Sequestro

Daniel

Eu estou começando a sentir que as coisas vão acontecer do jeito que eu espero. Estou morando na minha casinha que é simples, mas eu e a Laurinha estamos maravilhados de estarmos aqui. Ela tem um jardim cheio de flores e uma varanda ao lado. A sala é espaçosa e faz meio ambiente com a cozinha que é toda colonial. Da cozinha avistamos o corredor que dá acesso ao quarto da pequena, minha suíte e  o banheiro social. Tudo perfeito! 

Continuo tendo contato com o Dr. Mauro que além de ser um ótimo amigo aqui é também um super conselheiro. Vem me dando muitas dicas de como aplicar o dinheiro e me orientado a ser um cara melhor. Ele já sabe toda minha história e ao contrário do que pensei, ele em nenhum momento me jugou, mas sou capaz de afirmar que se ele por acaso encontrar com meu pai em qualquer lugar por aqui, ele com certeza vai enfrentá-lo.

Começo a ter algumas ideias de me corresponder com a Milla e por insegurança decido pedir conselhos para o Mauro e a minha amiga daqui. Penso em trocar correspondência com ela e quando digo isso a eles, acabo consentindo que isso pode ser arriscado se por acaso as cartas não chegarem nas mãos certas. Tenho medo de a família estar em cima ou ela ter contado nossa história para alguém e isso ter vazado, fazendo com que todos não a deixem ter tal liberdade de ler suas próprias cartas. Me recordo que quando conversei com ela a respeito de trocar telefones, ela me alertou que a família dela é muito precavida e que provavelmente quando ela retornasse, eles trocariam todas as numerações.

Se tem uma coisa que martela na minha cabeça tanto quanto a Milla é a vontade que surgiu em mim de cursar medicina. Sempre tive esse sonho meio enrustido e nunca revelado, porque minha realidade jamais me faria ter tal oportunidade. Mas agora eu sinto pronto e na verdade, tenho como fazer o que eu quiser e isso eu realmente quero. Primeiro, porque voltando para o Brasil como médico, sabendo que a família da Milla tem negócios nessa área, eu seria muito mais valorizado e bem recebido do que se voltasse como qualquer outra coisa, com qualquer outra profissão. E segundo que agora eu tenho um mestre que poderá me fazer o melhor nisso. A única coisa que me preocupa é o tempo que vou levar até me formar, mais de 5 anos me preparando para chegar lá do jeito que eu quero, tenho medo dela não me esperar ou achar que eu desisti de voltar e de ficar ao seu lado. Espero que ela seja forte.