- É o seguinte. Vou precisar sair rápido, meu tio ficará aqui! Se concentra em tudo que ele fizer, não durma, não reclame, não o encare, tente observá-lo discretamente. - fala atentamente olhando nos meus olhos, vejo tensão nele em me fazer acreditar que eu realmente preciso seguir tudo isso. - Vou te deixar um celular que somente a tecla de atender funciona, por isso não pense que conseguirá pedir socorro. Vou deixar esse celular que esta apenas para vibrar, mantenha-o escondido, não deixe ele perceber. É sério! Não deixe! Vou te ligar de 5 em 5 minutos, se tudo estiver bem você não me atende, mas se estiver acontecendo alguma coisa você atende e me deixa escutando tudo. Prometo voltar rápido de qualquer forma. Tudo bem? - diz pausadamente, ele precisa que eu entenda.
- Tudo bem, não tenho medo de vocês. Eu sei me defender também! - esnobo, mas no fundo me sinto tranquila com ele aqui, não sei o que me espera com outra pessoa.
- Não quero que se defenda, quero apenas que tenha cuidado, que se precisar eu volto. - levanta alterado, aparenta preocupação.
Acabo consentindo com tudo, pois eu sei que preciso dele, os outros caras são asquerosos.
Pego o telefone coloco ele preso na cintura no elástico da calça e sinto que preciso protegê-lo mais que qualquer coisa. Esse aparelho pode ser minha salvação. Aqueles caras me olham com desejo, ficar sozinha com qualquer um deles é difícil demais para mim.
Vejo o tio dele chegando, me recuo ao canto da cama, o mais espremido possível. E penso em tudo que me falou: não encarar, não reclamar, observar e ser discreta. O Killer sai do quarto e me encara com um olhar de lembrete. Entendo o recado e retribuo com o mesmo olhar.
O Jarbas liga a televisão, tira os sapatos e se joga no sofá. Em sua mão tem uma lata de cerveja e percebo discretamente que ele toma aquilo como se fosse água. Nisso meu coração já está na boca, tenho medo de ter que enfrentá-lo se ele ficar muito bêbado. Vejo seu olhar frequentemente em minha direção, até o momento que ele se aproxima.
- Está com calor? Eu estou com muito! Acho que vou tirar a roupa, pode tirar a sua eu deixo. - me olha de um jeito desafiador, seu cheiro de cerveja e suor é forte - Não vou fazer nada, só quero te observar, você tem um corpo maravilhoso! Bonequinha!
- Por favor não faz nada comigo!!! Me deixa quieta, minha família pode dar dinheiro, eu estou aqui sem fazer nada, só não toca em mim - suplico, minha boca seca e meus olhos já marejam.
- PUTA QUE PARIUUU!!! - joga a lata longe - Quem manda aqui sou eu, tira a porra dessa roupa e deixa eu te olhar! - suaviza a voz, como se estivesse querendo me avisar que esta perdendo a paciência.
Lembro que estou com o celular me desespero, por nao saber onde esconder. Começo tirando a blusa e quando levanto a camiseta o celular vibra. Disfarço, finjo que vou tirar a calça e delicadamente sem movimentos bruscos consigo atender o telefone, tiro a calça junto com celular, mantendo ele por dentro da roupa, coloco a calça no canto, me asseguro que o celular não fica a mostra. E sempre olhando para ele, sei que se olhá-lo com intensidade ele se concentrará nisso e não na possibilidade de ver que escondo algo. Volto a tirar a camiseta e paro, me olho e as lagrimas não se seguram mais e começam a descer. Nunca me senti tão vulnerável, tão humilhada. Me ver sem roupa apenas de calcinha e sutiã na frente de um cara tão nojento, revira meu estômago e o medo me faz tremer inteira.
- Tira tudo meu bem! Estou dizendo não vou fazer nada, só quero te olhar! Quero ver tudo! - diz lambendo os lábios.
- Não! Não, isso não! Me deixa quieta! - choro.
- Deita aí, vou usar o banheiro, quando eu voltar, na hora que eu quiser você vai tirar! - abre a porta do quarto e bate com força.
Gelo, choro, tremo e deito. Aproveito, pego o celular e sussurro:
- Está aí? Me ajuda por favor! - as lagrimas não param de descer.
- Estou! Fique calma! Faz o que ele mandar, eu vou chegar a tempo, estou a caminho e ele não vai te tocar - sua voz é suave, sinto que seu desejo é me acalmar.
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Sequestro
RomancePlagio é crime! Os direitos são reservados. Essa obra já foi registrada. Meu nome é Daniel. Eu fui criado para ser bandido, sou filho do pior deles, todo medo que um dia eu senti na vida se transformou em ódio, eu faço parte de todos os crimes, só...