Meu primeiro dia livre aqui em Cancún resumi-se em correr atrás de um lar familiar para mime para a Laurinha. E vou dizer! Está dando muito trabalho! Entrei em contatos com vários corretores e nenhuma casa era confortável e dentro do valor que estava disposto a pagar. A Laura gostava de tudo e de todas as casas, por ela eu já teria comprado todas, mas queria algo simples e aconchegante, não posso gastar muito dinheiro nisso, preciso controlar os gastos para investir em algum negócio que ainda não sei o que é.
Depois de muito rodar volto para o hotel afim de ir para o bar do hotel e tentar fazer algum contato. Um dos corretores me alertou a respeito dos empresários do mundo inteiro que quando chegam aqui, mesmo nesse lugar de puro lazer, não conseguem não falar de trabalho e em investimentos. E um bar de hotel é um ótimo lugar para encontrar muitos deles. Me arrumo, coloco um bom terno que já havia comprado para esse tipo de coisa e desço com a ideia de conseguir algo muito bom, de ter alguma ideia para fazer um grande negócio.
Chego no bar eu dou uma olhada panorâmica e vejo que realmente tem muitas pessoas ali que tem cara de homens bem sucedidos; na hora me vem na cabeça o que meu pai faria, com certeza se aproximaria de um deles para conseguir arrancar alguma grana, com a lábia que ele tem, ele consegue muita coisa nesses tipos de situações. E o meu antigo eu, achava isso muito emocionante.
A garçonete me mostra uma mesa que ao meu pedido fica bem próximo do balcão do bar. Peço uma bebida e de lá continuo a observar cada um ali. Até que aparece um senhor de idade e ele pede um xote de conhaque e não parece muito bem, suas mãos tremem demais e sua face é cansada e sofrida. Meu pedido chega e fico saboreando meu copo de sangria até que então sinto um peso em cima de mim. O senhor do bar passa mal e cai no meu colo. Alarmo as pessoas da bar, pedindo ajuda para levantá-lo e assim que alguém me auxilia, eu ligo para a emergência e vou junto com ele ao hospital.
Depois de socorrido o médico me diz que ele sofreu um principio de derrame e que por sorte não aconteceu algo pior, por mais que eu não o conheça, me alegro com a notícia. Que bom que deu tudo certo. Entro no quarto e inicio uma conversa com ele. Me apresento e logo em seguida ele diz que o seu nome é Mauro Cantella e que está muito grato por eu ter lhe ajudado.
- Quer que eu ligue para alguém? Algum familiar? - falo baixo para não incomodar.
- Não tem ninguém para que você possa ligar. Obrigada de novo meu jovem, pode ir descansar. Obrigada por me ajudar. - seu olhar é triste e sua fala sai como um sussurro.
- Eu vou ficar aqui até o senhor ter alta, eu descanso por aqui mesmo. - faço isso de bom coração, sinto pena de uma pessoa sozinha, talvez por me sentir assim também em alguns momentos.
- Muito obrigada por isso! Você é um bom homem! - mau sabe ele o que eu era.
Saio do quarto e faço uma ligação. Havia deixado a Laurinha na casa de uma amiga que tinha em Cancún, conheci ela na época de escola e era a unica pessoa que eu confiava para contar todos os problemas que eu passava em casa com o meu pai e tudo que eu era obrigado a fazer para não apanhar dele todos os dias. Depois de terminamos o ensino médio ela se mudou para cá com os pais. Fiquei muito feliz em revê-la e já que ela tem uma filhinha também, achei maravilhoso a Laurinha ter alguém para brincar, mesmo sendo uma criança mais nova que ela. Ela aceita passar a noite lá e fico mais tranquilo em continuar aqui com o Mauro, mesmo tendo tanta coisa que precisava resolver, um dia a mais ou um dia a menos, não vai me matar.
Durante a noite sentado numa poltrona de hospital me lembro da Milla, me lembro dos momentos que estava em um sofá velando seu sono e a lembrança do seu sorriso me faz sorrir. Ela estaria orgulhosa desse momento, estaria orgulhosa de mim, por pequenas atitudes como essa.
Ao amanhecer vejo que o sr. Mauro já estava acordado e se alimentava, levanto peço licença e me retiro para ir ao banheiro lavar o rosto e depois tomar um café. Quando volto ao quarto ele já está sendo atendido pelo médico que me diz que de tarde ele já teria alta. Me informo com ele a respeito do pagamento do atendimento e ele dá risada da minha cara.
- Acho que você não sabe onde está, certo? - ele fala olhando para o senhor Mauro.
- Então meu jovem, você não precisa pagar nada aqui. - ele me encara seriamente.
- Não. Por favor, eu faço questão. - digo me aproximando do adoentado.
- Eu sou o dono desse hospital, desse e demais cinco aqui no México. Sou Brasileiro, consegui ter sucesso profissional, contrato brasileiros que vêm aqui tentar a vida e não tenho família por ter me dedicado somente a isso. Então, não precisa se preocupar. Você não precisa pagar nada para mim e eu que lhe devo muito.
E então, me inspiro com a história dele e já sei com quem me aconselhar para conseguir algo assim.

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Sequestro
RomancePlagio é crime! Os direitos são reservados. Essa obra já foi registrada. Meu nome é Daniel. Eu fui criado para ser bandido, sou filho do pior deles, todo medo que um dia eu senti na vida se transformou em ódio, eu faço parte de todos os crimes, só...