Capítulo sem título 2

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                         Daniel

Sinto a adrenalina correndo por minhas veias. Estou correndo na minha moto nova, uma Harley VRSC V-Rod usada. Estou muito orgulhoso de mim mesmo, além de comprá-la com meu próprio trabalho e suor eu ainda consegui um belo desconto pagando à vista. Meu pai se ofereceu para comprá-la pra mim, porém não me senti confortável em depender do meu pai como a maioria dos mauricinhos que estudam no meu colégio Monte Carlo. E é bem mais gratificante saber que consegui com meu próprio esforço. Meu pai é engenheiro e possui uma construtora e minha mãe é pediatra. Eles vivem discutindo, mas não desgrudam um do outro. Quando vê a minha mãe até o sorriso dele muda. Tá na cara que eles se amam demais. Eu sou filho único, às vezes eu acho que seria legal ter irmãos.

Chego à aula com dez minutos de atraso e a Sra. Ruth nossa professora de Física me olha de cara feia. Ou será que a cara dela sempre foi assim? Ela caminha até Melinda, a patricinha mais insuportável da minha turma e pergunta pra ela:

-Senhorita Barcellos, você poderia me dizer quem é considerado o pai da física quântica?

-O que Sra. Ruth?

Ela não está acostumada com perguntas de professores, normalmente eles parecem ter mais medo dela do que os alunos. Não me surpreenderia se ela só passasse de ano pagando.

Eu dou risada e a professora olha pra mim e pergunta:

-Algum problema?

Eu continuo dando risada e ironizo:

-A senhora vai fazer uma pergunta dessas justo pra ela? Ela nem deve ter cérebro!

Melinda me olha com uma cara de quem quer me matar. E o restante da turma me olham chocados. Eu sou o único nesse colégio que bate de frente com a patricinha sempre. Eu não tenho medo dela e nem do poder que ela acha que tem sobre as pessoas. Eu só a acho uma menina fútil que nunca aprendeu a ouvir um não. A Senhora Ruth não da importância para meu comentário e repete a pergunta para Melinda:

-Quem é considerado o pai da física quântica?

-Max Planck!

Ela responde sem titubear e me olha com cara de presunção. Afinal a patricinha tem um cérebro. O que só a torna pior no meu ver, pois não pode colocar a culpa de suas atitudes na sua burrice.

No intervalo eu e meu melhor amigo Diego, a quem chamo de DJ sentamos nas arquibancadas do campo de futebol para tomarmos nossa coca e comer nossos salgados enquanto olhamos as meninas do segundo ano se exercitarem.

-Cara não acredito no que você falou para a patricinha!

Meu amigo diz enquanto está morrendo de rir. Eu dou risada também e falo:

-Alguém tem que bater de frente. Ela se acha demais.

-Cara ela não acha, ela é!

Reviro os olhos.

-Ela é insuportável! Isso sim!

Ele ri e indaga:

-Vai dizer que você não acha ela gostosa também!?

Eu penso por um segundo e falo:

-O restante estraga tudo.

Dj ri e cutuca meu ombro, apontando na direção das meninas do segundo ano. Olho naquela direção e vejo Diana me olhando e quando a olho acena pra mim e eu aceno de volta. Tenho notado o interesse de Diana em mim há semanas. Eu também tenho interesse nela. Ela é muito gata. Tem o cabelo castanho claro liso e comprido e os olhos são verdes. Além de que parece ser uma garota muito legal, nada haver com a maioria das patricinhas desse colégio.

-Vai lá imbecil!

Me xinga meu amigo, vendo que Diana continua olhando pra mim e eu não faço nada. Eu levanto e desço, mas quando chego ao chão André para em minha frente e junto com ele estão seus dois amigos, que mais parecem dois cachorrinhos andando atrás dele. Tento passar, mas ele não deixa e diz:

-Fiquei sabendo que você andou incomodando minha namorada hoje!

Eu encaro ele e não abaixo minha cabeça, como maioria faria.

-Sabe eu não gosto nada de ver minha namorada chateada, e seria um incômodo muito grande ter que explicar ao diretor porque eu quebrei sua cara.

Eu lhe dou um sorriso debochado e digo:

-Não estou nem aí pra você e sua namorada!

Ele me empurra contra as arquibancadas e eu levanto rápido e vou pra cima dele, mas não tenho tempo de fazer nada, pois o professor de Educação Física e seu assistente chegam e nos separam. André caminha na direção do campo e grita:

-Espero que tenha entendido!

Eu mostro o dedo do meio e grito de volta:

-Babaca arrogante!

O professor segura meu braço e diz:

-Vá para sala do diretor.

Olho confuso e aponto para onde André caminha calmamente e indago:

-E ele?

-Ele é muito importante para o time.

Responde e eu bravo grito:

-Vão se ferrar!

Vou para a sala do diretor e nem quero pensar no sermão quando chegar em casa. 

Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora