EPÍLOGO 2

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 — Você viu a história do garoto na Ponte Rio-Niterói? — Uma mulher gorda de cabelos vermelhos e cheios, bochechas rosadas e vestido azul-claro, perguntou pra outra, talvez mais gorda ainda, mas de pele morena e cabelo preto em um coque bem firme.

— Eu acho que eu vi alguma coisa no facebook — se ajeitou no banco do ônibus, que parecia pequeno demais pro imenso tamanho do seu quadril. — mas o que que aconteceu?

— Menina — tentou se virar para a amiga, mas seu tamanho só permitiu uma leve inclinação — O garoto matou um monte de gente, explodiu um caminhão e depois se jogou da ponte. Ninguém encontrou o corpo.

— Então foi o menino que eu vi no face — a morena meneou a cabeça — tomava remédio e tudo, maluquinho.

— Isso aí é demônio.— fez um sinal da cruz, rapidamente — Falta Jesus no coração desses jovens. Eu vi no Fantástico que... — A mulher foi interrompida pelo som agudo da freada brusca do ônibus e o motorista gritando que já estavam no ponto final.

As duas saíram juntas da rodoviária de Friburgo, mas passaram direto pelo ponto de táxi. Estavam ali a trabalho e tinham de economizar o máximo possível. A cidade serrana era conhecida por vender roupas íntimas a preço de fábrica e, por isso, centenas de comerciantes compravam mercadorias para revender nas regiões centrais do Rio de Janeiro pelo dobro do preço. Era um bom negócio. A mulher morena estava mais apreensiva, pois era quem carregava o dinheiro na bolsa. Andaram rapidamente até o ponto de ônibus, mas não perceberam que estavam sendo seguidas por um homem encapuzado, que descera do ônibus com elas. Ele se aproximou sorrateiramente e puxou a bolsa com força. Ao som de gritos agudos, ele correu e saltou, elegantemente, para o teto da rodoviária, há mais de 3 metros do chão. Ninguém acreditaria quando elas contassem. Ninguém, só você que já leu esse livro, né?

 Ninguém, só você que já leu esse livro, né?

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QUARENTENA - Breve Ensaio de uma Noite InterminávelOnde histórias criam vida. Descubra agora