Não sei o que aconteceu com o Justin e os outros. Depois das aulas, Caissy me levou para casa e eu não os vi mais. Já estava anoitecendo, quando cheguei em casa, meus pais ainda não haviam chegado.
Subi para o meu quarto, joguei a mochila na cama e liguei o som. Tocava músicas de uma das minhas bandas favoritas – Fall Out Boy. Caminhei até o banheiro, tirei a roupa e entrei no box. A água quente escorria pelo meu corpo enquanto eu cantarolava "Immortals". Sequei-me e vesti um pijama curto com estampas de pequenas flores.
Peguei o meu pequeno som portátil e desci para a cozinha. Hoje é o meu dia de fazer o jantar, eu não sou lá uma grande chefa de cozinha, mas sei me virar em alguns pratos. Enquanto preparava uma macarronada com almondegas, eu pensava em Justin.
No primeiro dia de aula, ele conseguiu ser chamado pelo diretor. Queria saber o motivo de ele ser sempre tão frio comigo, não precisa me chamar de "amor" e de qualquer outro apelido romântico, mas um pouco de educação seria ótimo.
O som tocava "girlfriend" da Avril Lavigne. Acho que hoje é o meu dia de sorte, pois apenas estava tocando as músicas que gosto. Queria ser como a Avril no clipe, ser a morena que tem atitude e sabe o que quer, e não a ruiva estranha que leva uma bola de golfe na cabeça.
Hey, hey, you, you.
I know that you like me (no way, no way)
Escuto a porta sendo aberta e desligo o som. Meus pais aparecem na cozinha, eu pouso a travessa de macarronada em cima da mesa e vou abraça-los.
— Oi, Alice. — disse meu pai, Peter, depositando um beijo na minha testa.
— Oi, pai.
— Hum! Você fez o jantar, estou morta de fome. — disse mamãe.
Mamãe colocou a mesa e papai nos serviu. O jantar estava em silêncio.
— Alguma novidade na escola, Alice? – perguntou papai.
— Nada de muito importante. — dei de ombros. — O diretor disse que teremos mais atividades extras esse ano.
— Ah! — ele disse.
— A Pattie saiu com pressa do banco, hoje. — disse mamãe.
— Por quê? — perguntou papai.
— Justin foi chamado na diretoria no primeiro dia de aula, estava fazendo guerra de comida no refeitório.
— Esse garoto não tem jeito. Viu o que ele fez no cabelo? Está branco, que palhaçada.
Eu gostei do modo de como ficou o cabelo de Justin, é bem diferente do que eu estava acostumada, mas até que combinou com ele o cabelo platinado.
— Eu gostei. – eu disse baixo, enquanto remexia a comida no prato.
— Está horrível! Como um homem faz aquilo? — disse meu pai, com os seus conceitos machistas idiotas.
— Pattie me disse que Justin também fez tatuagens durante as férias de verão. — disse minha mãe.
— Justin tem tatuagem? — perguntei, surpreendida.
— Sim! — ela respondeu. — Ele está estragando o corpo, fez as tatuagens e agora não tem mais volta. Pattie ainda me disse que ele ainda quer fazer mais.
— Como Jeremy e Pattie aceitam isso? Se fosse meu filho, eu não deixaria fazer isso. — disse papai. — Eles não têm pulso firme com Justin, ele faz o que quer da vida.
O clima já estava ficando tenso demais para mim naquela mesa, não vejo problema nenhum em fazer tatuagem ou platinar o cabelo. Levantei-me, coloquei o meu prato na pia e subi para o meu quarto. Fechei a porta, peguei o meu violão e dedilhei com delicadeza.
Fiquei imaginando as tatuagens que Justin poderia ter feito no verão, quais era os símbolos ou frases e os seus significados, em que parte do corpo ele poderia ter feito. Ele me surpreende cada vez mais. Eu quero saber, mas não posso chegar nele e perguntar, seria muito estranho.
As pontas dos meus dedos deslizavam pelas cordas do violão, emitindo uma melodia velha e conhecida. Involuntariamente, eu tocava "things I'll never say" – Avril Lavigne, e os meus pensamentos voaram até Justin.
If I could say what I want to say
Se eu pudesse dizer o que eu quero dizer
I'd say I want to blow you away
Eu diria que eu quero te fazer muito feliz
Be with you every night
Ficar com você todas as noites
Respirei fundo, mantendo a calma, e continuei tocando com um pouco mais de pressa enquanto cantava baixo a letra da música. Essa música poderia definir um pouco do que sinto em relação à Justin, coisas que eu gostaria de falar, mas nunca vou conseguir dizer.
So why can't I just tell you that I care
Então por que eu não consigo te dizer que eu me importo?
I'm feeling nervous
Estou me sentindo nervosa
Trying to be so perfect
Tentando ser perfeita
Cause I know you're worth it
Porque eu sei que você vale a pena
Coloco o violão de lado, me sento em frente ao computador e pesquiso sobre o trabalho de sociologia. Meu celular toca, era Caissy.
— Fala Caissy.
— O que está fazendo?
— Pesquisando o trabalho de Sociologia, e você?
– Tendo duvidas inexistências. — disse com uma voz triste.
— De qual tipo? — perguntei sem animo.
Eu já conheço essas crises sem sentindo da Caissy, aposto que deve ser algo sobre o look que ela vai para a escola amanhã.
— Você acha que eu devia ir de calça ou short para a escola amanhã?
— Calça. — respondi.
— Acho que vou de short.
— Então por quê ainda pergunta a minha opinião, hein vaca?
— Porque eu preciso da sua ajuda.
— Tchau Cassidy. — desliguei.
Desliguei o computador, sentei na janela e fiquei olhando as estrelas. A constelação de Orion continuava no mesmo lugar no céu escuro, as três Marias que formavam o Cinturão e depois o resto do corpo. Depois me deitei na cama e logo adormeci.
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Stupid Love | ✓
FanficSem sombra de dúvidas, adolescência é marcada pela infame fase das descobertas. Onde tudo é novo e ao mesmo tempo não é, onde você procura sua liberdade ao mesmo tempo em que deve se ajustar. Alice é uma jovem de 17 anos que ainda se permite sonhar...