Milla

8.1K 529 44
                                    


Desculpem alguns capítulos estarem mais curtos, têm vezes que preciso escrevê-los pelo celular e a sensação é que está enorme, mas quando vou ler pela web, percebo o tamanho real. Perdoem-me?

Bora lá para um capítulo maior?

Paralisei. Nesse momento o vestígio de pedra que ainda existia em meu coração estava se rompendo e rompia de uma forma que me deixava preocupada com as reações que posso  ter devido a esta declaração. Por mais que eu tenha gostado de ouvir o que eu ouvi, há um medo muito grande de fazer a coisa errada. Sem ao menos saber o que é a coisa certa. 

- Você oquê? - ao longo do tempo desenvolvi a habilidade de fazer uma pergunta em situações que não saem palavras.

- É isso que você ouviu! Parece loucura. Talvez você esteja pensando o quanto sou idiota por sentir isso, ainda mais no tipo de contato que tivemos, ou do que não tivemos. Mas eu não consigo explicar o que sua presença me causou. Sempre achei que fosse impossível eu dizer isso para uma mulher. Mas aqui estou.  Estou perdido na possibilidade de não te ter e igualmente perdido se eu te ter. Você entende? - seus olhos suplicam por auxílio e eu tento encontrar um modo de sair disso da melhor forma.

Permaneço calada. E não é por maldade, eu só não sei como agir. Eu não quero fazer o que eu quero fazer. Está confuso? Eu não quero querer estar com ele, mas eu quero. Por Deus... o que eu faço?

E então, enquanto eu permanecia nesse silencio, ouço a porta batendo e em seguida o trinco. Ele me deixou sozinha, ele me deixou sozinha sim. Ele saiu. Eu não vou suportar essa agonia.

Começo a bater desesperadamente na porta, afim de ele me ouvir e entrar para conversarmos e garanto que desse vez vou tentar desenvolver, vou tentar falar algo que melhore as coisas para nós dois. Continuo batendo incessantemente, mas nada, absolutamente nada. Nem sinal dele. 

Decido voltar para minha cama e começo a ensaiar tudo que posso dizer quando ele voltar. Talvez revelar que também sinto algo forte e deixando claro que não posso sentir e nem pretendo amadurecer esse sentimento. Ou então, lembrá-lo que para ele ter chances comigo, ele teria que fazer de tudo para sair dessa vida e tentar se aproximar de mim sendo outra pessoa. E no ultimo caso: fingir que não sinto nada e apagar de vez esse incêndio que começou já tão errado. Adormeço em meus pensamentos e sonho com ele, de uma outra forma, em um outro lugar, com um outro final.

- Merda! - Killer chega e cai no chão bêbado e todo molhado.

- Pelo amor de Deus!!! O que aconteceu? - pulo da cama já pronta para segurá-lo

- Me solta! Volta para sua cama sua vadia! Olha o que você fez comigo! Vê se me deixa em paz! - ele fala com a voz chorosa e batendo forte a mão em sua cabeça, como se eu fosse apenas uma voz que ele precisasse tirar da mente.

Por mais que ele tentasse me ofender com essas palavras rudes eu sei que é só efeito da raiva misturada com a bebida, por isso, continuo com ele e não o solto. Percebo que não tenho experiência nenhuma com isso e me vejo sem saber como agir além de segura-lo para que não caia outra vez. Tento levá-lo aos poucos ao banheiro, pois nos filmes que assisti todos são jogados no chuveiro frio e é exatamente isso que faço. Ligo o chuveiro, empurro ele para dentro e o forço para sentá-lo.  Deixo ele lá de baixo da água sentado e encostado na parede e volto para procurar uma garrafa térmica que fica no chão na esperança de ainda ter café ali. Por sorte consigo uma xícara inteira e ele toma como se fosse água. Até porque depois de tanto álcool é muito fácil virar o café todo.

Tiro ele do chuveiro e percebo que pelo menos 60% da embriaguez foi embora. O suficiente para deixá-lo se trocar sozinho. Pego a mala que eu sei que ele guarda as roupas e o entrego com a intenção de que ele se toque e troque a roupa molhada. Percebo que ele sai do banheiro muito quieto, deita no sofá e com muita facilidade dorme. Ouço seu sono parecer pesado e ofegante. Relevo tudo isso e decido voltar a dormir.

Sou acordada com um gemido.

 Assustada olho para o lado e percebo que o Killer treme e se contorce. Me aproximo e percebo que está com muita febre. Reviro o quarto todo e não acho nenhum medicamento, tento abrir a porta que dá para a outra parte da casa e vejo que está trancado, então terei que perder mais tempo para procurar essa maldita chave. Encontro no bolso da calça molhada, por que não pensei nisso antes, deveria ser o primeiro lugar a procurar.  Vou para cozinha e me sinto perdida, não lembrava daquele ambiente, já que não saio daquele pequeno quadrado.  Reviro um mini armário  velho a procura de algo que possa parecer ideal para um febril e nada encontro. Apenas pego um copo da água e um pano úmido.

Tento cuidar dele da melhor forma que encontro, tentando fazer seu corpo resfriar. Naquele momento percebo que não tenho a mesma aptidão que meu pai  para a medicina. Me mantenho por perto e me sinto bem em ser eu a estar ali cuidando dele. 

- Também te amo seu idiota! 

Sequestro Onde histórias criam vida. Descubra agora