XXII-Viva ao Rei Caspian e a Eprain!

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- Desculpe, mas... o que disse?
- Isso mesmo que você ouviu mocinha! por que não vai embora de uma vez e leva consigo toda praga que você carrega?
- Eu não entendo senhora...
- Desde que pisou nestas terras trouxe de volta a maldição das guerras. Sabe a quanto tempo não vivíamos em confronto com os Ósseas? muito tempo! e para quê? para você surgir das profundezas geladas da terra do Sul para amaldiçoar todos nós! vejam meu povo... vejam a desgraça de nosso reino, esta que todos do castelo protegem e dizem ser boa, não passa de uma bruxa disfarçada de visitante, mas que no fundo planeja mais derramamento de sangue, não é à toa essa guerra que irá acontecer, certamente ela já deu o sinal para seu rei o sombrio Laian para que se iniciasse a guerra.
Mesmo que Sol inevitavelmente tentasse protestar em sua legítima defesa, ela não poderia, quando todos que ali circulavam pelo mercado se voltaram contra ela e lhe apontaram o dedo. Todos gritavam friamente contra Sol que ao se ver encurralada por pessoas que lhe odiavam, sentiu-se sozinha e desprotegida, prestes a sucumbir ao eminente desespero, diante de tantas falsas acusações. Mas de repente... surgiu o próprio príncipe Caspian junto de Charlotte para lhe defender das garras de seus acusadores.
- O que pensam estarem fazendo? perguntou relutante o príncipe cheio de ira.
- Esta bruxa trouxe a maldição sobre nosso reino alteza... ela merece ser jogada do precipício de...
- Não jogarei ninguém de precipício algum! acaso ficaram todos loucos? o que pensam agindo dessa forma? julgamentos não lhes são permitidos neste reino!
- Mas príncipe Caspian... ela trouxe a guerra para nosso povo novamente! disse um homem com sua filha pequena escondida atrás de si.
O príncipe se aproximou do homem que pareceu temer à presença firme do jovem rapaz.
- Me diga... Se todos apontassem o dedo contra sua filha e lhe dissessem coisas horrorosas, o que acharias?
- Que estão sendo insanos! injustos! me desculpe alteza... mas minha filha é um ser bondoso, não merece ser comparada a uma desconhecida...
- Você está sendo insano e injusto neste exato momento! está julgando falsamente alguém que não conheces, ela é só uma menina! vejam todos! ela é só uma pobre menina arrancada de sua terra, de sua família, foi vendida como escrava nas águas do reino de Oceans, por piratas nojentos e ladrões, esta que todos julgam ser uma bruxa altamente perigosa não passa de uma criatura doce, amável, sofrida e que só quer se sentir acolhida por todos. Meu reino desde a condescendência de meus avós tem sido um reino justo e próspero. Meu povo nunca morrera de fome, nunca lhes faltaram amor, a virtude de ajudar o seu semelhante. Eram um povo que abraçava os desgarrados, acolhia-os no seio de sua pátria como sendo irmãos da mesma carne. Onde estão aqueles bravos e justos homens? onde estão aquelas mulheres valentes e cheias de compaixão e felicidade? a guerra que vamos travar não é a primeira nem será a última! Laian já deixou claro isso desde que se rebelou contra mim, não devemos culpar os inocentes pelo ódio de um rei tirano. Devemos sim! trabalharmos juntos, construir novos armamentos, novas espadas para mostrarmos a Laian e seu exército sangrento o quanto somos corajosos e determinados. Mas além de tudo... Somos todos unidos. Somos todos um só povo, somos todos Eprain. Diante de seu pequeno discurso e de seu interesse em defender os justos, ninguém foi capaz de contestar, até Charlotte que viu o príncipe nascer e crescer se surpreendeu com a pessoa obstinada que ele demonstrou ser ao defender com unhas e dentes a integridade de sua mais nova amiga. Sol também não pôde deixar de se emocionar e enquanto lágrimas de gratidão lhe caíam dos olhos, todos os demais concordavam com seu príncipe.
- Viva ao príncipe Caspian! viva ao nosso futuro rei! viva Eprain! gritou um homem ao fundo da multidão e todos o acompanharam em uníssono, aplaudindo e se curvando diante de Caspian, até mesmo algumas das criaturas mágicas que também estavam ali e a própria Charlotte se emocionaram e depositaram confiança em seu líder, se curvando em forma de respeito, Sol fez o mesmo e ele a encarou docemente, seus olhos negros como pontos escuros na vasta neve, lhe penetravam a alma e seu coração, ela não deveria sentir aquilo, como se nada mais tivesse alegria sem ele, sem seus olhos lhe olhando daquela forma, nem seu sorriso tão perfeito e inocente, nem sua bravura.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora