Sequestro

Milla

- É assim amiga, eu me apaixonei! - conversamos deitadas na cama, uma de cada lado e ambas olhando para o teto.

- O quê? - ela se vira para conseguir me olhar - Como assim? Onde? O Michael? 

- Vai ficar tentando adivinhar ou vai deixar eu falar? - bufo e ela se aqueta - Durante esses dias sequestrada... mas espera, antes eu preciso que você me prometa que jamais essa história sairá da sua boca. Por favor Ka não conta para ninguém. Eu só estou te contando porque preciso de alguém para me ajudar a passar por isso, alguém que eu possa desabafar quando estiver triste. - imploro.

- Claro amiga, pode contar comigo. Mas anda logo, fala de uma vez. Estou tendo um treco aqui.

- Voltando... Durante o tempo que estive sequestrada eu fui conhecendo uma pessoa... o meu sequestrador - ruborizo e a Karine engasga nessa hora - Ele não queria ter me sequestrado, foi uma coisa armada pelo pai e o tio dele, aquela ameça que eu tive para  não aparecer na escola foi ele quem fez para que eu não fosse sequestrada naquele dia. De verdade Ká, ele não queria.

Contei toda a história para a Karine e ela cada vez ficava mais paralisada e entretida com tudo que eu dizia.

- Você transou com o seu sequestrador em um trem abandonado numa estrada velha? WTF! Ta louca? Não, espera... você não é você! Isso é algo que eu faria e não você! - ela levanta da cama e anda de um lado para o outro no meu quarto se abanando. 

- Eu sei que eu não faria e não faria porque se não fosse ele seria o banana do Michael, mas o Daniel... O Daniel, ele não é o Michael. Ele é homem de verdade, mesmo não sendo tão mais velho, talvez a experiência de vida seja o fator x de tudo. Ele me trata como rainha, como mulher. Ele me faz querer viver, experimentar coisas novas, me faz não querer me limitar. Sabe?

- Acho que se não existir alguém assim como o Daniel, provavelmente eu nunca saberei. To começando a adorar a ideia de ser sequestrada. Estou passada, chorando lágrima de açúcar. Meu Deus que história.

Depois de todo o desabafo eu me senti mais amparada e menos sozinha, sabendo que esse segredo não está pesando apenas nas minhas costas. Agora eu tenho alguém para compartilhar meus sentimentos e pedir ajuda quando precisar tomar decisões.

Durante a conversa que tivemos eu e a Karine tivemos uma ideia muito maravilhosa. Iriamos convencer nossos pais a deixarem tirarmos umas férias e óbvio que  não há melhor lugar para isso do que Cancún, por ser um paraíso e por saber que lá está o  meu amor. A cidade não é tão grande, já fui muitas vezes e conheço ali como a palma da minha mão.  

Volto a escola mais animada, sabendo que nas férias eu poderei encontrá-lo e só essa sensação de pensar em voltar a vê-lo, faz os meus dias mais melhores e de certa forma encontro um pouco de paz depois desse mar de turbulência que passei em minha vida. É claro que meus país iriam concordar, eles jamais imaginariam que meu sequestrador está lá e provavelmente eles vão achar que mereço esse descanso.  

Vem férias, vem logo!