Daniel

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Meu primeiro dia livre aqui em Cancún resumi-se em correr atrás de um lar familiar para mime para a Laurinha. E vou dizer! Está dando muito trabalho! Entrei em contatos com vários corretores e nenhuma casa era confortável e dentro do valor que estava disposto a pagar. A Laura gostava de tudo e de todas as casas, por ela eu já teria comprado todas, mas queria algo simples e aconchegante, não posso gastar muito dinheiro nisso, preciso controlar os gastos para investir em algum negócio que ainda não sei o que é.

Depois de muito rodar volto para o hotel afim de ir para o bar do hotel e tentar fazer algum contato. Um dos corretores me alertou a respeito dos empresários do mundo inteiro que quando chegam aqui, mesmo nesse lugar de puro lazer, não conseguem não falar de trabalho e em investimentos. E um bar de hotel é um ótimo lugar para encontrar muitos deles. Me arrumo, coloco um bom terno que já havia comprado para esse tipo de coisa e desço com a ideia de conseguir algo muito bom, de ter  alguma ideia para fazer um grande negócio.

Chego no bar eu dou uma olhada panorâmica e vejo que realmente tem muitas pessoas ali que tem cara de homens bem sucedidos; na hora me vem na cabeça o que meu pai faria, com certeza se aproximaria de um deles para conseguir arrancar alguma grana, com a lábia que ele tem, ele consegue muita coisa nesses tipos de situações. E o meu antigo eu, achava isso muito emocionante. 

A garçonete me mostra uma mesa que ao meu pedido fica bem próximo do balcão do bar. Peço uma bebida e de lá continuo a observar cada um ali. Até que aparece um senhor de idade e ele pede um xote de conhaque e não parece muito bem, suas mãos tremem demais e sua face é cansada e sofrida. Meu pedido chega e fico saboreando meu copo de sangria até que então sinto um peso em cima de mim. O senhor do bar passa mal e cai no meu colo. Alarmo as pessoas da bar, pedindo ajuda para levantá-lo e assim que alguém me auxilia, eu ligo para a emergência e vou junto com ele ao hospital.

Depois de socorrido o médico me diz que ele sofreu um principio de derrame e que por sorte não aconteceu algo pior, por mais que eu não o conheça, me alegro com a notícia. Que bom que deu tudo certo. Entro no quarto e inicio uma conversa com ele. Me apresento e logo em seguida ele diz que o seu nome é Mauro Cantella e que está muito grato por eu ter lhe ajudado.

- Quer que eu ligue para alguém? Algum familiar? - falo baixo para não incomodar.

- Não tem ninguém para que você possa ligar. Obrigada de novo meu jovem, pode ir descansar. Obrigada por me ajudar. - seu olhar é triste e sua fala sai como um sussurro.

- Eu vou ficar aqui até o senhor ter alta, eu descanso por aqui mesmo. - faço isso de bom coração, sinto pena de uma pessoa sozinha, talvez por me sentir assim também em alguns momentos.

- Muito obrigada por isso! Você é um bom homem! - mau sabe ele o que eu era.

Saio do quarto e faço uma ligação. Havia deixado a Laurinha na casa de uma amiga que tinha em Cancún, conheci ela na época de escola e era a unica pessoa que eu confiava para contar todos os problemas que eu passava em casa com o meu pai e tudo que eu era obrigado a fazer para não apanhar dele todos os dias. Depois de terminamos o ensino médio ela se mudou para cá com os pais. Fiquei muito feliz em revê-la e já que ela tem uma filhinha também, achei maravilhoso a Laurinha ter alguém para brincar, mesmo sendo uma criança mais nova que ela. Ela aceita passar a noite lá e fico mais tranquilo em continuar aqui com o Mauro, mesmo tendo tanta coisa que precisava resolver, um dia a mais ou um dia a menos, não vai me matar.

Durante a noite sentado numa poltrona de hospital me lembro da Milla, me lembro dos momentos que estava em um sofá velando seu sono e a lembrança do seu sorriso me faz sorrir. Ela estaria orgulhosa desse momento, estaria orgulhosa de mim, por pequenas atitudes como essa. 

Ao amanhecer vejo que o sr. Mauro já estava acordado e se alimentava, levanto peço licença e me retiro para ir ao banheiro lavar o rosto e depois tomar um café. Quando volto ao quarto ele já está sendo atendido pelo médico que me diz que de tarde ele já teria alta. Me informo com ele a respeito do pagamento do atendimento  e ele dá risada da minha cara.

- Acho que você não sabe onde está, certo? - ele fala olhando para o senhor Mauro.

- Então meu jovem, você não precisa pagar nada aqui. - ele me encara seriamente.

- Não. Por favor, eu faço questão. - digo me aproximando do adoentado.

- Eu sou o dono desse hospital, desse e demais cinco aqui no México. Sou Brasileiro, consegui ter sucesso  profissional, contrato brasileiros que vêm aqui tentar a vida e não tenho família por ter me dedicado somente a isso.  Então, não precisa se preocupar. Você não precisa pagar nada para mim e eu que lhe devo muito.

E então, me inspiro com a história dele e já sei com quem me aconselhar para conseguir algo assim.



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