Capítulo sem título 43

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                                 Daniel

A minha cabeça dói como se estivessem batendo com um martelo nela, mas pior é a dor de ver Melinda abraçada com André. Se ela se lembrasse o que esse imbecil fez, tenho certeza, não chegaria nem perto dele. Com certeza eu fiquei muito feliz de saber que ela está viva e bem. Mas a minha alegria durou pouco. Eu segui Melinda pelo colégio inteiro e então percebi que ela não se lembra de nada. Ou não estaria perto das pessoas que a fizeram tão mal. Mas ainda não é nada, perto de perceber que ela só se lembra do antigo Daniel. Aquele que ela odiava.

-Poxa cara! O que está acontecendo com você hoje?

DJ me encurrala em um corredor.

-Estou tentando falar com você há um tempão! Fiquei feliz de saber que voltou para o colégio.

Diz ele animado.

-É... Eu só precisava de um tempo.

Digo sem saber como me explicar.

-Eu entendo!

Ele me da um soco de leve no braço para afirmar.

-Você viu quem voltou? A Patricinha que você adora! Parece que o veneno dela é forte!

Ele diz rindo.

-DJ!

Falo reprovando seu comentário.

-Qual é, cara?! Você está estranho mesmo! Antigamente você teria achado tanta graça quanto eu!

Ele diz desconfiado.

-Aliás, ela também parece bem estranha!

Ele diz erguendo uma sobrancelha.

-Melinda?! Parece?!

Eu fico super interessado de repente. DJ continua desconfiado, mas me responde.

-É ela... Está mais de boa.

Fala dando de ombros.

Eu tento pensar nos momentos que a encontrei hoje e realmente parecia um pouco diferente. Eu pensei que poderia ser por causa do acidente. Mas e se não for?

-Sei lá, talvez seja por causa do acidente!

Meu amigo diz e penso se ele estaria lendo meus pensamentos. Pouco provável. Apesar que, melhores amigos geralmente tem a capacidade de decifrar o outro, apenas vendo suas atitudes. Nesse caso é melhor me manter um pouco distante.

-Eu lembrei algo muito importante que preciso fazer! Te encontro depois!

Digo dando um tapinha nas suas costas e já saindo correndo.

Estou tão decepcionado comigo. Fiquei tão obcecado pela volta da Melinda e pelo meu ciúme que não percebi como ela está diferente. E não é só fisicamente, mas algo no seu jeito mudou. Talvez eu possa fazê-la lembrar. A esperança reacende. Como uma faísca que teima em se manter acesa. Caminho em direção a minha sala quando sou puxado para dentro do banheiro masculino. Na verdade a pessoa que me puxou não tinha muita força, mas também não parece tão fraca. E eu já fico imaginando algum pirralho querendo arrumar confusão. Mas quando olho no rosto da pessoa que me puxou fico sem reação. Melinda. Ela tapa minha boca com a mão com medo de que eu fale alto. Mas não consigo fazer sair nenhum som da minha boca neste momento.

-Nós precisamos conversar!

Faço um sinal afirmativo com a cabeça e ela tira a mão da minha boca.

-O que você quer de mim? Por que está me perseguindo?

Eu não posso deixar de demonstrar no meu rosto minha decepção. Ela não se lembra então. A pequena faísca se apaga. Mas de repente Melinda começa a gargalhar sem parar. Ela chega se dobrar de tanto rir.

Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora