Capítulo 15

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Acordei com uma terrível dor de cabeça, meu cérebro latejava. Olhei em volta, Igor não estava mais ao meu lado, o sol entrava discretamente pela janela e as cortinas balançavam com o vento. Me levantei, andei até o banheiro e entrei no mesmo, tirei a roupa que Nick me emprestou e vesti o meu vestido. Ele ainda estava um pouco molhado, mas dava para usar. Calcei as minhas botas, saí do quarto e desci as escadas.

A sala estava totalmente bagunçada, parecia que um furacão tinha passado no lugar. Fui até a cozinha e vejo Nick e Ruan com sacolas plásticas em mãos, recolhendo garrafas de bebidas, copos e restos de comida.

Ver Ruan me fez lembrar de relance do beijo que rolou entre nós, eu estava morrendo de vergonha agora, provavelmente o meu rosto estava começando a ficar vermelho só de lembrar. Como eu iria olhar para Ruan agora? Ele é gay e me beijou. Talvez ele não lembre e eu esteja me preocupando a toa, mas toda a escola viu eu e Ruan nos beijando, o que significa que esse assunto não vai morrer tão cedo.

— Bom dia! — digo a eles.

— Bom dia, Alice. — disse Nick. — Como você está?

— Com uma terrível dor de cabeça. — sento no balcão, apoio os meus cotovelos sobre o mármore e seguro a minha cabeça.

— É isso que acontece com quem fica de porre. — disse Ruan. Ele vasculhou os armários e colocou na minha frente um copo de água e alguns comprimidos. — Isso vai passar a sua dor.

— Obrigada. — coloquei os comprimidos na boca, os engolindo com a ajuda da água. — Estou morta de fome.

— Acho que tem pizza na geladeira, sinta-se a vontade. — disse Nick.

Abri a porta da geladeira, peguei a pizza que estava na caixa, coloquei em um prato e depois levei ao micro-ondas. Minha cabeça latejava um pouco, o remédio ainda não havia feito total efeito. Depois do apito do micro-ondas, eu peguei o meu prato e sentei no balcão novamente. Nick me serviu um copo de refrigerante.

— O que aconteceu com o Igor? Ele me esperou dormir ontem. — perguntei.

— Igor foi embora cedo, ele e Justin quase brigaram. — disse Ruan.

— Por quê?

— Justin falou alguma coisa sobre roubo. Sinceramente, eu não sei estava chapado demais para prestar atenção em qualquer coisa. — respondeu Ruan.

— Mas teve algo muito melhor que eu nunca vou esquecer em toda a minha vida. — disse Nick rindo. — Ruan e Alice se beijando, isso tem que entrar para a história de Street High School. Vocês estavam muito loucos.

Minhas bochechas começavam a corar a cada palavra dita por Nick, quando eu acho que ninguém vai lembrar disto, parece que o universo conspira contra mim e joga na minha cara. Ruan é lindo, engraçado e fofo, mas mesmo ele sendo gay assumido, algumas garotas ainda suspiram por ele na escola. Seus olhos azuis, cabelos loiros, alto e músculos definidos chamam atenção de qualquer uma.

— Eu ainda não estou acreditando nisso. — disse Ruan.

— Você estava bêbado, não aconteceu nada demais, certo?! — eu disse.

— Eu vou me arrumar. — disse Nick, saindo em seguida.

Ruan deu a volta no balcão e sentou ao meu lado, ele pegou as minhas mãos e olhou nos meus olhos.

— Alice, claro que aconteceu algo, aconteceu um beijo e isso é algo importante, mas eu não quero criar expectativas erradas em você. Eu sou gay, quero apenas a sua amizade.

— Ruan, está tudo bem, eu não vou me apaixonar. — sorri. — Na verdade, eu gosto de outra pessoa. — desviei o olhar.

— Quem é? — ele arqueou uma sobrancelha.

— Eu prefiro não dizer quem é. Ele é um idiota, apenas disse isso para você não achar que estou apaixonada por você.

— Então eu concordo com você, ele é um idiota por não estar com você. — ele sorriu.

— Você pode me levar para casa? — perguntei.

— Claro, vamos agora.

Eu coloquei o prato na pia, segui Ruan até a sala. Nick descia as escadas toda arrumada, seu salto ecoava pela casa. Fomos para a garagem e entramos no carro de Ruan, e ele ligou o som.

— Alice, quer ir com a gente no shopping? — perguntou Nick.
— Eu não sei se é uma boa ideia. Minha mãe deve esta super preocupada comigo, eu não voltei para casa e nem liguei para avisar, porque esqueci o celular em casa.

— A gente fala com ela. — disse Ruan.

— Vocês podem tentar. — mostro um leve sorriso.

Não demoro muito a chegarmos à minha casa, Ruan parou o carro em frente. Eu sai do veiculo, caminhei até a porta e abri a mesma, Ruan e Nick me seguiam. Depois que nós entramos, eu fechei a porta lentamente, para não fazer muito barulho.

— Onde você estava? — a voz de mamãe me assustou. Meu coração parou na hora. — Eu passei a noite preocupada com você. — ela começava o seu sermão na frente de Nick e Ruan. — Se você demorasse mais 10 minutos para chegar, eu já iria falar com o seu pai, ele nem sonha que você dormiu fora de casa. — ela gesticulava nervosa com as mãos.

— Desculpa, eu esqueci o celular por isso não liguei.

— Não tinha telefone onde você estava? — ela perguntou e eu apenas me mantive calada. — Quem são esses? — ela olhava para Nick e Ruan.

— São meus amigos da escola, Nick e Ruan.

— Oi, senhora Miller. — disseram Ruan e Nick.

— Oi. — ela respondeu seca. — O que vocês querem?

— Alice poderia ir com a gente para o shopping? — perguntou Nick, com receio.

— Não, de jeito nenhum, eu quase morri de preocupação. — disse mamãe.

O exagero sem fim dos meus pais me irrita às vezes, eu entendo toda essa coisa de proteção, mas eu já sou adolescente e devia ter mais um pouco de liberdade. Queria ter mais um pouco da confiança deles.

Minha mãe pegou a sua bolsa no sofá e as chaves do carro em cima da mesa de centro.

— Mãe, por favor, me deixa ir.

— Alice, não da para conversar agora, estou atrasada porque fiquei esperando você aparecer até agora. — ela dizia.

— Por favor, senhora Miller. — pedia Ruan com uma voz doce.

— Esta bem. — ela suspirou. — Mas eu quero você em casa antes de anoitecer, e quando eu chegar, quero o jantar feito.

— Obrigada, senhora Miller. — disse Ruan, pulando de alegria com Nick.

Eu me sentia uma garotinha que quer brincar com os amigos e os pais não deixam, então os amiguinhos vão pedir aos seus pais para brincarem com você.

— Tenho que ir agora. — minha mãe saiu, fechando a porta logo em seguida.

— Vocês me esperam trocar de roupa? Essa ainda está meio molhada. — eu disse.

— Esperamos sim, mas não demora muito. — disse Nick, sentando no sofá.

Eu subi as escadas e entreino meu quarto, fechei a porta e fui para o banheiro.


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