IV-As Pedras do Bosque

585 64 0
                                    

Mas o que é isso? Alguma brincadeira? perguntou cheio de raiva Daniel, com o que via em sua frente.
ㅡ Isso são pedras? interveio Jersey.
ㅡ Não! eram frutas!
ㅡ Não Sol! isso são pedras. Respondeu bravamente Rômulo e Edmundo.
ㅡ Pobre Sol... Ainda tão jovem e já está maluquinha da cabeça.
ㅡ Eu posso jurar que eram frutas, meus irmãos! Olhem, também trouxe nos meus bolsos... Sol pôs as mãos em seus bolsos, mas tudo que saíram de lá, foram pedras assim como na trouxa. Isso não poderia ter a deixado mais confusa e triste também, pois agora além de deixar seus irmãos irritados, os pôs contra ela mais uma vez.
ㅡ Desapareces daqui Sol, tu e tuas pedras.
ㅡ Mas meus irmãos...
ㅡ Papai ficará sabendo de mais essa travessura tua, quando ele voltar de viagem; desta vez não escaparás de um bom castigo, sua fedelha.
E mais uma vez Sol se viu sem saída, sua vida parecia uma infinita tortura e mais tarde na silenciosa noite de verão ela se perguntou qual o sentido de se estar ali, por que nascer quando o que ela mais queria que estivesse ao seu lado, não estava? e todos seus irmãos a odiavam, seu pai era o único que lhe amava realmente, era um homem bom, íntegro e sempre batalhou para dar sempre o melhor que podia aos filhos, seu amor por Sol era quase tão infinito quanto as estrelas do céu, sua total atenção a ela sempre deixou enciumados os irmãos mais velhos de Sol, que a condenavam e julgavam-na culpada pela morte de Susana. Leonard, pai de Sol e dos outros, por outro lado, sempre teve dificuldades para unir os filhos e fazê-los serem mais amáveis e gentis com sua irmã, mas de nada adiatara seus esforços. Muitas vezes Leonard chorava, pois sentia que estava muito só sem sua doce Susana, ele acreditava que se ela estivesse viva o ajudando a criar os filhos, tudo seria diferente. Mas ele nunca culpou Sol, ao contrário, a amava tanto quanto era sua dor pela perda de sua jovem esposa. Suas viagens a trabalho como mercador sempre o afastou muito dos filhos e ele pensava se isso também não era uma brecha para que eles guardassem rancor. Mas ninguém sofria mais nessa história triste tanto quanto Sol, ela merecia mais atenção, pois além de ouvir julgamentos e olhares tortos pelos próprios irmãos, sentia-se culpada por tudo de ruim que acontecia na família. Eles não fazem idéia do quanto Leonard sofria por ver sua carinhosa Sol, o doce ser iluminado que era de bondade, ser sempre tão humilhada. Era difícil tê-los que castigar por isso, mas doía bem mais vê-los rejeitar seu próprio sangue.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora