XVII-O Medo de Sol

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O vestido realçava sua beleza, suas curvas modestas, porém bem delineadas contornavam o tecido fino de cor rosa opaco. Um leve tom rosado que chamava a atenção para os cabelos cacheados, longos e vermelhos como sangue, caídos até o meio das costas. Era de longe a pessoa mais doce e triste que já havia visto. Aquela menina parecia em pedaços e Charlotte não pôde deixar de notar isso enquanto ela caminhava em sua direção.
ㅡ Por que você veio Sol? como conseguiu chegar até aqui?
Sol parecia inerte como se não enxergasse a si mesma no reflexo da fonte que havia em dos salões do palácio.  Estivera quieta e muda desde a saída da fada Lilive.
ㅡ Isso já não importa Charlotte.
ㅡ Como não?
ㅡ Agora não passo de uma intrusa não é mesmo? não gastarei minha saliva lhe contando detalhes de uma vida que já não faz parte de mim.
ㅡ Me desculpe Sol...
ㅡ Você disse que aqui era um mundo maravilhoso, encantador e cheio de bondade.
ㅡ E é!
ㅡ Não sei se posso mais acreditar nisso! desde que cheguei aqui sofro toda forma de insultos e até tentaram me matar!
ㅡ Já lhe disse que são apenas flores e alguns animais da floresta...
ㅡ Não importa o que seja! nada disso me interessa, nem seus argumentos, nem suas mentiras, nem suas
desculpas, nem mesmo seus amigos esquisitos. Nada disso me interessa mais! Tudo que desejo agora Charlotte, é poder sair desse lugar, só isso... Diante das lágrimas de Sol a raposa não se conteve de arrependimento. Ela sabia o quanto tudo aquilo estava sendo difícil, já passou por isso no mundo de Sol e ela a ajudou, mas Charlotte não poderia fazer nada agora para ajudar a menina.
Ela se aproximou de Sol e a abraçou, a menina não conseguia controlar as lágrimas e o medo que sentia, por isso Charlotte iria com ela para a sala real, para ser interrogada por vários da nobreza e pelo futuro rei.
ㅡ Sei que não tenho poder algum para tomar qualquer decisão neste momento, mas posso lhe afirmar de todo meu coração minha pequena indefesa, que jamais permitirei que lhe façam algum mal, posso jurar com minha própria vida que não vale muita coisa, mas é o que me resta para ajudá-la. ㅡ Sol observou os olhinhos brilhantes de Charlotte, seu focinho caído e seu semblante de pesar. Nada daquilo fora culpa dela, Sol jamais conseguiria guardar algum tipo de rancor com um ser tão puro e gentil como ela.
ㅡ Charlotte... ㅡ A raposa ergueu seu olhar.
ㅡ És minha única amiga e a quem mais estimo, nada irá nos acontecer pois a força de nossa amizade será mais forte. ㅡ Sol segurou a pata de Charlotte e beijou-lhe o focinho.
ㅡ És como uma irmã de alma para mim. Obrigada por estar aqui comigo, sinto-me grata apenas por isto.
ㅡ A raposa com todos seus longos anos de vida jamais havia chorado, mas naquele momento, diante de sua irmã de alma ela sentiu seu coração apertar e as lágrimas escorrerem. E assim caminharam as duas pelos longos  corredores do castelo.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora