Capítulo sem título 41

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                      Melinda

-Oi, Mel!

-Oi Mel, bem vinda de volta!

Nossa eu acho que nunca tive tanta atenção na minha vida quanto agora. Meu canal do yotube triplicou de inscritos. Todas as pessoas me dão boas vindas e me felicitam pela minha recuperação. Pelo que a Gabi me disse eu virei tipo uma lenda do colégio. Toda essa atenção deveria me deixar muito feliz, mas na realidade está me sufocando. Quando eu acordei no hospital estava totalmente perdida e continuo com essa mesma sensação agora. Todos ficaram espantados em como me recuperei rápido e logo ganhei alta. Os médicos não queriam que eu voltasse logo ao colégio, porém eu usei meu poder persuasivo para convencer meus pais, e agora, aqui estou eu pensando se isso realmente foi uma boa idéia.

-Mel, querida!

Laura me abraça e logo em seguida enrosca o braço no meu. Ela parece mais feliz com a atenção que estou recebendo que eu. E ela logo toma a frente cumprimentando todas as pessoas por quem passamos.

-Você não sabe como estou feliz pela sua volta!

Ela diz, mas a expressão de seu rosto me parece estranha.

-Obrigada... Eu acho.

Digo pensativa. Laura revira os olhos e começa a falar algumas novidades do colégio. Ela provavelmente acha que meu tempo em coma prejudicou de alguma forma meu cérebro.

-Oi, vadias!

Larissa se agarra no outro braço de Laura.

-Vocês ficaram sabendo que a mijona está saindo com um garoto?

Laura arregala os olhos e ri.

-Quem é o crazy que acha essa baranga bonita?

Laura e sua mania de misturar palavras em inglês nas frases. As duas riem. E eu as observo com uma sobrancelha erguida.

-O que está acontecendo Mel?! Perdeu seu humor no acidente também?

Laura diz e olha para Larissa fazendo uma cara afetada, do tipo que diz, essa garota não é normal. Eu sei bem porque nós costumávamos ter essa conversa facial. Agora eu acho que fui substituída. Mas ela ainda é uma versão inferior de mim. E eu dou um pequeno sorriso pensando nisso. Talvez eu esteja voltando ao normal, afinal.

Continuamos caminhando pela escola e distraída esbarro em alguém. Um garoto. Daniel. Nos encaramos e ele parece esperar alguma reação minha. Laura o empurra para o lado.

-Você não olha por onde anda, garoto?!

Ela diz de forma agressiva.

-Desculpe!

Ele diz olhando unicamente na minha direção e eu apenas faço um sinal afirmativo de cabeça. Laura revira os olhos e se agarra novamente no meu braço e continuamos a caminhar.

-A antiga Mel teria colocado esse garoto no lugar que ele merece, o chão!

Laura insinua e Larissa concorda.

Eu olho por cima do meu ombro para Daniel e ele continua me olhando fixamente como se esperasse por algo. Resolvo me separar das meninas, pois preciso de um tempo. Uso a desculpa de que preciso conversar com meu irmão, sabendo que elas não gostam de se misturar com os garotos mais novos do colégio. Caminho um pouco sem direção e por onde passo as pessoas tentam conversar comigo ou me abraçar e eu fujo. Acabo entrando no banheiro e ainda bem que está vazio. Há apenas duas garotas, mas elas parecem não estar nem aí para minha presença, elas vestem-se de preto e tem cabelos coloridos. Uma delas me olha com uma cara tão entediada que me sinto mal e me tranco em um banheiro privado. Respiro e inspiro profundamente tentando me acalmar. Será que posso estar tendo um ataque de pânico? Eu só sei que me parece difícil até mesmo respirar. Depois de um tempo no banheiro e quando já não estou tão nervosa, saio do privativo. As garotas já não estão mais lá. Estou sozinha. Aproximo-me do espelho e estranho o meu próprio reflexo. Ainda não me recuperei bem do tempo internada no hospital. Minhas roupas estão um pouco largas e meu rosto tem olheiras. Eu não pareço nem um pouco com a antiga Mel, que sempre esteve perfeita. Suspiro e decido que é hora de encarar a realidade. Saio do banheiro e alguém me abraça por trás.

-Oi, gatinha!

Diz uma voz no meu ouvido. Eu o reconheço na hora. André. Ele me abraça e me da um beijo na bochecha.

-Por que você não foi ver meu treino? Estava ansioso para te ver! Tenho ligado para sua casa direto e sua mãe disse que o médico pediu para você repousar.

Na verdade eu que não queria ver ninguém. Minha mãe só foi educada em arrumar uma desculpa.

-Bom, estou aqui agora!

Digo e dou um sorriso nervoso. Ele sorri e segura minhas mãos.

-Você tem razão! Vamos aproveitar o tempo que ainda temos.

Do nada alguém esbarra em André violentamente. É Daniel novamente. E André instantaneamente fica furioso.

-Qual o seu problema, idiota?!

André diz com raiva.

Daniel me encara novamente e de novo ele parece estar esperando algo de mim.

-Desculpa!

Daniel diz. E André um pouco menos furioso agora diz:

-Eu vou te dar um desconto hoje, mas só porque estou muito feliz com a volta da Mel.

André vira de costas para Daniel e volta a segurar minhas mãos.

-É, eu devo estar cego! Desculpe por não enxergar babacas tão bem!

Arregalo os olhos e seguro firme a mão do André. Ele está vermelho. Ele larga minha mão e se vira furioso na direção do Daniel. Consigo enxergar o sorriso debochado no rosto de Daniel. Ele é louco? André é atleta e vai acabar com ele. Eu me meto no meio dos dois e empurro o peito de André. Seguro seu rosto com as duas mãos e peço que ele olhe em meus olhos e se acalme. Depois de um tempo que pareceu infinito, ele se acalma e passa os braços em volta do meu ombro, e começamos a caminhar em direção ao pátio. Olho novamente sobre meu ombro e Daniel está me encarando novamente. Ele parece triste.

-Ele é um idiota! Você fez bem em me segurar. Eu poderia perder a chance de disputar o jogo por causa dele.

Diz André.

-Claro, eu só estava pensando no seu bem estar!

Ele sorri e me abraça mais forte. E eu fico pensativa.

Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora