Capítulo sem título 19

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                                    Melinda

Eu não acredito. Almas gêmeas? Eu e o Daniel? Como duas pessoas tão diferentes como eu e ele podemos ser? Minha cabeça está fervendo e eu caminho de um lado para o outro no corredor da minha casa. Eu nem ao menos sei se gosto dele. Ta, talvez eu goste um pouco e a culpa é daquele sorriso de canto de boca. E quando ele passa a mão nos cabelos e parece que bagunça tudo, mas na verdade o deixa sempre mais charmoso. Ai MEU DEUS. Será que eu estou apaixonada por ele? Não isso não pode estar acontecendo. Pode? Estou tendo uma crise nervosa. Tudo bem eu preciso me acalmar. Respira Melinda. Respira. Enquanto tento me acalmar meu pai passa por mim no corredor e entra no seu quarto. O que ele está fazendo em casa a essa hora? Meu pai sempre foi muito rígido quanto ao seu horário de expediente. Espero ele voltar. Ele sai do quarto e trocou de roupa. Isso é muito suspeito. Ele sai de casa e eu o sigo. É hoje que vou desmascará-lo. Eu preciso mesmo de uma distração.

Ele para o carro em frente a um restaurante bem badalado na cidade. A recepcionista vem atendê-lo e o leva até uma mesa mais reservada. Uma morena em um vestido vermelho se levanta para recebê-lo. Não acredito. A vadia nerd. Muito bem papai. Me provando como os homens são babacas. Ela o abraça e o da um beijo na bochecha. Eles se sentam e eu resolvo ficar para ver o show. Luiza segura a mão de meu pai e diz toda melosa:

-Que bom que você veio!

-Eu não perderia isso por nada!

Meu pai responde e sorri para ela. Cara eu devo ser massoquista mesmo para ver meu pai com essa vadia e continuar aqui escutando tudo. Eles passam uns quinze minutos falando sobre trabalho e estou ficando entediada. Quando decido que o que já vi é suficiente para provar que eles tem alguma coisa, afinal porque meu pai teria que a encontrar fora do trabalho já que os dois trabalham sempre juntos. Estou indo embora quando um homem chega a mesa deles e surpreendentemente beija Luiza na boca. Eu olho de boca aberta e volto me sentar na cadeira que sobra. Papai cumprimenta o rapaz com um abraço e ele diz para meu pai:

-Que bom que o senhor veio! A Luiza estava muito nervosa.

-Na verdade além de comemorar que estamos nos casando.

Luiza sorri para o estranho que retribui e segura sua mão como para que a encorajar a falar.

-Nós gostaríamos de convidar o senhor e a sua esposa para serem nossos padrinhos de casamento.

Luiza fala empolgada.

UAU.

Por essa eu não esperava. Mas me sinto aliviada. Isso quer dizer que meu pai não está traindo minha mãe.

Meu pai se levanta e abraça o feliz casal.

-É claro que eu aceito! Será uma honra!

Meu pai volta a se sentar e continua:

-É só uma pena minha esposa não poder estar aqui. Como você sabe nosso casamento está passando por momentos delicados. E com minha filha no hospital...

E meu pai parece muito cansado ao dizer isto. É como se ele tivesse envelhecido vários anos bem na minha frente. E isso me dói. Volto para casa feliz por descobrir que meu pai não está traindo minha mãe, porém fico triste por pensar que ele esteja tão cansado. Resolvo dar uma caminhada pela casa, hoje é dia de folga dos empregados. Normalmente ela intercala as folgas, mas hoje ela parece ter mudado de idéia. Quando estou na cozinha ouço a risada da minha mãe vindo da piscina. Vou até lá e só consigo ver que ela está abraçada a um homem que parece bem mais novo. Eles riem de alguma coisa e então ele a beija. Na boca. Eu só posso estar sendo castigada. Isso não pode estar acontecendo. Eu desconfiei do meu pai esse tempo todo e a traidora era minha mãe. Eu me ajoelho no chão e choro compulsivamente. Eu estou acabada. Não agüento mais. Eu grito para que Deus me leve logo. Eu quero que essa dor passe. Mas nada acontece e o buraco no meu peito só parece aumentar. De repente ouço um grito e volto a mim. Meu pai também os pegou no flagra. Minha mãe chora e implora para meu pai que a deixe explicar. O covarde que estava com ela pega suas roupas no chão e sai correndo.

-COMO VOCÊ PÔDE MARISA?!

Meu pai está arrasado eu posso sentir. Minha mãe tenta segurar seu braço, mas ele o puxa com raiva. Ela choraminga. E ele diz friamente.

-Eu vou ficar com a Melinda hoje no hospital e amanhã irei para um hotel.

-Por favor, querido! Não faça isso! Eu posso explicar.

-Eu não quero suas mentiras!

Meu pai se vira e vai embora e minha mãe fica no chão chorando sem parar. Eu não tenho pena dela. Ela merece isso. Nem mesmo eu quero ficar olhando para ela. E não fico.

Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora