Daniel

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Não consigo conter meu desespero ao vê-la caída no chão, não consigo entender o motivo. E se ela estiver doente? Meu Deus! O que pode ter acontecido? Como tirá-la daqui para levá-la ao médico? Seguro em meus braços e a levo para a cama. 

Toco o seu lábios e por mais tenso que esteja,não consigo evitar, vê-la assim tão perto e vulnerável me desperta o desejo de cuidar, de proteger. Como adoraria tê-la conhecido em uma outra situação, como gostaria de fazer parte do mesmo mundo. Tenho inveja dos homens que um dia terão o prazer de conquistá-la e de tê-la.

Ponho minha mão em sua testa, porque me lembro que é sempre muito importante verificar se está em estado febril. Lembro do dia que a Laurinha adoeceu e ao levá-la ao médico, o doutor me disse que essa é a primeira coisa que temos que verificar, pois se estiver com febre, levar ao médico é indispensável. Faço isso com muito cuidado e considero que ainda bem, com febre ela não está.  Por via das dúvida, decido conferir mais uma vez, talvez tenha que tocar sua nuca também, dessa vez a ergo, para que fique com o rosto próximo e volto a colocar a mão em seu rosto e ao tocar em sua nuca, ela acorda com um olhar assustado e um semblante confuso e totalmente pálida.

- Você desmaiou! - passo a mão em seus braços e percebo que está gelada, sem pensar tiro a blusa e a esquento - Acho que vou ter que fazer alguma coisa para que você seja medicada.

- Estou com fome! - passa a mão no cabelo, querendo ajeitá-lo. - Eu não comi nada o dia inteiro, talvez seja por isso que tenha desmaiado.

- Nossa! Desculpa? Eu não havia percebido. Como eu pude deixar isso acontecer? Não me perdoaria se por um descuido tolo desse eu a deixasse doente. - me levanto para pegar algo.

Procuro algo saudável na sacola que tinha no quarto e só encontro lanches e biscoitos, não fico satisfeito com essas opções, pego uma barra de cereal que tinha na minha bolsa e entrego para que coma algo a princípio. Saio do quarto vou a cozinha conferir se tinha alguma coisa. Encontro um macarrão, procuro na embalagem o prazo de validade e torço para que ainda dê pra comer, já que provavelmente esteja há muito tempo guardado. E por sorte, ainda faltava dois meses para vencer. 

Na geladeira, eu já tinha visto que tinha tomate e alguns temperos que eu mesmo tinha guardado do almoço de alguns dias atrás e resolvo fazer o molho com o que tinha. Sei cozinhar desde os meus nove anos, já que nunca tive a presença paterna e muito menos materna, teve uma hora que tive que aprender a me virar, ou teria que comer lanches, macarrão instantâneo ou fast-foods o resto da vida.

Enquanto preparo o jantar eu não conseguia parar de pensar do quão imprudente eu estava sendo, me ligava em cuidar para que ela esteja sempre bem psicologicamente e não me atentei ao fator super importante também: sua saúde. E já havia planejada os próximos passos.

- Alô! Meu pai está aí? - falo impaciente, odeio quando atendem o telefone dele, esses drogados que ficam em sua colam não conseguem nem falar direito. - Pai, preciso de algumas coisas importante. Estou sem vitamina e não posso sair para comprar. E também quero alguns alimentos para eu fazer aqui. Você sabe que não posso sair, então vocês trazem isso pra mim.

- Que tipo de vitamina? E o que tenho que comprar?   - percebo que está bêbado.

- Vamos fazer um seguinte te passo uma lista pelo Whats! Quando você estiver são, você vê! - e desligo.

Para não esquecer já começo a digitar tudo que preciso.

Você: Trás pra mim, amanhã ainda. 1 polivitamínico de qualquer marca, 1 pacote pequeno de arroz, alho, cebola, feijão, macarrão, molho de tomate, algumas frutas, alface e cenoura, ovos, sal, açúcar, azeite, temperos e frango. Por enquanto é isso.

Louse: Vrei donp dp mercsdp agr kkkkkkkkkkmm

Ele sem beber já sai tudo errado, bebendo então, não poderia sair melhor. Consegui decifrar sua irônia. "Virei dono do mercado agora?" . Não, não virou! Respondo mentalmente.

Termino de fazer o macarrão e vou direto levar para ela comer. Entro no quarto e vejo que já estava dormindo, deve ser fraqueza e a culpa já me corrói. Coloco a bandeja na mesinha ao seu lado, sento na cama devagar e tento acordá-la com cuidado. Me aproximo e suavemente a chamo. E então, ela grita assustada como se eu tivesse-a  tirado de um pesadelo horrível. E automaticamente e de uma forma totalmente inesperada me abraça deliciosamente forte. 

Percebo seu tremor, seu suor, não deve ter sido um sonho fácil. Tento confortá-la da melhor forma possível.

- Calma meu doce! - beijo sua testa, quando eu vejo eu já soltei o "meu doce", como se não existisse uma outra forma para me referir, e realmente não existe, é isso que ela é - Está tudo bem, se acalme por favor!

- Eu sonhei que... Meu Deus! Minha família inteira morria e eles não poderiam pagar meu resgate e seu pai vinha aqui acabar comigo. Deve ser um aviso, deve estar acontecendo algo com eles, eu preciso saber se está tudo bem em casa. Por favor me ajude a descobrir? - seus olhos são de total dor e súplica  e ela continua abraçada e eu a sinto cada vez com mais força.

- Eu vou tentar descobrir se está tudo bem! - solto-a dos meus braços para olhar em seus olhos, preciso fazê-la sentir que eu estou falando sério, preciso provar que pode acreditar nisso. - Eu prometo! Confia em mim?

Uhum! - acena com a cabeça e volta a me abraçar. - Confio Killer!

Beijo seu rosto lentamente e não consigo deixar de pensar de como seria perfeito se esse momento parasse e virasse eterno. 

- Meu doce! - sussurro eu seu ouvido sem medo, sem pensar em tudo que disse que teria que evitar.

Como nada é perfeito... esse momento não parou e não virou eterno, a realidade bateu na minha porta em forma de.

- Entra tio Jarbas! - ele entra e me entrega a sacola de tudo que eu pedi, impressionantemente rápido.

- Estava com o seu pai quando você mandou a mensagem, achei importante resolver isso hoje, já que amanhã passaremos o dia conversando com a família da princesinha aí. - acena com a cabeça em direção à porta do quarto.

- Vocês tem alguma notícia da família dela? Sabe se será segunda que eles darão o dinheiro? - falo baixo para que ela não ouça e meu tio perceba que deverá responder na mesma altura.

- Falamos com eles ontem. O que falaram é o mesmo de sempre, que já conseguiram o dinheiro, que estão com problema financeiro, que eles não tinham em espécie, precisaram vender alguns bens e que darão o mais rápido possível. - entendeu o recado e diz baixinho também.

- Ótimo! - eu realmente fico feliz por ela ficar livre em breve, mas sinto muito por saber que depois que ela sair daqui, jamais voltarei a vê-la.

Depois que meu tio sai, volto ao quarto e percebo que ela já comeu tudo. Fico satisfeito ao ver que ela gostou, pois a primeira coisa que fala ao perceber que reparei no prato quase limpo é que eu cozinho muito bem. E pela primeira vez em todos esses dias, ela me dá um sorriso enorme, como se nem estivesse em um cativeiro. Me aproximo dela, retiro o prato da cama e sem nem me importar eu digo o quanto aquele sorriso é maravilhoso... Ah e como é linda corada.


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