O abraço durou o suficiente para que Sol pudesse se sentir bem mais feliz, mas tudo não passou de um sonho, ela despertou meio atordoada quando seus irmãos chegaram. Ela estava completamente exausta por dormir de mal jeito na velha cadeira de balanço de seu pai, e não sabia que podia ter tanta facilidade para cair no sono sem que percebesse. Ela observou o tempo lá fora, já era noite e o céu estava divinamente deslumbrante aquela noite, enquanto isso seus irmãos se preparavam para sair novamente.
- Onde irão? perguntou ela aflita quando percebeu que ficaria sozinha.
- Vamos tentar encontrar um dos porcos que fugiu. Mas fique aqui!
- Mas...
Antes que Sol concluísse eles já tinham partido. Ela estava terrivelmente cansada e não compreendia por qual motivo. Levantou-se meio atônita e caminhou pela casa, impaciente, até que decidiu acompanhar os irmãos, mas eles já não estavam lá, haviam todos ido procurar o tal porco fujão.
Ela fechou as portas e janelas e saiu meio temerosa pelos campos das terras de sua fazenda, sentia falta de seu pai, já fazia muitos meses desde que ele viajou para trabalhar, mas até agora não deu notícias. Sol percebeu que seus irmãos também estavam preocupados, todos de certa forma demonstravam isso, fosse pelos olhares perdidos para além das velhas estradas ou para a velha galocha que ele usava para limpar o lugar dos animais.
Outro dia Sol ouviu atrás da porta quando dois de seus irmãos, Simão e Daniel, disseram que algo estava errado, que papai nunca passara tanto tempo longe de casa, eles temiam o pior e Sol não poderia ter se sentindo mais infeliz ao ouvir isso.
Agora vagando pelos campos já próxima da floresta, ela ouviu um barulho peculiar, algo parecido com um rosnar. Sol sentiu-se ameaçada, pensou que talvez fosse melhor voltar para casa, afinal... Já era noite e poderia se perder novamente. Mas outra vez ouviu o estranho barulho por trás de um arbusto, Sol se afastou um pouco mais, estava com muito medo, mas também curiosa.
- Por acaso a menina poderia me dar uma ajuda?
Perguntou compassiva a voz por trás da moita, não era uma voz normal, parecia algo fino demais para um adulto e irritante demais para uma criança. Sol não poderia ter ficado mais curiosa.
- E quem és tu?
- Primeiro a menina me ajuda, depois digo quem sou para a menina.
- Não! primeiro dizes quem és, depois me dizes em que desejas que te ajude e só então o ajudarei!
- Não é hora para trava língua criança... Mas tudo bem. Vou sair de trás do arbusto e depois você me ajuda certo? promete não me machucar?
- Ora essa! não sou um monstro! respondeu Sol calmamente.
Ao dizer isso a pessoa que estava escondida saiu, para a surpresa de Sol e também espanto, não era uma pessoa e sim uma linda raposa de pelos vermelhos.
- Mas como...
- Por favor doce Lady, perdoe-me incomodá-la neste momento de pensamentos seus, mas estava eu cá caminhando pela floresta quando me deparei com animais selvagens chamados humanos... sem ofender você é claro. Mas sim! haviam muitos deles e todos queriam minha pele, acharam que foi eu que devorei um tal porco perdido. Vejam só! eu que sou uma raposa muito da elegante e não como carne, muito menos de porco! que nojo...
- Acaso está falando dos meus irmãos?
- Oh! seus irmãos? Então você também quer minha pele?
- Não! eu não. Eu só... Você fala? perguntou cheia de confusão a pobre Sol.
- É o que parece... respondeu ríspidamente a raposa para a garota.
- Como isso é possível? Você é só uma raposa!
- Mas que deselegante da sua parte tratar uma excelentíssima autoridade pessoal do príncipe, como um bicho qualquer! Muito feio isso.
- Autoridade? príncipe? perguntou mais uma vez Sol, cossando a cabeça em sinal de tamanha confusão.
- Sim! a majestade suprema do reino de Eprain, o filho único do grande rei Carlaio... mas afinal, a mocinha vai ou não vai me ajudar?
- Então diga o que precisa e eu farei.
- A raposa deitou-se ao chão meio sonolenta, até que Sol percebeu algo errado em sua patinha direita.
- Um espinho machuca minha pata e já não consigo caminhar muitas milhas. Disse toda chorosa a raposa.
- Mas que horror. Sol odiava ver sangue, mas pior do que ver, era ter de tirar aquela coisa pontuda de lá. Depois de muito cuidado e paciência Sol consegui retirar o grande espinho e para seu alívio ela não havia desmaiado como fez da última vez que vira sangue.
- Vou precisar fazer um curativo, pode doer muito sem uma proteção para o ferimento...
- Isso de fato seria muito bom menina.
- Já sei! Sol rasgou uma ponta de seu vestido novo que ganhara de seu pai a última vez que o viu e que havia terminado de bordar aquela tarde antes de cair no sono. Ela não se importava com isso, estava feliz por ter conhecido um animal falante e tão feliz estava, que estava disposta a ajudar a criatura em tudo.
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Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}
FantasíaEra uma vez, uma menina simples do interior de Lebanon, Estado de New Hampshire nos EUA. Ela e sua família eram pessoas humildes e Sol era a caçula dentre outros seis irmãos, seu pai sempre se esforçou para cuidar de cada um deles, principalmente qu...