Capítulo sem título 10

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Daniel

Depois do episódio no banheiro não vi mais a Melinda. Na verdade eu nem acho que a vi mesmo, creio que foi apenas uma alucinação causada por minha mente cansada. Resolvi convidar a Diana para ir a um show comigo está noite, estou precisando de distração. DJ tem um conhecido que conseguiu entradas Vips pra gente pelo valor de uma entrada normal. E Diana vai levar uma amiga. DJ vai com seu carro, ele vem me buscar primeiro e depois vamos buscar as meninas. Coloco uma camiseta preta de manga longa, meu jeans rasgado e dessa vez decido usar uma bota estilo militar preta. Quando DJ buzina na frente da minha casa, me despeço dos meus pais e entro no carro.

-Humm... Que cara perfumado! Agora sei por que a Diana não larga mais você.

DJ fala irônico e da risada.

Ligo o som alto e seguimos para casa da Diana. As duas já aguardam na frente da casa. DJ parece gostar do que vê, já que abre um sorrisão e não para de me dar tapinhas nas costas. Chegamos ao Show que está lotado já, mas graças a nossas entradas vips não precisamos esperar na fila. No palco os instrumentos e o som já estão terminando de serem ajustados. A área vip tem poucas pessoas ainda e conseguimos ficar em frente ao palco. Todos estamos muito animados, a banda de pop rock que irá tocar já é muito famosa no país. A área vip tem um bar particular e eu convido DJ para ir comigo pegar umas bebidas. Peço as bebidas ao barman e enquanto esperamos DJ comenta:

-Caraca, essa amiga da Diana é muito gostosa!

Ele volta a me dar tapinhas nas costas e continua a falar:

-Cara eu preciso ficar com ela!

-Só não estraga tudo DJ! Você esta babando no decote dela desde que chegamos e ela parece ser uma garota legal.

Digo em advertência. Conheço bem DJ, ele não é o tipo de cara que se amarra em uma só e se ele fizer algo de errado com a amiga da Diana isso pode atingir a minha relação com ela.

-Claro irmão!

Ele me garante e indaga:

-E você e a Diana? Parecem estar se dando bem.

-E estamos! Diana é muito diferente daquelas garotas esnobes do colégio e eu acho que temos muito em comum.

Digo sorrindo e DJ sorri de volta pra mim e faz um sinal afirmativo. Meu amigo sabe que não gosto de ficar com qualquer garota, que eu gosto de estar envolvido com a pessoa com quem me relaciono. Voltamos e o show começa, não demora muito para DJ e a amiga de Diana se pegarem. Diana parece muito feliz, eu a seguro pela cintura enquanto dançamos e cantamos ao som da música. No meio show estou encharcado de tanto dançar e pular. Olho para DJ e ele está no maior amasso, então aviso Diana que vou ao banheiro. A fila para o banheiro está enorme, quando olho para o lado vejo uma porta lateral que da para uma espécie de jardim. Vou até lá e vejo que tem árvores enormes, decido mijar atrás de uma delas. Abaixo minhas calças e chego a sorrir de alivio.

-Temos que parar de nos encontrarmos nesta situação.

Ouço uma garota dizer, e quando olho para ver quem é e perguntar o porquê dela falar isso, caio de bunda no chão com as calças abaixadas. Um casal que está próximo me olha. A garota não tira os olhos das minhas partes intimas e o cara bravo a puxa para dentro, mas não antes de soltar um enfurecido:

-Bêbados desgraçados!

Melinda ri muito. Eu me levanto rápido e visto minhas calças. Estou tão bravo.

-Não acredito que até aqui vou ter alucinações com a Melinda!

Grito e o som alto lá de dentro abafa o som do meu grito.

-Eu não sou uma alucinação, idiota!

Melinda diz e cruza os braços.

-Se você não é uma alucinação, você é o que? Um fantasma?

Falo exasperado. Ótimo agora estou conversando com uma alucinação.

-Bom! tecnicamente sim... Eu sou um fantasma.

Ela me diz calmamente. Eu começo caminhar de um lado para o outro nervoso.

-Como tecnicamente?

Indago.

-Por que eu não morri, só estou em coma no hospital.

Ela diz como se fosse óbvio.

-Os outros enxergam você também?

Pergunto. Já com medo da resposta.

-Não! Só você me enxerga.

Sento na grama e seguro a cabeça com as duas mãos. É só uma alucinação. É só uma alucinação. Repito mentalmente tentando me acalmar. Mas quando volto a olhar em sua direção, lá está ela, a patricinha mimada com a sua cara presunçosa de sempre.

Ela vem se sentar próximo a mim e eu por instinto me afasto.

-Olha! Eu também não estou feliz com isso. Pode ter certeza! Mas você é o único que pode me ajudar.

Melinda diz e suspira.

-Ajudar com o que?

Pergunto.

-Ajudar a encontrar o culpado pelo meu acidente.

Melinda diz olhando em meus olhos, como se estivesse esperando uma confissão.

Eu me levanto e digo:

-Sinto muito! Mas eu não posso te ajudar.

Caminho para as portas e olho para trás uma última vez. Melinda está parada com a cara de brava que sempre ficava quando eu a tirava do sério.

Quando paro perto da Diana ela vem, me abraça e diz:

-Você demorou!

Eu olho para ela ainda entorpecido pelo que acabei de ver e digo:

-É que a fila estava enorme.

-Não tem problema.

Ela diz no meu ouvido e me beija. Quando abro os olhos tomo um susto e pulo para trás. Melinda está parada bem atrás dela. Diana me olha surpresa e confusa, e pergunta:

-Você está bem?

Melinda ri e então me da um tchauzinho e some no meio da multidão. Olho para Diana que ainda espera uma resposta.

-Na verdade não estou. Estou com uma puta dor de cabeça. Tudo bem nos irmos para casa agora?

Falo e seguro a cabeça com uma mão.

-Sim, claro! Por mim tudo bem.

Ela responde. Chamo DJ e ele larga Diana e a amiga em casa primeiro. Depois ele me leva até minha casa. Ele pergunta se estou bem e digo que sim, que é só uma dor de cabeça. Tenho vontade de contar ao meu amigo o que está acontecendo, porém tenho medo que ele ache que estou enlouquecendo. Eu espero não ver mais a Melinda fantasma, só a Melinda mimada de carne e osso, bom mais osso do que carne vamos combinar.


Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora