Capítulo sem título 12

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 Daniel

Chego em casa depois do trabalho e vou direto tomar um banho. Ouço minha mãe me chamar para o jantar, saio do banheiro enrolado em uma toalha e levo um susto ao ver Melinda sentada na minha cama. Ela ri.

-O que você está fazendo aqui? Já não basta eu ter que te aturar no colégio?

Falo exasperado.

-Eu estou tão feliz quanto você com essa situação, mas eu não tenho a quem recorrer. A única pessoa que pode me enxergar é você.

Ela diz desanimada e suspira.

Nunca me imaginei nessa situação, Melinda está praticamente implorando por minha ajuda. E o pior de tudo é que estou seriamente pensando em ajudá-la.

-Como você veio até aqui? Você pode ir a qualquer lugar?

Estou curioso sobre ela.

-Na verdade eu consigo ir somente a lugares em que já estive antes... Eu só imagino o lugar e acabo indo parar nele.

Ela diz dando de ombros.

-E como você conseguiu vir até minha casa então?

Melinda revira os olhos e diz irônica:

-Você escutou o que eu te disse!? Eu só posso ir a lugares em que já estive, então é óbvio que já estive na sua casa antes.

-Quando?

Pergunto.

-Você se lembra o seu aniversário de 8 anos?

Olho confuso para ela e afirmo:

-Eu era novo na cidade e ninguém apareceu no meu aniversário.

-Bom, eu vim. Na verdade minha mãe me obrigou, mas quando cheguei aqui você estava trancado no quarto tendo uma crise existencial.

Olho surpreso para ela.

Ela está encarando um carrinho vermelho na minha estante. E eu lembro que achei aquele carrinho na porta do meu quarto e pensei que eram meus pais querendo me deixar feliz, eu sempre o adorei.

-Foi você, então?

Falo apontando para o carrinho e ela faz um sinal afirmativo com a cabeça.

-Eu não entendo, então por que meus pais não me chamaram? Por que eles nunca me contaram que você esteve aqui?

Pergunto.

-Porque eu pedi pra eles não contarem. Eu não queria que ninguém soubesse que eu fui a única que apareceu na sua festa, por isso deixei seu presente e fui embora.

Estou encarando sério o carrinho vermelho.

-Bom não é como se fossemos bons amigos, né!? Você sempre me odiou e eu não morro de amores por você.

Ela diz sarcástica.

-Isso porque você sempre foi uma patricinha mimada e cruel.

Digo dando um sorrisinho.

-Bom, vamos começar com os elogios então? Porque eu tenho uma lista bem grande pra você.

Ela que me da um sorrisinho dessa vez.

Melinda caminha até minha janela e diz:

-Eu não sei quanto tempo ainda tenho Daniel, mas não é muito. Eu preciso da sua ajuda. Se você me ajudar, prometo te deixar em paz depois.

Eu a encaro olhando pela janela para o céu estrelado. Tento pensar nos vários motivos para eu não ajudá-la, mas no final eu sei que eu preciso fazer isso.

-Eu te ajudo!

Ela olha surpresa na minha direção.

-Isso é sério!?

Indaga desconfiada.

-Sim.

Afirmo.

E a partir dessa decisão minha vida começou a mudar.


Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora