VIII-Papai Não Voltará

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Duas semanas se passaram desde que os irmãos de Sol chegaram bêbados, mas já haviam voltado para a estrada. Dessa vez não em busca de porcos, galinhas ou algo parecido, mas pelo pai. Sol estava feliz, finalmente haviam feito algo realmente promissor e útil.
Era uma manhã de primavera e haviam poucas nuvens no céu, ao longe Sol havistou por entre as árvores naquela velha estrada de terra que cortava a floresta ao meio como uma dolorosa cicatriz, seus irmãos regressarem de viagem, todos montados em seus cavalos potentes, mesmo de longe ela podia enxergar em seus olhos, pontos de desânimo. Haviam ido procurar Leonard, mas não o trouxeram de volta para casa.
Sol caminhou timidamente até eles a medida que se aproximavam, fora uma longa viagem, todos pareciam exaustos.
ㅡ Não o encontramos Sol. Adiantou-se em dizer Edmundo, antes que ela os pudesse perguntar...
- Ele deve ter conseguido algo melhor, descoberto um novo negócio em outra cidade, talvez... Talvez esteja juntando dinheiro para melhorar nossa vida de uma vez! respondeu Sol, cheia de esperanças.
ㅡ Não se engane tanto Sol. Papai nunca demorou tanto para voltar, também não nos falou nada sobre outro negocio, por que ele não nos manda uma carta então? Disse Oliver
ㅡ Bem verdade! E por que não deu mais notícias como fazia das outras vezes? interveio Simão, soando melancólico.
ㅡ Ele deve estar muito ocupado meus irmãos!
ㅡ Pensei que fosses mais inteligente Sol! vejo que não passas de uma tola mesmo, acaso sabes quantos dias ficamos a procurar por nosso pai naquela cidade infernal? perguntou Daniel.
Sol baixou o rosto enquanto lágrimas caiam de seu rosto como gotas de uma profunda tempestade.
ㅡ Sete dias, ficaram sete dias... Disse ela entre soluços.
ㅡ Isto mesmo! sete dias e sete noites, e nenhum vestígio dele. Agora me digas, que fim levou nosso pai a desaparecer da cidade feito poeira no vento e não nos dar mais notícias? uma hora dessas sabe-se lá o Senhor do céu onde é que que o corpo de nosso pai se encontra, se não numa valeta qualquer ou uma estrada deserta deixado por ladrões forasteiros que levaram além de seus pertences, seu dinheiro e seu cavalo a sua vida também...
ㅡ Nosso pai não morreu Daniel! Nosso pai não está morto!
ㅡ Nosso pai não existe mais Sol.
ㅡ Não! gritou ainda mais forte Sol, que depois de ouvir todo aquele horror não conseguia suportar outra tragédia em sua vida, não com seu querido pai, não com alguém que a ama e que ela não estava pronta para deixar partir. Não quando todas as suas forças não
aceitavam tal mau sobre suas costas. Ela deixou-se cair na terra amarela do chão, deixou-se conter de fato pela tristeza.
Simão desceu de seu cavalo e tentou a consolar, os outros pareciam absorvidos em si mesmos como se nada daquilo fosse real, e como Sol desejava que não fosse.
ㅡ Acabou Sol, nosso pai agora descansa junto de nossa mãe...
ㅡ Cala-te Daniel! Aquieta-te! não vês que isso só a deixa mais atormentada? disse furiosamente Simão, abraçado a irmã.
ㅡ A verdade é dura, mas tem de ser dita Simão! Papai nunca mais voltará.
Depois de ouvir isso, Sol não se conformou e saiu correndo dali em direção a floresta, Simão e os outros tentaram a impedir mais ela já havia desaparecido por entre as árvores silvestres, deixando para trás apenas o laço de fita verde que escorregou de sues cabelos e o vento trouxe até pousar nas mãos de Simão. Foi a última vez que a viram.

Continua

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Continua...

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora