Sol despertou pela manhã com o barulho de algo batendo contra alguma coisa, parecia vidro e madeira, ela abriu os olhos lentamente, percebeu que o barulho vinha de um galho de árvore que batia contra a jenelinha por conta do vento, o mundo lá fora era tão branco e desanimado que fez Sol desejar ficar ali mesmo, na cama quente e fofinha. Ela olhou para o travesseiro amassado onde Laian estava, lembrou de ter dormido com ele noite passada, sentiu um certo remorso como se estivesse traindo Caspian, mas ela nunca foi de Caspian, nunca prometeu nada a ele e... ㅡ Por que estava pensando tudo aquilo? Refletia a moça em sua mente bagunçada. Além do mais, Laian e Sol só estavam fingindo um casamento que não existia. Mais uma vez ela lembrou da noite passada, da sensação boa que sentiu ao ver ele ali ao seu lado de um modo tão próximo, sentiu uma batida diferente em seu coração ela apertou o travesseiro que tinha o cheiro dele contra si e levantou para se preparar para a viagem.
Depois de um banho quente que a Sra. Luna fez questão de preparar para Sol e de comerem bem para reiniciar a viagem Sol se despediu da mulher que disse achar seu cabelo muito bonito e a todo momento ela falava de ter a impressão de já ter visto mulheres com aquele tom de cabelo antes.
Laian disfarçava tentando fazer a mulher nem se quer ter tempo de lembrar algo sobre bruxas então depressa saíram de lá. Ao longe se ouvia a voz da mulher e do vigilante da vila lhes acenando e desejando uma boa viagem.
ㅡ Não aguentava mais a falação dela. Replicou Sol respirando aliviada. Laian continuou quieto. Ele estava muito silencioso desde a noite passada. Sol sentia que ele parecia inerte em si mesmo, ela desejava saber o que se passava em seus pensamentos e o que sentia. Mas ela também ficou em silêncio, caminharam o dia quase inteiro, no fim da tarde descansaram depois de Estrelado se assustar com um lobo faminto que Laian espantou com o fio de sua espada, eles precisavam tonar mais cuidado, a viagem estava ficando mais perigosa. Conseguiram chegar em um emaranhado de pedras gigantes, tão altas que de fato pareciam grandes homens carrancudos dormindo eternamente. Laian pela primeira vez aquele dia falou algo com Sol. Disse que o nome daquele lugar era o labirinto dos sete reis alados. Foi aí que Sol percebeu que as grandes pedras eram em sete, e por serem grandes dificultavam a passagem formado outras estradas e impossibilitando a visão ampla deles. Mas Laian conhecia bem aquele labirinto de pedras em forma de homens.
ㅡ Veja, aquelas pontinhas lá no topo de cada uma são as coroas dos reis. Sol seguiu a orientação de Laian e se surpreendeu ao conseguir decifrar as coroas no emaranhado de rochas.
ㅡ Você conhece muito bem esses caminhos...
ㅡ Viajei bastante com Herlom e com Mafri e seus suditos, na maioria das vezes até sozinho.
ㅡ Eu teria medo, é tão esquisito esses lugares.
ㅡ Você se acostuma com o tempo. Eu amo esses lugares. Os olhos dele estavam irritados pelo vento gelado que lhes batiam na face. Sol sugeriu que parassem para descansar um pouco. Laian concordou, mesmo dizendo que iriam atrasar a viagem. Mas ao se protegerem em uma concavidade das rochas e os cavalos em outro espaço onde a neve não chegava, Sol sentiu-se ainda mais cansada e se cobriu com sua capa e algumas cobertas que a madame Luna lhes dera. Laian começou a ascender um fogo com o pouco de lenha que guardou no caminho até ali. A noite não tardou para cair e Laian concordou que Sol era melhor que ele para saber os horários de cabeça. Eles conversaram um pouco sobre o reino de Ascalom e sobre o pai de Sol, sobre a mãe dela também, Sol disse não ter tido a chance de conhecer sua mãe pois era só um bebê quando ela morreu assim que lhe dera a luz. Sol disse que durante toda sua vida se sentia culpada pelo acontecido com Suzana, falou de seus irmãos e do quanto eles foram ingratos com ela. Laian disse que recebera notícias de Mafri dizendo que os irmãos de Sol foram embora para os lados do reino oriente, ou melhor conhecido, a terra dos gigantes. Sol ficou temerosa, mas Laian a tranquilizou, deixou Mafri responsável para encontrar e trazê-los de volta para ela o quanto antes no reino de Ósseas. Sol ficou ainda mais surpresa e deixou um grande sorriso florescer, ela correu até Laian e o abraçou ele retribuiu meio sem jeito. Depois ficaram se olhando por um tempo.
ㅡ Eu disse alguns dias atrás que nada do que você fizesse poderia me fazer sentir melhor. Laian ouvia atentamente o que ela dizia.
ㅡ Eu me sinto muito feliz agora. Ele pareceu ainda mais surpreso. Sol não estava mentindo, ela era muito feliz em Eprain, mas no fundo havia um medo, uma culpa, algo omitido e com Laian não, ela nunca precisou mentir, ele sabia tudo sobre ela e aceitava Sol do jeito que ela era. Sol sentiu uma lágrima cair. Ela não queira chorar se sentia sendo fraca de novo fazendo aquilo, estava feliz por não ser tão ingênua mais, ela não queria se sentir para baixo de novo.
Laian tocou o rosto dela, Sol ergueu os olhos cheios de água prestes a caírem, Laian as secou, uma a uma. Ele também chorou.
ㅡ Sei que não sou digno de tal privilégio, mas morreria feliz um dia se você me concedesse seu perdão. Fui um covarde torturando um ser tão bondoso, amável e puro como você, o mesmo vale para seus amigos...
ㅡ Já estais perdoado Laian! Aprendi com a vida que não devo guardar rancor, isso envenena a alma.
ㅡ Disso bem sei... minha família foi destruída por isso, eu sou um ser desprezível por isso...
ㅡ Não diga isso Laian! Você é... ele a encarou, parecia envergonhado e triste.
ㅡ No fundo de tudo você é só um menino amedrontado. No fundo você é como qualquer um de nós, imperfeito. Quem somos para julgarmos uns aos outros?
ㅡ Sol...
Laian foi interrompido por um trovão, a neve agora dava lugar a uma chuva forte e barulhenta. Mas Sol não se importava, ela se aproximou de Laian e o abraçou, sentia diferentes sensações e por um momento teve vontade de...
Laian puxou Sol para si e a beijou, algo suave e terno, mas a medida que sentiam a emoção do amor que se formava eles se renderam deixando com que os beijos fossem mais intensos e então ela se afastou.
ㅡ Eu sonhei com isso há muito tempo...
ㅡ Como? perguntou ela, seus lábios ainda sentiam aquele beijo.
ㅡ Não sei, só sei que tem algo dentro de meu peito que faz meu coração bater descompassado. Não consigo descrever em palavras...
ㅡ Eu também!
Ao ouvir aquilo Laian chorou mais uma vez, Sol também. E ambos se perguntaram...
ㅡ O que fazer?
ㅡ Pelos céus! Sol isso só pode ser maldição!
ㅡ Isso é amor Laian...
ㅡ Você pertence a Caspian!
ㅡ Não sou dele a não ser de meu pai, e só serei de outro homem quando meu pai me conceder essa graça, não te aflijas Laian, é fato que cheguei a acreditar em um sentimento por Caspian, mas isso, isso nunca foi tão intenso e tão real. Fora que...
ㅡ Fora que? Laian quebrou o silêncio.
ㅡ Ele não sabe de nada do que sou. E se descobrir vai me odiar para sempre. Uma impura, que na verdade uma bruxa que mentiu para ele todo esse tempo. Ele vai passar a me odiar e todo o amor que diz sentir desaparece-rá dando lugar a vergonha de ter me defendido um dia.
ㅡ Ele não sabe a jóia preciosa que ele perde se ele de fato pensa assim...
ㅡ Ele vai me matar Laian! Aqueles doutores da lei do reino de Eprain desejam isso, eles nunca se contentaram com a história que Charlotte me fez criar.
ㅡ Eles não ousem tocá-la, dessa vez matarei Caspian de verdade.
ㅡ Não! Você prometeu não lutar mais contra Eprain! Você prometeu...
Laian abraçou a menina, envolveu ela com carinho em seus braços.
ㅡ Mas, não posso deixar que eles te façam algum mal! Eu... Já fiz tanto mal a você que... eu morreria junto. Sol, minha vida, não consigo ver minha vida sem a sua. Não sei que espécie de magia é essa mas é bom, me faz bem, um bem que nunca pensei sentir e ser antes.
Ela fechou os olhos e desejou nunca ter conhecido Caspian antes, se sentia culpada pelo sentimento que ele nutre por ela e não fazia idéia do que fazer para que ele entendesse que tudo mudou. Sol percebeu naquele momento que haveria uma luta agora, novamente
Ósseas e Eprain, mas não por poder, e sim por amor. Ela implorava em seu coração para que não fosse acontecer, mas sabia que depois de se reencontrar com seu pai e se apresentar para Caspian e seu reino para continuar aquele velho julgamento tudo seria diferente, Caspian a odiaria e jamais aceitaria esse amor entre ela e seu primo que eram inimigos.
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Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}
FantasiEra uma vez, uma menina simples do interior de Lebanon, Estado de New Hampshire nos EUA. Ela e sua família eram pessoas humildes e Sol era a caçula dentre outros seis irmãos, seu pai sempre se esforçou para cuidar de cada um deles, principalmente qu...