XLII-Um só toque ambos sentindo em dobro

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Dedico estes Capítulos para: ThasVieira112

A capa de Sol estava pesada, uma crosta de neve se formou em seus ombros e suas sobrancelhas e nariz estavam brancos pelos flocos de gelo e o frio de congelar a alma

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A capa de Sol estava pesada, uma crosta de neve se formou em seus ombros e suas sobrancelhas e nariz estavam brancos pelos flocos de gelo e o frio de congelar a alma. Laian disse alguma coisa que Sol não pode compreender pelo barulho do vento, e a tempestade os pegaram mais cedo do que o previsto, ainda estavam quase no fim da tarde, já haviam caminhado boas milhas de distância do reino de Ósseas, já haviam parado para descansar e comerem algo em uma cabana abandonada na estrada que Laian disse ter sido de um velho conhecido seu que trabalhara como soldador em seu castelo, mas que pela longa idade padeceu. Laian disse que pedira muitas vezes para o homem morar nos cômodos das casas ao redor do castelo, mas ele amava aquela velha choupana como um tesouro, só aí Laian disse que foi lá que brincou muitas vezes quando criança na companhia do velho Morli, esse era o nome do dono da cabana, ele nunca aceitou sair de lá porque foi onde teve toda sua família e sua esposa e seus três filhos morreram em um rio próximo de lá. Laian parecia absorto em lembranças vagas daquele pobre homem, por um instante Sol se perguntou como alguém que matou tantos e já foi tão cruel poderia ter sentimentos tão profundos, aos poucos ela percebia que na verdade, Laian só não teve o mesmo tratamento que Caspian, ele teve uma vida infeliz enfurnado em um castelo sombrio repleto de amargas lembranças, Sol podia até ouvir o choro que aquelas paredes escondiam, choro de uma mulher não amada, choro de uma criança deixada só, choro de vazio e de saudade, Laian não tinha ninguém, por isso seu amor pelos elfos, foram os únicos seres que cuidaram e protegeram ele todo esse tempo e de certa forma retribuiram com amor para o menino Laian também; que cresceu cheio de amargura e influenciado pela ganância dos elfos, sim, Sol ouviu dizer que os elfos são extremamente gananciosos, diferente das fadas que almejam paz e alegria para todos, os elfos almejam poder.
ㅡ Você está muito silenciosa agora...
Sol voltou a atenção para Laian que caminhando ao seu lado em seu cavalo vez ou outra as capas de ambos batiam em suas pernas contra o vento forte. Os olhos dele eram como dois cristais reluzentes e azuis, Sol conseguia enxergar seus longos cabelos vermelhos no reflexo deles.
ㅡ Estou cansada, e... creio que nossos cavalos mais ainda, pobrezinhos está muito frio e muito dificultoso cavalgar com toda essa neve.
Laian olhou para o horizonte, depois parou seu estimado cavalo, sua capa parecia querer o fazer voar e então ele apontou fazendo Sol olhar também para longe em sua frente.
ㅡ Está vendo aqueles pontos de luz ao longe?
ㅡ Sim.
ㅡ Se chama o Vilarejo da Saudade, é uma fileira de casinhas com camas, chaminés e sopa de cogumelos quentinhos para nós. É para lá mesmo que estamos indo, você acha que conseguimos chegar lá ainda?
Sol se abaixou um pouco, encostando o rosto de seu cavalo.
ㅡ O que acha Estrelado? Você ainda aguenta algumas horas meu bem? O cavalo relinchou. Laian sorriu fortemente.
ㅡ Ele pode não ser de Eprain não podendo falar, mas lhe entende bem! Disse o rapaz encarando sua companheira de viagem.
ㅡ Eu poderia dar um jeito nisso! disse Sol passando a mão no animal.
ㅡ Acho melhor não Sol... Não seria má idéia e sei que seus poderes são aptos para isso, mas lembre-se que animais falantes em Ósseas e outros reinos vizinhos é quase um insulto. Eles não são muito bem vindos...
ㅡ Tudo bem, não vou fazer. Mas você me permite quando eu voltar para Eprain? Ela parecia uma criança pedindo doces.
ㅡ Ele é seu... faça o que desejar, desde que o faça nunca esquecer de mim! Ele é muito especial.
Mas antes que Sol dissesse algo mais Laian já retomava sua caminhada, seu cavalo cortando a neve e o frio com grande bravura, ela o acompanhou e assim se foram contando as horas e minutos para chegar no Vilarejo da Saudade. Durante todo o caminho restante não disseram mais nada, o frio estava insuportável para Sol que tentava se aquecer em vão em seu longo vestido e sua grossa capa de veludo escuro como ébano. Já era noite e a escuridão os impossibilitava de se aproximarem um pouco mais do vilarejo que já se podia ver nitidamente.
ㅡ Estamos tão próximos... veja! Já consigo ver os portões! E Dramian ao longe na pequena torre de vigia!
ㅡ Não enxergo nada além de grandes pontos de luz. Exclamou Sol fatigada.
ㅡ Laian desceu do cavalo e puxando o seu e o de Sol caminhou apressadamente por entre o escuro da relva e da estrada. Não demorou muito e estavam de fato em frente em um portão e do alto um homem alto e vestido em armadura berrou um quem são você forasteiros. Laian retirou o capuz da capa de sua cabeça deixando exposta sua face, logo o homem o reconheceu sem nem mesmo precisar ouvir a voz do jovem rei. Os portões abriram-se e eles adentraram. Caminharam alguns quilômetros até chegar nas casas, homens levaram os cavalos para o estábulo quentinho e cheio de capim verde garantiram eles, e os dois jovens foram levados para uma das casas, na verdade a maior que tinha onde uma mulher, não tão velha, devia estar na melhor fase, os recebeu com grande alegria, capas limpas e secas lhes foram entregues. Próximos a lareira estavam sentados, comeram uma deliciosa sopa de cogumelos e beberam um pouco de vinho servido pela adorável e bonita Sra. Luna, que ilumina a noite! repetia ela toda vez que a chamávamos pelo nome. Sol não gostou do sabor forte e amargo da bebida, mas nada disse, afastando a taça de prata e percebendo que Laian nem havia tocado no dele. Laian que parecia ser um velho conhecido por aquelas bandas sorria e relembrava histórias passadas de suas viagens. A mulher o chamava de Garotinho e em muitas vezes usava o nome do pai de Laian para o identificar, usando o Jr. Inicialmente. Como por exemplo: caro Dmitry Jr. Seu pai o rei Dmitry Sênior. Laian parecia desconfortável com aquilo, mas parecia tão cansado que só a corrigiu uma ou duas vezes e logo apoiou o cotovelo na mesa de madeira forrada com toalha de linho em xadrez vermelho e branco. Sol se sentia fora da conversa e por isso se levantou para se aquecer um pouco mais próxima a lareira, Laian acompanhou seus passos preguiçosos cautelosamente com o olhar, logo o silêncio tomou conta e então Sol ouviu quando a estranha e sorridente mulher lhe dirigiu a palavra lhe fazendo uma pergunta que lhe deixou envergonhada.
ㅡ E quando foi que se casaram?
ㅡ Sol olhou para o rei e para a mulher ambos a olhavam esperando uma resposta, mas antes que ela dissesse algo ele tomou a frente.
ㅡ No fim da última primavera.
Sol arregalou os olhos. O que ele pensava estar dizendo?
ㅡ Ora, mas não soube que a majestade fosse se casar! Pelos céus! Não convidou nossa gente! Laian ia dizer algo, mas foi interrompido pela mulher.
ㅡ Tudo bem alteza, você e toda a família real nunca foram de espalhar novas, eu já deveria saber que não estaria presente em seu casório...
ㅡ Mas nós não... Sol ia dizer algo, mas a mulher a ignorou e parecia ofendida com a falta de cortesia do rei.
ㅡ Sra. Luna me perdoe! Eu não estava tão bem para receber convidados, nosso reino estava passando por provações...
ㅡ Sim, sim alteza... compreendo bem! Ouvi rumores de guerra entre os dois reinos de novo. E... oh, não queira se chatear comigo! Onde já se viu uma mulher plebéia sonhando com casamentos reais. Descabido este desejo. Mas felicito os recém casados! Aproveitem bem a mocidade, enquanto ainda o são... depois dos 30 anos tudo começa a causar pânico e desespero.
ㅡ Você está enganada... Mais uma vez Sol foi interrompida pela mulher antes de concluir a frase. Dando a entender que ela discordava do que a mulher dissera, quando na verdade Sol queria apenas afirmar que não era esposa de Laian, mas percebeu que a mulher tagarela não lhe daria chances.
ㅡ Pode ser, pode ser... falo isso pois quisera eu estar como você jovem esposa, com meu querido marido que já se foi dessa para melhor. Ela suspirou ao lembrar do falecido marido e Sol já nem sabia como reverter toda aquela situação.
ㅡ Talvez você se case outra vez Sra. Luna... disse Laian.
ㅡ De jeito nenhum! Ninguém toma o lugar que fora dele. Nesse momento Sol saiu enraivecida da sala indo para um cômodo distante deles onde percebeu se tratar de um dos quartos. Ela sento-se na cama e baixou o rosto desejando logo encontrar seu querido paizinho. Não aguentava mais tudo aquilo.
Nesse momento sentiu alguém lhe tocar o ombro, ela afastou rudemente a mão de Laian, estava furiosa com ele.
ㅡ Calma! Deixe-me explicar...
ㅡ É bom que tenha mesmo uma boa explicação disse ela quase gritando, ele a segurou e com as mãos lhe prendeu em seus braços e tampou sua boca. Sol se debateu um pouco, mas amansou. Laian começou lhe explicando que dissera aquilo pois não queria que suspeitassem dela, que ela era uma Eprain e mais que isso a bruxinha que todos ouviam falar. Era muito perigoso para eles se por um acaso alguém interessado nos poderes dela os capturassem. Ele disse que a mulher era muito mexeriqueira, apesar de gentil e cortês. Laian lembrou Sol da vez que decidira a matar e extrair dela seus valiosos poderes, o rei tinha razão, sabe-se lá o que fariam, aquela gente acabou com todos os descendentes de Sol, e a mãe dela, Suzana só não foi uma por ter fugido para o mundo dos impuros como todos falavam. O rei garantiu a Sol que disse toda aquela mentira para protegê-la e não para chateá-la. Sol parecia bem mais compreensiva, seus lábios ainda pressionados contra a mão fria de Laian; ele foi se afastando até ir parar na janela do quarto quentinho e bem aconchegante.
ㅡ A tempestade está terrível, tomara que amanhã cedo já não esteja tão forte, vamos ser castigados.
Laian tocou o vidro suado da janelinha.
ㅡ Vamos ter fé. Disse ela. Ele a olhou meio confuso, mas parecia conhecer bem aquela pequena palavra. Deu alguns passos em direção a porta e a abriu.
ㅡ Boa noite Sol, bom descanso... disse ele.
ㅡ Mas você não vai ficar aqui? Perguntou ela erguendo uma sobrancelha e fazendo Laian parar e ficar atordoado de confusão.
ㅡ Mas...
ㅡ Se estamos vivendo uma farsa, que façamos isso bem feito. Sol parecia decidida, Laian por outro lado extremamente surpreso.
ㅡ Somos "marido e mulher" não somos? Ele confirmou que sim ainda soando confuso.
ㅡ Então durma no mesmo quarto, ou você acha que marido e mulher dormem em quartos separados?
Laian soltou a maçaneta e fechou a porta. Ele parecia muito cansado, Sol também. Ela retirou a capa e desfez o penteado de seus longos cabelos. Laian pegou uma velha cadeira de balanço de palha no canto do quarto e ficou próximo da luminária a luz de velas no criado mudo, estava sentado prestes a dormir. Mas observou Sol tirar as pesadas roupas e ficar apenas com um vestido fino de linho branco que usava por baixo. Ele fechou os olhos e relembrou do sonho, ela se aproximava com suas curvas de sereia, usava um fino vestido branco, Laian notou que era o mesmo, por que estava tudo se repetindo? Por que lhe vinham as lembranças de tempos em tempos? Ele abriu os olhos e ela já estava deitada coberta em mantas grossas e quentes, ela também o olhava, então ela estendeu a mão.
ㅡ Venha, deite-se, você vai sentir frio e uma cadeira não é confortável. Pode vir. Desde que não faça nada! A voz dela estava sonolenta e Laian ficou pensando quantos goles ela havia dado naquele vinho, mas lembrou que assim como ele ela não havia tomado. Então ele tirou algumas roupas pesadas e deitou-se delicadamente ao lado de Sol ela o cobriu e os dois permaneceram em silêncio por um bom tempo, tanto que Laian não sabia se ela já dormia. Ele não se mexeu, por medo de despertá-la, mas então sentiu o braço de Sol pousar sobre ele, ele a olhou, ela dormia profundamente, sua respiração como o sopro de um vento. O coração de Laian batia tão forte que ele já não sabia se sobreviveria aquela noite, mas ao observar sua donzela esposa de mentira dormindo feito anjo não resistiu ao impulso de lhe tocar a face, tocou os lábios dela que se remexeu um pouco, mas não despertou, Então ele fechou os olhos e também dormiu.

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Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora