XLVII-O feiticeiro Herlom e o segredo perdido

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Depois de um certo tempo tudo parece se tornar familiar, Sol teve essa sensação ao entrar ali, mesmo que nunca estivesse de fato em um lugar como aquele antes; mas o abraço inesperado do feiticeiro de Herlom a deixou confusa. Ao término do prolongado abraço o homem perguntou quantos anos ela tinha ao ouvir concordou e mandou chamar alguém sussurrando no ouvido de um de seus homens, o coração da menina batia forte, seria mesmo quem ela estava pensando? Não tardou e uma pessoa surgiu por detrás de uma das grandes paredes decoradas e ornamentadas do castelo. Enquanto Sol vivesse jamais esqueceria aquele jeito de andar, enquanto ela respirasse não cansaria de admirar seus olhos, enquanto existisse não seria capaz de descrever a imensidão de alegria que sentia ao vê-lo, as pernas dela tremiam e mesmo que quisesse correr até ele não conseguiria por si só. Então ele o fez por ela e correu em sua direção e a abraçou forte, tão forte como se cada fibra do corpo de Sol fizesse parte do dele e de certa forma fazia.
- Pai! Pronunciou Sol, aquela simples palavra dita por ela não poderia ter causado maior imensidão de lágrimas e contentamento entre os dois. E quanto mais choravam e afundavam um no outro mais Sol sentia necessidade daquele abraço. Quantas noites ela havia chorado sua ausência? Quantos dias tinha sonhado que ele estava de volta são e salvo? Quantas vezes deteve-se de tirar a própria vida por amor a ele? Quantas vezes sentiu saudades tão profundas que jamais encontraria explicação para descrever e ele não chegava? Ela queira dizer tudo aquilo, queria que ele soubesse o quanto ela sentiu sua falta, mas Sol sabia que não precisava dizer em palavras, seu amado pai já sabia, ele sempre a conheceu muito bem. Ela sentiu os lábios dele lhe tocarem o topo da testa em gesto de carinho e proteção ele segurou seu queixo e admirou sua filha por um tempo. Todos os observavam, o silêncio havia tocado cada um naquela grande sala.
- Minha princesa. Você... a voz de Leonard era cheia de amor e ternura. Era como uma canção de ninar para Sol, agradavelmente bom e familiar...
- Você está linda!
Ela sorriu e abraçou seu pai novamente, passaram mais alguns instantes até que enfim eles pudessem agradecer por terem os ajudado. Sol notou que Laian ainda que feliz estava triste. Ele a olhava e olhava para seu pai, sem nada a dizer voltava a observar o feiticeiro conversar. Até que levaram Sol e Laian para se recompor da viagem. Sol estava tão feliz que nem sentia dor, nem cansaço. Depois que se arrumou e comeram, conversaram muito sobre algo que ainda não fazia sentido para Sol nem para Laian. Como Herlom e o pai de Sol se conheciam...
- Conheci sua mãe Sol... disse o feiticeiro.
Ela foi uma grande amiga, devo admitir que alguém como ela nunca mais existiu nesse mundo misterioso.
Você e Suzana são incrivelmente parecidas.
- Sua mãe é amiga de Herlom minha filha, ela era uma bruxa nesse mundo, ele também é...
- Uma bruxa não! Costumava dizer que Suzana ainda seria rainha. Mas ela preferiu fugir com você Leonard, uma tragédia!
Meu pai não parecia ofendido com o comentário do homem, mas também nada disse.
- Sua mãe conheceu Leonard querida Sol em uma de suas escapadas para o mundo dos impuros. Foi aí que se apaixonaram, e bem, eles ficaram juntos. Mas antes disso Suzana fez questão que Leonard conhecesse suas origens por isso trouxe o impuro para este mundo e em especial... para nosso reino, ele conheceu a mim, seu inseparável amigo e com minha aprovação e digamos que com um pouco de desaprovação também se casaram. Mas sua mãe não quis ficar aqui; disse que com a perseguição constante de todos em batalha contra Ósseas e Eprain que sempre foram rivais, nesse momento o feiticeiro de língua afiada lança um olhar de denúncia contra Laian que na história que se seguia ainda nem era nascido. Laian finge que não percebe, mas Sol nota que além de interessado na história ele passou todo tempo em silêncio e extremamente quieto.
- Suzana tinha razão quando decidiu viver longe daqui, toda sua geração havia sido morta por pessoas mesquinhas e ambiciosas por poder. Sol notou que Laian se remexeu na cadeira grande e confortável da mesa gigante, ele parecia cansado daquela história.
- Sua mãe abandonou tudo, para viver uma aventura...
- Para viver um amor verdadeiro Herlom! Corrigiu Leonard. A refeição estava coberta de revelações e todos pareciam apreciar.
- Suzana seria morta se não a tivesse tirado daqui.
- E de que adiantou? Replicou O feiticeiro.
Se ela morreu do mesmo jeito tempos depois? Ao dizer isso Sol não pôde deixar de se sentir ofendida, talvez todos ali soubessem os motivos que levaram a morte de sua mãe. Sol também sabia e mais uma vez ela se viu com aquele velho sentimento de culpa. Sol se levantou e saiu correndo daquele lugar, foi parar em uma varanda posta no precipício negro e vasto que era aquele lugar. Seu coração se parecia com aquilo na maioria das vezes. Ela sentiu o toque suave de alguém, era Laian.

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- Você prometeu não dizer nada que faria minha filha se sentir mal!
- Me perdoe Leonard, mas tenho minhas razões... óbvio que a menina não tem culpa nenhuma, ela é só fruto de um grande erro que foi sua história com Suzana.
- Amava Suzana e por ela lutei até o fim para protegê-la e proteger nossos filhos.
- E até seus filhos você perdeu!
- Vou encontrá-los! Assim como reencontrei minha filha.
- Não vamos discutir velho camarada, alegria é convidativa entre nós! Veja! Estamos em família praticamente...
- Você é um grande covarde Herlom.
- Oh, quanta gentileza de sua parte, mas não é para tanto! Ela ficará bem... rei Laian é ótimo em acalmar jovens donzelas.
- Dê-me licença Herlom. Disse Leonard se levantando da mesa e indo em direção para onde fora sua filha. Ele estava tão feliz que nada, nem mesmo o senso de humor infame de Herlom o feiticeiro, poderia lhe deixar zangado. Na realidade tudo que Leonard desejava era poder ir embora com sua família o quanto antes.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora