Milla

4.9K 311 9
                                    

Pessoal, lembrando que eu sei que os personagens que são de Cancún obviamente falariam em espanhol, mas apenas por questão de facilitar a temática da história estou deixando que a comunicação seja toda em português. Espero que gostem do capitulo. Boa leitura!!!

*********************************************************************************************

Estou muito preocupada com o que pode estar acontecendo na conversa do Daniel com os meus pai. Tenho medo da intolerância deles e eu sei que isso poderá afetar no meu futuro com ele. Preciso aprender a controlar minha ansiedade, sofro muito com isso, não consigo desfocar dos problemas e agora com a minha gravidez isso me deixa preocupada com a saúde do bebê.

Minha mãe chega de repente com uma cara muita assustada. Pela forma que ela me enrola já percebo que deve ser algo mais complicado. 

- Mãe, para de enrolar e me diz logo o que aconteceu? - falo séria.

- Filha toma essa água primeiro. - ela me entrega o copo de água e senta ao meu lado. - Nós estávamos conversando no restaurante e de repente houve um assalto e era o pai e o tio do Daniel. Eles viram que estávamos com ele, então focaram somente na gente. Agora está tudo bem, tudo fora de perigo. Mas o Dr, Mauro e o tio do Daniel foram baleados e estão no hospital recebendo atendimento. - minha mãe fala tudo de uma vez, sem dar detalhes de nada como se precisasse amenizar o acontecido.

Meu pai em seguida chega acompanhado do Michael, que ao saber de tudo que aconteceu, cancelou o seu voo para casa e ficou para ajudar. Meu pai consegue me explicar tudo bem melhor, mas  sinto muito medo do que pode acontecer com o Daniel. Todos eles tiveram que prestar depoimento na delegacia, mas só ele continua lá e pelo que me contaram, o delegado já sabe que ele participou dessa quadrilha.

Meu coração aperta e eu não consigo controlar tudo isso estando em casa, esperando de braços cruzados. Deixo todos lá pensando na morte da bezerra, chamo um taxi e vou ao encontro do Dani. Durante o caminho até a delegacia recebo várias ligações da minha mãe preocupada com o meu estado, mau sabe ela que ficaria pior se eu não fizesse isso. Preciso vê-lo, preciso saber o que pode acontecer a ele.

Chego atordoada. Explico ao policial que fica na recepção que sou a namorada do Daniel e ele logo me avisa que eu teria que aguardar. E essa espera foi a pior de todas, os segundos pareciam horas e meu coração já não estava aceitando mais isso. Insisto novamente para ser atendida, o policial entra na sala do delegado e volta me informando que eu poderia entrar.

Quando entro, vejo o Daniel sentado na frente do delegado com uma cara muita cansada e eu não resisto e o abraço ali mesmo. 

- Amor o que está acontecendo? Porque você ainda está aqui? Ele não é bandido delegado, ele não é igual a eles! - digo soluçando em prantos e acabo esquecendo que teria que falar com o delegado em espanhol.

- Calma amor! Se acalme! Lembre do nosso bebê, está tudo bem comigo. Estou aqui para resolver minha situação com a justiça e para podermos viver tranquilamente e sem empecilhos. - ele diz abraçando  e beija minha testa.

- Vou deixar os dois conversando e sejam rápidos, porque o depoimento ainda continua. - delegado se retira.

- O que você falou para eles? - me afasto para olhá-lo.

- A verdade. Que eu fui criado com esse cara mau caráter, que praticamente me educou para o crime e que eu sei que eu deveria ter lutado mais para sair dessa vida, mas que só depois eu entendi que não queria mais fazer parte disso. Hoje eu vivo honestamente e não sou um perigo para a sociedade.

- Daniel, com isso você pode ser preso. Eu não vou suportar te ver preso, pelo amor de Deus eu não aguento isso.

- Você tem que entender que eu tenho uma dívida, eu fui um bandido e o fato de eu ter mudado não me livra de culpa nenhuma. E já quero que você fique preparada, talvez tenhamos todos que voltar ao Brasil. Eu sou um bandido lá e terei que prestar contas lá. E sua família nunca deu queixa sobre seu sequestro e agora que eles sabem que o sequestradores estão presos, eles provavelmente não tenham mais medo de dar parte disso na polícia.

- Eu não vou deixar eles fazerem isso. Eu não sei qual é o pensamento deles a respeito de você depois de tudo isso, mas tenho certeza que agora eles sabem que você não é um bandido, que você me ama de verdade.

- Eu prometo fazer de tudo para que isso acabe e eu possa garantir sua felicidade. - Ele beija a minha mão e depois me abraça novamente. - Amor eu preciso que você vá nesse endereço aqui. - ele pega uma caneta e um papel na mesa do delegado e anota - Por favor busca a Laurinha lá para mim, inventa alguma coisa e fala que logo eu vou buscá-la. Cuida dela para mim.

- Claro meu amor, eu faço isso sim. Será que ela ficará bem comigo? Prometo fazer tudo para ela gostar de mim.

- Ela vai te adorar- ele sorri.

O delegado chega pedindo minha retirada e eu logo atendo para evitar problemas para o Daniel. Saio sem tirar os olhos dele e mostrar o quanto eu o amo e o espero. Através da porta sendo fechada vejo seus lábios mandando um beijo e eu só consigo pensar o quanto ele é especial. Que mesmo tantos problemas e medo que possa estar sentindo, ele se preocupa com o meu bem estar.

Saio da delegacia passo no endereço que o Dani me passou e busco a menina. Seus olhos são envergonhados e meigo. Talvez paire muita dúvida sobre sua cabecinha. Ela me pergunta várias vezes para onde estamos indo e quando que o seu tio volta, tento explicar da melhor forma possível que sou um amiga dele e quele havia me pedido para ter uma noite de meninas com ela e que ele foi resolver uma coisa muito legal para gente, que em breve voltaria para contar a surpresa. Ela parece se animar com tudo e então eu volto correndo para a pousada para conversar com a minha família. Eles não podem denunciar o meu sequestro, eles não podem. Eu juro que faria uma loucura. Quando chego no meu quarto, vejo todos conversando com uma pessoa que desconheço.

- Filha, como você está? - minha mãe questiona assim que me vê entrando. - E quem é essa menina linda? - se abaixa para mexer no cabelo da Laurinha.

- Eu sou a Laura, amiga dela. A gente já pode começar a brincar? - Ela responde minha mãe e logo olha para mim ansiosa.

- Primeiro eu vou pedir para te levarem na cozinha e você escolher qualquer coisa que quiser comer e depois eu desço para te buscar e brincarmos. Combinado? - ela acena e desce com o Michael.

- Quem é essa menina filha e porque demorou tanto?

- Eu estava conversando com o Daniel. Ele pode ser preso mãe. - choro e ela logo me consola.

- Filha se acalma, você precisar descansar. Olha o seu estado?

- Mãe, pai... por favor não denunciem o Daniel pelo o meu sequestro? Eu imploro. Essa menina é filhinha adotiva dele, ela o ama, não faça isso só por mim, faça por essa criança que só tem ele nesse mundo. 

- Camilla, esse aqui é o advogado que vai entrar no nosso caso, Dr. Rômulo Moura. - meu pai o apresenta sem ao menos responder ao meu pedido e já consigo prever o que eles vão fazer.


Sequestro Onde histórias criam vida. Descubra agora