Milla

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Eu quero mais que tudo sair daqui, esse pouco tempo parece uma eternidade, tudo é muito mais doloroso, sinto que estou enlouquecendo.

Percebo que o Killer tem uma certa bondade, ele tem intenção de não ser tão rude, mas mesmo assim tenho medo. E se ele estiver blefando?

Ele de repente aparece com uma televisão. Jamais isso me faria bem, não é isso que eu quero, só penso em sair daqui mesmo. Mas, por incrível que pareça, ameniza a sensação de desespero e consigo me distrair em alguns momentos.

Começo a perceber que ele me encara frequentemente, eu estou na direção oposta da tv e ele não disfarça e fica me olhando diversas vezes. Talvez ele se preocupe em se distrair e eu fazer alguma coisa. Sim. Deve ser parte da obrigação dele.

- Por qual motivo seu apelido é Killer? - me atrevo - Imagino que seja normal para você matar alguém, mas você não parece que mate eeee..aaann - gaguejo- Você sabe, não acho que você goste de matar!

- Meu pai me deu esse apelido, talvez por ele querer que eu mate alguém de verdade - ele não contêm o riso - Mas não gosto de matar ninguém, se isso te alivia.

- Não gostar é diferente de nunca ter matado. - gesticulo enquanto falo - Eu por exemplo não gosto de estudar, mas estudo.

- Você já está querendo saber demais!!! - diz irritado, talvez tenha cutucado em um ponto fraco. - Eu sou do crime e pessoas do crime você imagina como seja.

- Imagino! - me deito e viro de lado.

Prefiro não conversar mais sobre esse assunto, ele realmente é difícil de ser entendido. Isso me deixa tão curiosa é um mundo tão distante, tão diferente do meu. Se fosse aceitável para ele eu adoraria saber toda sua história, não por concordar com tudo que ele já tenha feito, mas por sentir que talvez tenha algo profundo nisso, talvez ele não seja o que o apelido dele sugere. Ele me instiga, existe nele um campo inabitável.

Sinto a necessidade de me desculpar:

- Killer? Está dormindo? - falo baixinho para nao irritá-lo.

- Não - diz secamente e virando-se em minha direção. - Algum problema?

- Você é meu sequestrador, deveria mandar ir para aquele lugar anal, mas diferente de você eu sou educada e preciso te pedir desculpa, por ter entrado nessa história. - fico corada, sinto meu rosto queimando nesse momento. - Só isso.

- Perdoada! Está tudo de boa! Relaxa! - sorri de canto.

Como se fosse possível eu ficar de boa ou relaxar nessa situação, nem preciso de perdão, fui educada.

Me perco no pensamento e quando me dou conta, a televisão já esta desligada e ouço sua respiração profunda. Ele dormiu. Mais uma noite chegou.

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