Proposta Indecente

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Passaram-se horas desde que os primeiros raios da manhã começaram a invadir o quarto bagunçado em que estavam. Ele mordia as costas lisas e nuas da linda mulher de bruços enquanto a penetrava por trás. Ambos estavam muito cansados e exaustos, mas algo os fazia querer continuar. Já era a quarta vez que transavam naquela ocasião. Camila gemia baixo e agarrava os cabelos do Max o incentivando a ir mais rápido e mais forte. Ele respondeu aumentando o ritmo e se controlando para não ter um orgasmo antes dela. Uma leve dor de cabeça pulsava em sua têmpora direita. Não comiam nada há mais de 7 horas. Mas ele só pensava naquele corpo nu junto ao seu e nas unhas dela cravadas em sua nuca, tão fortes quanto se podia ser numa situação daquelas. Após oito minutos, Max finalmente sentiu que ela esticou bem as pernas e silenciou os gemidos, como se estivesse em uma crise de dor, mas ele sabia do que se tratava. Já havia acontecido antes naquela noite. Foi fundo o quanto pode e se deixou gozar junto com Camila. Mais uma vez, gritaram juntos com o prazer.

— Alguém ouviu. Tenho certeza — sussurrou Camila ao se posicionar ao lado de Max na cama.

— É sábado. O Biscoito volta pra Resende, na casa dos pais, e o Pedro sempre dorme na namorada. Não tem porque se preocupar. — deu um beijo estalado na testa da garota. — Estamos seguros.

— E o Jesus? Ele deve estar em casa. — levantou a cabeça pensativa e com os olhos arregalados.

— Jesus sabe de tudo. — riu e trouxe a cabeça de camila de volta ao seu peito — tá na bíblia. — Os dois riram com a piada sem graça.

A grande verdade era que ninguém sabia o que estava acontecendo entre os dois. Para o resto do mundo, Camila continuava com Gustavo, o residente bonitão de Neurocirurgia, e Max ainda era o escroto que roubou um beijo dela e agrediu o cara que tentava lhe defender a honra. Para as amigas, ela desdenhava dele e sequer comentava mais sobre o episódio da briga. Para o noivo, dava desculpas e inventava provas e trabalhos que lhe ocuparam todo o tempo naquelas duas semanas em que estavam juntos.

— é um noivado caro e político. Meu pai vai me matar se eu não casar com ele — respondeu para Max quando ele cobrou uma posição sobre Gustavo.

Naquela manhã de sábado os dois pareciam estar mais ligados ainda. Não se permitiam ficar sequer um minuto sem se tocar. Começou a ficar difícil imaginar o futuro sem o outro. Em algum momento teriam que resolver as coisas.

— Nós seríamos ótimos namorados. — comentou enquanto fazia carícias no rosto de Max. Os dois ainda estavam na cama. Seu olhar trazia um peso triste e pensativo.

— Isso foi um pedido ou um lamento? — Max falou sem abrir os olhos — eu já te disse que só depende de você resolver a sua situação. Não dá pra viver uma mentira pra sempre.

— Você acha que eu não quero terminar? — desta vez se sentou e olhou profundamente pro rapaz — é o que eu mais quero mesmo antes de te conhecer, mas parece que estou numa teia. A família dele está muito envolvida em tudo o que meu pai faz. Tem negócios juntos e milhares de esquemas políticos. — seus olhos marejavam como se fosse chorar — eu só penso nisso o tempo todo. Uma forma de sair dessa trama maldita, mas não dá. Não seria apenas um término. Seria um insulto que colocaria o meu pai em uma situação de guerra. — se aproximou e beijou Max intensamente — Te colocaria em perigo, meu amor — segurou o rosto dele com as duas mãos e permaneceu pensativa sobre o que havia acabado de dizer.

Max sentiu um aperto no peito e um nó imenso na garganta. Queria responder, mas as palavras não saiam.

— Eu te amo — ela falou antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. Seu semblante era de quem tinha acabado de descobrir a pólvora. — É... Eu te amo.

QUARENTENA - Breve Ensaio de uma Noite InterminávelOnde histórias criam vida. Descubra agora