VII-Uma Longa Conversa e Uma Grande Amizade

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Depois de ajudar a raposa, Sol foi surpreendida com muitos elogios, cheia de graça e encantos a raposa parecia radiante de alegria por ter sido ajudada por alguém tão diferente.
As duas conversaram por um bom tempo da noite, os irmãos de Sol ainda não haviam voltado e ela não desejava voltar para casa e ficar só, a companhia da raposa falante era bem melhor.
ㅡ E onde fica esse lugar chamado Eprain?
ㅡ Ah, fica na floresta encantada.
ㅡ E onde fica essa floresta?
ㅡ No mesmo lugar onde você roubou as frutas aquele dia.
ㅡ Eu não roubei frutas nenhuma! exclamou condoída, Sol.
ㅡ Talvez não foi essa sua intenção, mas não podes levar nada da floresta encantada, na verdade, aquele pequeno espaço é só a passagem para o verdadeiro reino de Eprain.
ㅡ Então isso explica porque as frutas que trouxe se transformaram em pedras.
ㅡ Sim. Você pode as provar ao encontrar a passagem, mas não consegue transportá-las para outro lugar sem que virem folhas, ou pedras ou até mesmo galhos. A menos claro, que você as leve para dentro da passagem, para o outro lado da floresta encantada, aí sim serão válidas.
ㅡ O que tem lá?
ㅡ Na floresta encantada?
ㅡ E nesse tal reino de Eprain?
ㅡ Vejamos...
Há um grande castelo, com belas casas ornamentais ao redor, também várias árvores nativas do bosque, cobertas de magia e frutas...
ㅡ Espera!
ㅡ Mas o que foi menina? acaso disse algo errado?
ㅡ Você disse magia?
ㅡ Ah sim, muita forma de magia. Lá vivem as pequenas fadas da floresta, há também grinfos, mas estes só saem a noite, eles não são muito amigáveis...
ㅡ Fadas? como elas são?
ㅡ Vejamos... Elas parecem um pouco com você, na verdade parecem muito, só que de um tamanho menorzinho e com asas coloridas nas costas, ah, e elas tem dentes afiados como serras, mas não se preocupe, elas só usam eles para roer a madeira das árvores quando estão esculpindo suas casinhas. Você tem que ver, são umas gracinhas as casinhas das fadas...
ㅡ E os grinfos? como eles são?
ㅡ Os grinfos não tem forma, na verdade são apenas pontos de luz, por isso só andam a noite, não podemos vê-los pelo dia e também eles não gostam da luz do sol, preferem a luz da lua.
ㅡ Que coisa mais estranha, e também mais triste!
ㅡ Nisso concordo com você. Mas me responda algo menina...
ㅡ Tudo que você quiser amiga raposa.
ㅡ Como é seu nome mesmo? conversamos tanto e ainda não sei sobre isso.
ㅡ Ah, sim! que falta de modos essa minha... Me chamo Charlotte.
ㅡ Sol é meu nome...
ㅡ Espero que nunca diga seu nome aos grinfos, certamente eles a detestariam.
ㅡ Mesmo? eu ficaria muito triste por isso.
Sol baixou o rosto enquanto deslizava seus dedos pela trança cumprida de seu cabelo ruivo, estar sentada no campo a noite, iluminada apenas com a luz da lua e das estrelas tendo por companhia uma raposa tagarela, Sol se sentia um pouco indecisa se estava ficando louca ou se tudo era um sonho daqueles malucos. Ela estava decepcionada consigo mesma. Como ela se sentia odiada por todos, ter o ódio de criaturas estranhas não fazia muita diferença, mas ainda sim, a deixava triste.
ㅡ Eu gosto do seu nome! disse a raposa toda ponposa.
ㅡ Mesmo?
ㅡ É um nome forte, poderoso! posso até dizer que marcante.
ㅡ Você diz isso, mas no fundo o acha estranho...
ㅡ Óbvio que não! sou uma raposa muito sincera, e sinceramente mentir eu detesto.
Seu nome me lembra luz, alegria, espírito de aventura.
ㅡ Espírito de aventura?
ㅡ Sim! sua alma anseia por liberdade, posso sentir há léguas.
ㅡ Gosto de descobrir coisas novas.
ㅡ Uma grande virtude minha cara. Mas não é só isso que seu nome representa.
ㅡ Não?
ㅡ Não. Representa beleza, sem o sol nada seria vivo, nem colorido, nem cheio de alegria, você é muito bela Sol, seus pais devem ter orgulho de tê-la como filha.
Sol escondeu ainda mais o rosto, para que a raposa não percebesse suas lágrimas ao lembrar de que a única alegria que trouxe para sua família foi quando ainda estava no ventre de sua mãe. Depois disso tudo desmoronou, feito tempestade numa noite fria.

***


Quando voltou para casa percebeu que já era muito tarde e que deveria ir dormir, seus irmãos chegaram tarde da noite já embriagados, todos eles, rindo e falando bobagens, todos estavam bêbados e lerdos.
- E onde está o tal porco? eu pesei que tinham ido o procurar e vejo que voltaram neste estado decadente! Disse Sol cruzando os braços, enquanto Daniel tentava sufocar o pobre e magricela do Jesen entre seus braços fortes, tudo isso ao mesmo tempo que gargalhava alto com a falta de ar do outro.
- Parem já com isso!
- Largue de ser chata Sol! é só uma brincadeira divertida...
- Vocês não acham que já estão bem crescidinhos para tais brincadeiras?
- Aí como ela é chata! disse Edmundo enquanto se engasgava com a própria saliva.
- Ela é tão mandona que parece com nosso pai... continuou Simão.
- Só podia ser nossa irmã metida mesmo. Vejam como ela levanta esse nariz. Disse todo mal humorado o irmão mais velho, Daniel.
- Não faça isso meus irmãos! não diga aquilo... Não vá até lá, não sejam tão ogros... Disse Rafael o que mais era calmo, mas naquela noite depois de beber todas, estava tão irritante quanto os outros.
- De todo modo lhe dizemos que o porco fujão estava preso em uma pocilga numa fazenda abandonada perto daqui. Infelizmente ele nos deu tanto trabalho que decidimos matá-lo e comê-lo no caminho...
- Vocês mataram o porco?
- Ele nos forçou a isso, o bicho não queria voltar de jeito nenhum! Então voltou em nossas barrigas... fizemos uma fogueira, limpamos ele e assamos o leitão que por sinal ficou divino com o vinho que Daniel levou. Explicou pausadamente Simão, que já não se aguentava em pé e caiu aos pés da velha mesa de madeira que papai fez e ali ficou sentado com cara de paisagem, pouco se importando com o estado degradante em que se encontrava.
- Ao menos conseguiram acertar o caminho de casa. No estado em que se encontram só um banho frio para tirar a bebedeira. Agora vou me recolher e por favor não quebrem mais nada... disse Sol se referindo ao pote com água que estava sob a mesa e agora em pedaços no chão, depois que Dominique o derrubou.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora