Capítulo sem título 38

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Daniel

Alguns dias se passaram. Está próximo o final das aulas e a festa. DJ já está colocando em ação o plano de conquistar Beatriz. Eles saíram algumas vezes. E para meu espanto eles estranhamente combinam. Eu até mesmo comentei isso com DJ, mas ele me chamou de maluco e disse não ter nada a ver. Melinda comentou comigo o que viu na casa dele e que o pai foi muito violento, e eu contei que ele sempre foi assim com DJ e que a mãe dele os abandonou anos atrás, e desde então o pai de DJ têm o tratado dessa forma. Eu já presenciei várias cenas parecidas quando fui à casa do DJ, mas na minha frente sempre foi mais tranqüilo, pelo o que DJ já me contou. Quanto mais o tempo passa mais apreensivo fico com a situação da Melinda. Tenho mantido contato sempre com o Igor para me manter informado e também porque gosto do garoto, apesar da Melinda ainda ser um espírito, ela não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo e pode perder informações importantes. Por enquanto continua tudo do mesmo jeito. Melinda tem passado bastante tempo comigo durante o dia. Na escola e também no meu trabalho. As pessoas me olham como se fosse um louco, pois tenho alguns ataques de risos quando Melinda é sarcástica. Eu já nem consigo imaginar meu dia sem a sua presença constante.

-Bom dia, meu bem!

Minha mãe abre um sorriso acolhedor.

-Bom dia, mãe! Pai!

Digo sentando-me a mesa do café.

-Bom dia, filho!

Diz meu pai antes de tomar um grande gole de café preto. Minha mãe o olha com reprovação.

-Querido, você não está preocupado com sua gastrite? Você passa o dia à base de café!

Meu pai revira o olho. Larga a xícara e aproxima o copo de suco.

-Sim querida, eu sei! Mas você sabe que o café é o meu vicio.

-Eu sei, mas tudo que é demais acaba se tornando ruim.

Minha mãe diz séria.

-Depende... Ter você sempre perto nunca é ruim querida!

Meu pai diz galanteador e segura à mão dela.

Eles ficam se olhando como se fossem pular um no outro e me sinto constrangido. É bom saber que realmente se amam, mas para um filho essas intimidades são desconcertantes. Dou uma leve tossida e eles parecem lembrar que existe mais alguém no ambiente além deles, e largando as mãos voltam para refeição.

-Ontem tive um dia tão estressante! Os Gourlat estiveram na construtora. Estavam procurando um imóvel para o filho se casar com Melinda. Vocês acreditam?

Eu engasguei com o sanduiche que estava comendo e tive que tomar um copo inteiro de suco. Meus olhos estavam tão arregalados que pareciam querer saltar do meu rosto.

-Está tudo bem, filho?!

Minha mãe pergunta preocupada.

- Está sim!

Digo.

-Eles são muito inconvenientes! Como podem se preocupar em casamento com a menina em coma?!

Minha mãe diz indignada.

-Também não entendo querida! Em minha opinião isso tudo não passa de uma grande transação para eles. Se você visse a arrogância com que se portam, tanto o pai quanto o filho, não sei nem dizer qual o pior.

Eu concordo com meu pai. E imagino que o pai do André deve ser tão insuportável quanto ele.

E então minha mãe diz algo que me deixa sem chão.

Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora