Sequestro

MIlla

Acordei bastante animada depois de ter tido tantos sonhos maravilhosos essa noite. Então, me preparo para ter um dia mais agradável, pretendo sair para comprar algumas coisas para a Ká, comer em algum lugar diferente. Quero um final de semana bem agitado. 

Pulo cedo da cama sem muito enrolar e vou tomar meu café da manhã e com certeza surpreendi a todos com o meu bom humor. Já fez uma semana desde que decidi que iriar passar um tempo com o Daniel em Cancún e desde então, eu tenho muito mais energia e disposição para fazer as coisas. A ansiedade é tanta que todo dia depois de tomar café eu sinto um enjoo de leve, um reviro no estomago de tanto que penso nisso. Mas tudo bem. Estou tão feliz que isso nem atinge. Por isso quero fazer coisas legais hoje para conseguir domar essa ansiedade.

Saio de casa antes das 11 da manhã e vou passear  no parque. Um parque privado que fica aqui próximo de casa; por medo de me deixar sozinha, meus pais e os seguranças, todos eles acabam indo comigo também. Até algum tempo atrás isso iria me irritar muito, mas não hoje, hoje eu só quero paz. Dou algumas voltas e decido ir para casa para me arrumar e almoçar com a Ká, antes de partimos para as compras.

No shopping percebo que até o meu estilo para roupas mudaram. Tenho coragem e vontade de usar algo mais poderoso e menos recatado, troco os vestidinhos fofos  por aqueles com cores mais intensas e com um caimento mais justo, que favorecem as partes mais bonitas do meu corpo. E no final percebo que aquelas roupas me fizeram me sentir como a minha cabeça está: mais madura e mesmo com tantos detalhes diferentes eu não estou vulgar, me sinto linda. Fora que os meus seios parecem bem maiores com esse tipo de corte. Adorei!

No final do dia eu estou esgotada e como num passe de mágica já era o meu bom humor. Chego em casa direto para o quarto, não janto e apenas quero dormir, por mais que tenha dormido muito bem na noite passada sinto um sono incontrolável. 

Depois de algumas horinhas de sono, meu celular toca e vejo que é o Michael, reviro os olhos e atendo.

- Oi, pode falar!

- Te acordei? Está com voz de sono  - solta uma risadinha sem graça - Pode falar?

- Posso falar sim. - reviro os olhos novamente, maldito humor.

- Eu queria te chamar para sair amanhã, falei com a Karine e ela disse que você está melhor, bem mais animada, achei que seria legal para nós.

Karine e sua boca grande... Não posso mais fugir desse assunto, preciso ter uma conversa séria com ele, e fazer de uma forma leve para não perder sua amizade. Ele não tem culpa se eu não gosto mais, se eu estou em outra. Vou ter que aceitar esse convite.

- Claro! Podemos sair sim. Onde pretende me levar? 

- Tudo bem se a gente for cedo para Boituva? Tipo estar lá as 6 da manhã. Vamos de helicóptero é bem rápido, saímos daqui as cinco, chegamos lá, comemos alguma coisa e te mostro o que vamos fazer.

- Você está me deixando curiosa. O que iremos fazer lá? - falo tentando parecer simpática, mas na verdade estou completamente sem paciência para esses segredinhos.

- Calma mocinha. Amanhã você saberá. Beijinho e tchau - ele desliga rápido, com certeza para não ser mais interrogado.

O celular desperta às 4:30 da manhã e eu amaldiçoou todo o mundo por isso, eu odeio acordar cedo. Entro no banho com a sensação que eu estou carregando um elefante nas pálpebras  de tanto sono. Me arrumo sem muito me preocupar com o look e desço para esperar o Michael na sala. Durante a espera, meu pai acorda e se espanta por me ver acordada nesse horário e como eu imaginava, quando eu digo que estava esperando para sair com o Michael ele abre um sorriso de orelha a orelha. Vai ser terrível quando chegar o dia de dizer que ele é a ultima pessoa que quero na vida.

O Michael chega com uma animação que me irrita o que torna tudo mais difícil. Pois forçar uma simpatia antes das 11 horas da manhã é quase impossível para mim. Fora ontem onde meu humor parecia completamente diferente do natural. 

Chegamos no local que ele marcou e vejo que há muito verde, uma visão maravilhosa e é bem bonito. Tomamos café e já começo a sentir o efeito disso, estou tão curiosa que o meu estômago começa a embrulhar e dessa fez não consigo conter e faço check in no banheiro e devolvo tudo que ingeri. Que nojo.

Volto para o Michael mostrando que está tudo bem, ele estranhou minha corrida rápida para o sanitário, mas estava tão empolgado que quando disse que estava bem ele já se anima e me puxa para fora. Andamos por um tempo e chegamos num local maravilhoso e vejo que a surpresa é um passeio de balão e por mais estressada que esteja eu assumo que adorei saber. Eu vou amar isso. 

Subi no balão super empolgada e totalmente realizada com a ideia de avistar aquela beleza toda lá de cima e em pouco tempo já me imagino fazendo esse tipo de passeio com o Daniel, iria ser perfeito. Conforme o balão ia subindo eu ia me desligando de tudo e prestando atenção somente no paraíso que eu estava tendo o prazer de contemplar e então pelo menos nessa hora não me arrependo de ter aceito esse passeio.

Estava tudo bem nas alturas até que de repente começo a sentir um pouco de tontura. E tento me controlar para não apavorar ninguém.

- Acho que tenho medo de altura - seguro mais forte no cesto do balão e abaixo a cabeça.

- Você está passando mal? O que você tem? - Michael se aproxima e me segura.

- Só um pouco de tontura, acho que fiquei olhando muito tempo para baixo. Talvez seja melhor pedirmos para descer essa coisa.

Ele pede para o operador do balão fazer descer e depois de alguns minutos já estamos perto do chão. Quando enfim chegamos em terra eu forço para sair e quando levantava minha perna para colocar para fora do balão eu sinto estar desfalecendo.

- Milla!!!! - Michael grita.