XXVIII-Avante!

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Tudo estava calmo, tal paz não demonstrava que logo mais haveria um confronto onde só os bravos venceriam. Sol observava tudo detalhadamente, cada tijolo do grande castelo, os seus grandes portões de ferro fechados atrás de si, a bandeira onde continha um leão em um círculo de flores seguido pelo nome Eprain, numa das torres mais altas do palácio, - Eprain... repetiu Sol em seu coração, uma terra onde viviam seres que Sol jamais pensou ver um dia. Todos estavam postos, esperando seus inimigos, com espadas nas mãos e bravura nos olhos, outros com arcos e outros com lanças, os animais com sua força e agilidade, algumas fadinhas também iriam lutar, sua magia ajudaria, pois junto com o exército de Laian vinham os elfos e bruxos. Sol podia enxergar em seus olhares certa ânsia, apesar de tudo, todos queriam a mesma coisa, que tudo acabasse logo. Ela respirou fundo, sentia sua mente gritando exasperada que fugisse dali, sentia certo medo, todas às vezes que Caspian gritava bem ao seu lado para que todos se preparassem pois o comboio de Laian se aproxima. Vez ou outra ela sentia esperança de que esse tal Laian abrandasse o coração e não começasse uma guerra. Como alguém pode ser tão frio e tão impiedoso? não ter compaixão nem pelos seus? pôr a vida de seu povo por pura arrogância, a troco de nada, não havia motivos para algo tão doloroso, não havia mais espaço no coração de Sol para tanta comoção de ver tal deslealdade. Ela sentiu um toque macio em sua mão direita, olhou para o lado para ver melhor o príncipe que sorriu gentil e confiante para ela. Seus olhos negros cintilavam o doce ser que ele era, tão amável e tão paciente quanto nenhum outro, Sol se surpreendia cada vez mais com a capacidade que ele tinha de governar, ainda tão jovem, mas seu espírito transbordava sabedoria e mansidão.
- Não fique muito longe de Charlotte, nem de Lilive, elas irão lhe proteger, não tenha medo Sol, estarei aqui para socorrê-la quando precisar. Disse ele baixinho, quase como um sussurro, se Sol não tivesse aproximado seu rosto do dele, talvez nem teria compreendido.
- E quem irá protegê-lo meu senhor? perguntou Sol temendo que algo acontecesse a ele.
Caspian olhou-a ainda mais profundamente, sua mão ainda segurava firme a dela, seus dedos enlaçados nos dela num encaixe perfeito.
- Eu ficarei bem. Foi tudo que ele disse. Mas Sol não acreditava muito nisso, talvez seu maior medo naquele momento fosse que algo muito ruim pudesse acontecer a ele e ela estava triste. Ela observou que Lilive e Charlotte os encaravam, do seu lado esquerdo, Lilive com uma espada e Charlotte contava apenas com sua força; não pareciam tristes como Sol estava se sentindo, mas transbordavam coragem e mansidão assim como Caspian.

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Assim que Laian chegou junto de seu exército, uma grande barreira já cobria as muralhas do castelo, uma grande quantidade fora e outros aguardavam dentro dos muros caso Laian e seu povo conseguissem ultrapassar. Caspian fitou corajosamente os olhos de seu inimigo, até então seu primo mais velho, Laian.
Laian por sua vez lançou um olhar intimidador contra seu primo e não demorou muito para demonstrar por que estava ali.
- Vamos acabar logo com isso...
- Boas vindas Laian, pensei que tivesse ponderado mais à respeito desta batalha descabida e percebido o quanto isso não faz sentido!
- Jamais voltarei em minha decisão. Só haverá paz neste reino quando ele me pertencer...
- Então morreremos todos, Laian, mas não terás o prazer de nos escravizar nem tampouco possuir nosso reino. - Disse friamente Lilive que lançava agora um olhar de fúria em direção ao rapazote que aparentava ser um pouco mais velho que Caspian, mas cuja personalidade transbordava maldade. De pele extremamente pálida e olhos azuis como dois cristais, todos diriam que ele é um anjo ao invés de um demônio.
- Lilive... Não se engane tanto, não deposite assim tanta confiança, seu reino já foi martirizado muitas décadas, ainda persiste, mas não passam de vermes, todos vocês filhos de Eprain. Ao dizer isso Laian deu seu grito de guerra e assim proclamou o grande confronto entre Ósseas e Eprain. Enquanto seu comboio avançava contra Eprain, Sol só conseguia pensar em duas coisas, seu pai e seus irmãos, - Será que um dia os veria novamente? Ou seria esse o seu fim e o fim de todos ali?
Depois de se perguntar ela atirou sua primeira flecha que acertou em cheio no peito de um dos soldados de Laian, o homem caiu junto de outros e mais outros que estavam sendo atingidos pelos golpes de espadas e pelas mordidas mortais dos tigres e dos outros animais. Sol mal conseguia respirar diante de tanta luta, de tanto sangue sendo derramado e o pior de tanta ira em ambas as partes. Não demorou muito e fechas vindas do exército enfurecido de Laian atingiram uma porção de animais os ferindo e os matando logo em seguida. Caspian que lutava ferozmente contra seu primo, gritou para que Sol se afastasse dali para um lugar mais seguro, um segundo plano estratégico estava em mente, fugirem para a floresta junto com os outros arqueiros e assim atrair seus inimigos. Sol obedeceu e correram todos para a floresta, uma multidão de homens e de criaturas mágicas do reino Sul os seguiram, eram elfos, tão belos e tão perversos quanto. Eram alvos como neve e brilhantes, uma fina áurea de luz os envolvia assim como as fadas, todos tinham cabelos prateados, longos e lisos e olhos cinza. Sol não pôde deixar de admirar tal beleza. Mas diante do confronto, ela também não pôde deixar de odiá-los por serem tão impiedosos; não havia muito o que fazer quando se está sendo perseguido. Conan um dos mais experientes arqueiros de Eprain formou uma barreira de arqueiros e Sol no meio deles, todos prontos para atirarem e assim o fizeram atingindo muitos soldados e também alguns elfos que mesmo feridos continuaram insistindo e quando menos esperaram estes mesmos elfos ergueram as mãos e com seu poder ergueram alguns arqueiros sob o ar, Conan estava entre estes e aos sentir seu corpo sair do chão começou a se debater deixando o arco cair e Sol não compreendia porque ele não agia, não lançou sua flecha e ao ver o homem ficar vermelho enquanto se debatia percebeu que o elfo o sufocava com seu poder. Sol mirou rapidamente no elfo e o acertou na barriga, a criatura caiu e Conan foi liberto da morte.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora