandido, sou filho do pior deles, todo medo que um dia eu senti na vida se transformou em ódio, eu faço parte de todos os crimes, só...