Sequestro

Milla

Eu me derramo em seus braços, me jogo porque eu sei o quanto deve ter sido difícil ele conseguir dizer tudo isso. E na verdade, por mais loucura que seja, eu acho que já estou sofrendo em deixá-lo, ainda mais sabendo que ele permanecerá nessa vida.
Eu me culpo por chegar a esse ponto, de ser fraca o bastante em estar em una situação de cárcere e conseguir sentir algo por alguem, ou pior, pelo meu sequestrador, por mais doce que esse seqüestrador seja. Que tipo de pessoa eu sou? 
     — Me diz o que você sente? Me deixa entender onde é que estamos! Eu preciso saber o tamanho do nó que estamos criando com essa historia toda! - ele me diz segurando meu queixo com a mão esquerda, enquanto a direita passeia pelo meu pescoço e nuca.
       — Se ao menos eu soubesse decrifar, se ao menos eu soubesse entender. O que eu sei é que você desperta em mim a vontade de sair daqui, mas não  de sair sozinha. Sabe o que mais eu queria? Era estar vivendo essas sensações em um outro momento da minha vida, com outra - na hora me calo, pois percebo que iria soltar o nome do Michael. — É melhor a gente achar uma forma de sofrer menos, depois disso. – me desprendo dele e me volto para parede.

Fico olhando fixamente para qualquer ponto, com a única intenção de não chorar ali, nao naquela hora, não na frente dele, mas é tudo tão em vão, que quanto mais forço mais sinto lagrimas descendo e me fazendo perceber que já nao tenho controle nenhum sobre meu corpo. E então o Killer me toca, sinto sua mão me puxando pelo braço e sou levada como numa dança de volta para ele, parecia câmera lenta com uma trilha sonora no fundo e no momento que nossos corpos se encontram vem uma corrente elétrica que eu não sei nomear de outra forma e nos beijamos mais uma vez. Só que diferente agora. Era um beijo matador, beijo de suplica, beijo de declaração de tudo aquilo que evitamos de falar um para o outro, foi dito nesse beijo.
Seus lábios nao se limitavam a ficar nos meus, ele ia ao meu pescoço, meus ombros, e percebia o quanto ele estava quente e necessitado de mim.
Ao perceber que o Killer tocava além do que qualquer homem havia tocado eu me assusto e peço para parar:

   — Por favor não! Eu não quero assim! - falo envergonhada sem conseguir olha-lo.
  — E é por isso que gosto tanto de você, ainda mais por esse motivo, de com você até sexo ser especial. Não se preocupe. Nao será comigo que isso acontecerá, esse momento será perfeito, com uma pessoa perfeita, no lugar perfeito. Me promete que será assim? Que você não vai se entregar para qualquer um? - diz me forçando a encará-lo. E então, todo choro que segurei, escapa de uma só vez.