Daniel

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Vê-la tentando me convencer de que eu poderia mudar a minha vida, de uma certa forma, me deixa feliz, ela parece se importar comigo. Mas eu não posso me iludir com momentos como esses, em que parece que somos muito amigos ou em estarmos criando uma ligação. Por mais que eu queira, eu tenho que aceitar que o que vivemos ou o que viveremos será bem diferente. 

Como eu queria ter forças para lutar por ela. Espera ai, porque estou pensando nisso? Não posso estar amando, ela não é pra mim. Eu gosto de ser quem eu sou, eu não quero que ela mude minha forma de viver. Meu Deus! O que está acontecendo com os meus sentimentos, é inadmissível eu desejar algo assim. 

Em mais um dia de sequestro, nos aproximando da segunda eu fico aqui em um misto de tristeza e felicidade, quero muito vê-la feliz e eu sei que isso não será possível aqui. Mas em pensar que logo ela estará longe de mim, meu coração se quebra de uma forma, que eu jamais pensei que fosse possível acontecer comigo. Ela mudou algo em mim, ela realmente me fez querer algo mais, querer coisas boas. O problema é que eu infelizmente, não sei como seria possível eu fazer algo diferente da minha vida, não é tão fácil. Eu não aguento mais essa confusão na minha mente.

- Daniel!!! Você está bem? Estou falando com você! - ela estrala os dedos em minha frente e me desperta dos meus pensamentos confusos. - Parece estranho!

- Desculpa? O que disse? Não ouvi o que você falou! - coço a cabeça sem entender como desliguei dessa forma. 

- Percebi! - ela ri lindamente - Eu estava aqui dizendo que talvez eu possa te ajudar quando sair daqui, sei lá, não preciso dizer que você foi meu sequestrador, eu adoraria que você tivesse um outro trabalho. 

- Camilla, já disse tudo que penso a respeito, eu não quero mais falar disso - falo sério - Já imaginou como seria se eu me aproximasse da sua família ou de qualquer coisa ligada à você? Como eu conseguiria sair disso, tendo o pai que eu tenho, e se ele descobrisse que você me ajudou, ele provavelmente não nos deixaria em paz. Acho melhor você se convencer de uma vez por todas, que meu lugar é aqui. 

- Tá. Tudo bem! Viva sua vida de merda, continue nos seus crimes. A gente poderia bolar algo que não acontecesse nada com ninguém - a encaro com uma expressão séria para que ela pare de insistir - Não está mais aqui quem falou.

- Posso te dizer uma coisa, na verdade, confessar algo? - me aproximo e ela assente -  Eu adoraria continuar próximo de você, e se tudo isso que você diz, todas essas ideias fosse realmente possíveis eu não exitaria. Se eu estou dizendo que não é uma boa a gente se manter por perto, é porque não é. 

- Não entendo quando me diz isso! Não entendo a forma que você fala. Na verdade eu não consigo entender muita coisa. - ela se levanta e anda de um lado para o outro no quarto, sua expressão é de realmente muita dúvida - Eu queria saber o real motivo de você me ajudar, e eu quero sinceridade por favor Daniel. Você não deveria agir assim comigo. Como entender que uma pessoa que está aqui, envolvida com tantas coisas ruins, um fora da lei, me trata dessa forma? E não foi de uma hora para outra, desde o primeiro dia. Mesmo antes disso acontecer, você tentou evitar.  Qual é a sua?

Penso um pouco, nem eu sei o real motivo. Falar tudo que aconteceu ou o que eu penso é difícil demais para mim. Eu sei que não sou uma má pessoa, mas também não sou santo eu tenho meus pecados. Ela quer saber? Então, saberá.

- Eu nunca quis te sequestrar, desde quando foi dito que seria feito dessa forma e o motivo de tudo isso eu fui contra totalmente. Porque simplesmente eu tenho uma filha adotiva e por mais que a diferença de idade de vocês duas seja grande, eu sei que provavelmente você a princesa da sua família, assim como a Laurinha é a minha. Eu imaginei como seria se alguém fizesse isso com ela, por isso não queria que alguém te machucasse, pois por mais errado que eu seja, esse tipo de situação para mim é inaceitável. Então eu te protejo.

- Então o eu te amo no telefone foi para a Laurinha? - pergunta com um sorriso doce - Você não tem namorada?

-  Eu não tenho namorada e Laurinha é uma criança. - digo lenta e pausadamente, olhando em seus olhos, percebendo que eu despertei algo nela também - E voltando ao assunto... eu me apeguei a você de alguma forma que eu não sei explicar. Eu queria ter te conhecido em uma outra situação, pois eu provavelmente tentaria de todas as formas fazer parte da sua vida para sempre. Desculpa te falar isso assim de repente, mas é a verdade. Você é doce! E essa doçura me encanta muito!

Vejo seu rosto rosar e inflar, parece que acabei de incendiar o ambiente. O meu coração parece não se conter dentro de mim. Uma declaração dessa não fazia parte dos meus planos. Quando penso que tinha colocado tudo a perder, ela me surpreende vindo em minha direção com um sorriso angelical e um olhar terno e então, me abraça.



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