LIV- Um pouco mais de esperança

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Ao longe Sol viu Charlotte se aproximar, ela estava correndo apressadamente em suas patinhas ágeis e seus olhinhos amendoados brilhantes.
Sol estava sentada na floresta, seu coração necessitava sentir a natureza ao seu redor, e conversar com os esquilos falantes de Eprain era divertido e lhe distraía a mente. Durante os últimos dias do mês, Sol sentia-se mais desconsolada pois o dia do julgamento se aproximava.
- Aí estais Sol! Procurei-te por toda a parte! Tu tens o dom de sumir e aparecer quando bem queres menina!
- Charlotte querida... Precisei tomar um pouco de ar.
- Mas tão distante do castelo? Todos a procuram!
- Não quero ver ninguém, só preciso ficar sozinha. Mas podes ficar se achas que deves Charlotte.
- Sinto tua dor como minha Sol, me parte o coração ver-te cabisbaixa pelos cantos. Tu tens sido provada com fardos pesados demais para ti doce criança...
- Eu o amo Charlotte! Eu amo Laian de verdade. Antes eu não compreendia o que era amar, mas não consigo viver sabendo que querem tirar ele de mim.
- Sabe Sol. Isto tudo me fez recordar sua chegada aqui. Seu próprio julgamento, lembra-te?
- Sim.
- Tudo parecia perdido por um momento, mas veja como o jogo virou? Estais aqui e lutando pela vida e pelo amor que tens. És especial Sol, e as pessoas de bom sentimentos e especiais costumam sofrer armaguras profundas para testar sua fé.
- Achas que ele pode se salvar deste terrível julgamento Charlotte? Como eu me salvei do meu?
- Tenho certeza de que com a ajuda do amor que tens a ele e do nosso amado rei Caspian, seu querido rei Laian viverá e lhe dará muita alegria. Serás tão feliz quanto nunca imaginou. Terás filhos lindos Sol, uma família feliz e forte.
Sol pôs-se a chorar, pensar no futuro com seu Laian deixava seu coração transbordando alegria.
Sol abraçou sua velha amiga de aventuras. Seus olhos se encheram de lágrimas ao imaginar que tudo que Charlotte dissera poderia se tornar real. Mesmo que as circunstâncias provassem o contrário, Sol não podia perder a fé e a esperança. Não quando por um tempo atrás ela fez o mesmo, perdeu as esperanças e a fé, mas conseguiu ruir masmorras e destruir um império tirano só com a força de sua mente. Sol faria qualquer coisa para salvar seu amando.

***

- Ele a viu se aproximar lentamente, no vasto verde que se estendia para além das montanhas; tudo parecia iluminá-la, Sol era a criatura mais bela que Laian já havia visto. Seus olhos brilhavam como pedras de esmeraldas. Ela era graciosa no caminhar e Laian poderia passar a vida inteira a observá-la. Nunca, jamais ele se cansaria.
- Imaginei que estivesse aqui. - Disse Sol abraçando Laian.
- Gosto deste lugar, sempre achei incrível e tenho boas recordações de minha infância com Caspian, quando brincávamos juntos aqui de duelo de espadas de madeira. - Sol sorriu, sentando-se ao lado dele no campo verde do reino.
- Não gosto de imaginar minha vida depois disso. Minha infância por mais difícil, em algumas épocas era majestosa e boa. Somente uma criança tentando sobreviver no caos que era meu lar. Eu adorava quando bem pequeno que meus pais me traziam para cá. Lembro-me claramente de minha mãe e de como ela sorria por me ver brincar em um lugar quente e cheio de vida. Nada doeu mais em meu coração do que vê-la morrer abandonada naquele mundo gelado e solitário. - Observei-o calmamente, Laian parecia absorvido em lembranças. Toquei em seu rosto, ele fechou os olhos e suspirou.
- Ela te amava e somente isso importa agora. Esqueça o que passou e te feriu tanto. Toda a dor, todas as más lembranças. Lembre-se dos bons momentos que teve com ela, do pouco que se recorda qual a parte que mais te alegra?
- Vê-la sorrir para mim, brincar comigo, cantar com sua doce voz melodias de fadas e elfos dos tempos de glória de nossos reinos.
- Devo imaginar o quão feliz era para você esses bons momentos com sua mãe. É disto que deves lembrar-se. - Houve um instante de silêncio e calmaria. O som suave das árvores e o cheiro das flores ecoavam no ar. Ao longe Sol e Laian avistavam um casal de toupeiras conversarem entre si. Sol sentiu algumas gotas de lágrimas escorrerem por sua face. Mesmo sem perceber, só ela poderia sentir o que ninguém mais sentiria.
- Ficará tudo bem minha doce rainha... - Disse Laian beijando-lhe a bochecha rosada.
- Rainha? Eu não sou...
- Após este julgamento, retornaremos ao nosso castelo, terei você por esposa e serás minha rainha. A Rainha mais incrível que o reino de Ósseas e os reinos vizinhos tiveram. Você será bondosa, gentil e cuidará bem de todos aqueles que lhe rogarem ajuda. Sentará ao meu lado no trono de Ósseas e reinará até que possamos voltar aos céus juntos e felizes.
- Por um momento um pouco de paz e esperança tomaram conta de Laian.
- Eu o amo Laian.

O julgamento se passou numa manhã de primavera

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O julgamento se passou numa manhã de primavera. Enquanto o rei de Ósseas seguia junto com Sol para a grande sala real. Ao chegarem lá, todos os aguardavam. Seu primo o rei de Eprain estava sentado em seu trono, Lilive ao seu lado, Charlotte do outro e seus conselheiros. Ao público estavam a família de Sol, seu pai e seus irmãos. Sol sentiu vontade de correr para os braços de seu pai e chorar inconsolávelmente, mas se conteve apenas com um olhar de esperança e um beijo no ar em direção a ela. Seu pai como sempre um homem amável e fiel.
Em um círculo de cadeiras reais estavam o conselho real e sua monarquia que ia desde o patriarcado legislativo ao ministério de defesa do Reino de Ósseas. Afinal de contas não era qualquer julgamento, mas sim de um rei. No círculo estava Mafri o elfo tutor de Laian e amigo protetor. Pela primeira vez Sol vou naqueles olhos congelantes um pouco de medo e temor. Mafri amava Laian como um filho e com um sigelo sorriso e abraço confortou seu rei. Mafri considerou seu orgulho e abraçou Sol também.
- Não se atemorize Sol, logo estaremos em nossas terras e teremos nosso reino restituído. Nada acontecerá ao nosso amado rei.
- Que fales por boca de anjos Mafri. Tudo ficará bem.
Voltaram a caminhar para seus lugares onde sentaram-se e aguradaram o pronunciamento. Vez ou outra Sol notava o rosto pensativo e pesaroso de Caspian que também a observava, seus olhos pareciam conversar com os dela, tentando acalmá-la.
- Sol sentiu um frio na espinha ao se recordar daquela sala. E sentia um profundo pesar novamente por estar ali. Segurou a mão de seu amado e sentiu os olhares tortos de muitos do conselho de Eprain. Todos a julgavam insensata, por pertencer a Eprain e estar noiva de um condenado a justiça real. Sol não se importava nenhum pouco. Nada daquilo significava alguma coisa para ela. Tudo que ela desejava era desaparecer dali com seu amado, pois mesmo que ele demonstrasse paz e calmaria, Sol sabia que por dentro todo seu ser doía.
Fosse qual o rumo que isto tomasse ela estaria com ele até o fim e mesmo após ele.

Fosse qual o rumo que isto tomasse ela estaria com ele até o fim e mesmo após ele

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Eprain-Uma Floresta Encantada {Concluído}Onde histórias criam vida. Descubra agora