V-A voz de um anjo

553 59 4
                                    

Depois de algumas semanas, de continuarem fingindo que Sol não estava entre eles, todos se reuniram a mesa para tomarem o dejejum da manhã, que Sol preparou divinamente bem para servi-los e agradá-los também. Enquanto comiam e bebiam, Sol os observava discretamente enquanto terminava de bordar seu vestido verde que seu pai lhe trouxe de presente de uma de suas viagens, ela o achou lindo, mas Sol gostava de flores e bordou algumas na frente do vestido que combinavam tão bem com seus olhos esmeraldas. Seus irmãos continuavam comendo e nada disseram a ela como forma de agradecimento pelo banquete, nem mesmo um elogio como " está uma delícia," ou " está agradável." Nada foi dito a não ser conversas levianas entre eles mesmos.
Depois de terminarem, todos se dirigiram aos seus devidos afazeres, uns nos campos de colheita de milho e abóboras, outros nos estábulos, outros nos galinheiros e por fim... alguns saíram a caçada. Sol ficou sozinha na cozinha, sentada na cadeira de balanço de seu pai enquanto sentia-se desanimada para continuar a costurar. Então ela ergueu o rosto tristonha e percebeu não estar no mesmo lugar de antes. Havia uma cama bem forrada, um criado mudo, uma penteadeira com um imenso espelho, um candelabro aceso, a única luz no ambiente e uma cômoda. Era tudo que havia naquele espaço. Sol também notou a janela e tudo naquele quarto parecia abandonado pelo tempo. Mas eram objetos bonitos e que ela jamais viu. Então se levantou da cadeira e caminhou em direção a janela, não havia nada além de escuridão. Sol se sentia solitária e com frio. Sentiu um vazio e medo tomarem conta de si. Então ouviu alguém chamar seu nome suavemente, bem atrás de si. Ela se virou de súbito e não havia ninguém além dos móveis repletos de poeira. Segurou com firmeza a ponta do vestido e então... A voz suave a chamou novamente atrás da porta fechada. Ela caminhou em direção e a abriu não havia nada além de escuridão, pegou o candelabro e saiu dali correndo. Havia uma imensidão de escadaria. Que girava e girava e girava, mas a menina nunca conseguia chegar ao fim. Então ela viu uma luz forte, brilhante, cheia de vida surgir na sua frente, viu na luz um fecho de cachos longos e vermelhos, viu a silhueta perfeita e graciosa da mulher que descia correndo as escadas, Sol a seguiu, e a mulher sorria como uma criança solta brincando sem rumo.
ㅡ Você! Senhorita por favor, quem é você? ㅡ Perguntou Sol quase sem ar. Mas nada foi dito como resposta, além de sorrisos de diversão.
ㅡ Você pare já! Me tire daqui! estou com muito medo e minhas pernas estão fracas. ㅡ A misteriosa figura parou de costas. Sol também parou. O candelabro tremia em sua mão.
Então a mulher virava o rosto e a menina podia ver seus olhos como cristais verdes e seus lábios formosos e rosados. Ela parecia um anjo iluminando tudo ao seu redor.
ㅡ Não tenhas medo pequena. Eu estou aqui. ㅡ Dito isto, Sol despertou.
E viu seu pai abrir a porta sorrindo, ela não se conteve de alegria e correu ao seu encontro para um abraço caloroso, coberto de lágrimas de saudades.

Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora