Capítulo sem título 5

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                                  Melinda

Ouço algumas pessoas conversando, mas não consigo abrir meus olhos. Minha cabeça lateja e dói muito, não consigo me lembrar o que aconteceu e quando tento minha dor piora. Acabo apagando novamente de tanta dor que sinto. Acordo e enfim consigo abrir meus olhos, é até estranho minha dor de cabeça passou e eu estou me sentindo tão bem e tão leve que resolvo me levantar. Me sento e olho em volta, estou em um quarto de hospital. Meu pai está deitado em um sofá no canto e está cochilando pelo que me parece, ele está com uma fisionomia péssima. Resolvo deixá-lo dormir, pelo jeito ele está muito cansado. Quanto tempo será que estou aqui? Vou até uma janela grande que tem visão para a BR e vários carros transitam sem parar. O céu está nublado e ao longe nuvens escuras anunciam uma tempestade. Uma enfermeira entra no quarto e se dirige até onde eu deveria estar deitada.

-Que bom que você apareceu! Eu já ia mesmo procurar alguém. Eu me sinto ótima e quero ir logo para minha casa, odeio hospitais.

A enfermeira continua seja lá o que ela está fazendo e nem olha para trás, que é onde estou parada feito uma idiota esperando ela me responder.

-Hey! Estou falando com você!

Digo alto e ela continua a me esnobar, a mas isso não vai ficar assim, com quem ela pensa que está lidando? Vou até ela e tento pegar no seu braço, mas minha mão passa direto. Não estou entendendo o que está acontecendo, olho para minha mão e ela parece normal pra mim. Então a enfermeira vai um pouco para o lado e consigo ver uma pessoa deitada no lugar em que eu deveria estar. Uma garota ruiva está deitada de olhos fechados, ela parece tão tranqüila, vários fios e aparelhos estão ligados a ela. Engraçado ela me parece tão familiar... MEU DEUS. É claro que me é familiar. Porque ela, sou eu. De repente me sinto mal, tudo está girando ao meu redor. Será que estou morta? O que está acontecendo? Eu não posso morrer agora. Sou muito nova e minha vida é perfeita. Todos me amam e eu sou rica, linda e popular. Isso é uma injustiça.

-Papai acorde! Me ajude!

Grito para meu pai, porém ele continua a dormir.

-Me ajude!

Choramingo.

Me sento em uma poltrona no quarto e tento pensar com mais calma. Não devo estar morta. Ou não estaria em um quarto e sim no necrotério, sinto um arrepio só de pensar nessa possibilidade. Mas como vou voltar ao meu corpo? Levanto e vou até meu corpo, nossa estou horrível. Pareço uma maluca com esse cabelo todo embaraçado. Onde vai parar minha dignidade desse jeito? Toco no meu corpo, mas não sinto nada. Deito sobre mim mesma e continuo tentando várias e várias vezes sem obter sucesso. Meu pai acorda e vai até meu corpo. Ele fica me olhando por um tempo com uma cara desanimada, até minha mãe entrar no quarto. Ela e meu pai conversam baixinho em um canto e vou até eles para ouvir.

-Ela vai ficar bem.

Minha mãe diz tentando tranqüilizar meu pai.

Ele balança a cabeça e diz:

-Ela vai sim e eu ficarei melhor quando descobrir quem foi o desgraçado que causou isso a ela.

Minha mãe passa a mão pelo braço do meu pai.

Então não foi um acidente. Alguém tentou me matar. Mas quem? Quem poderia não gostar de mim? Eu penso em Daniel. Aquele garoto escroto. Argh. Estou tremendo de raiva. Ele é o único que tinha motivos para querer me matar. Eu preciso dar um jeito de descobrir se foi ele e a única forma é saindo do hospital e fazendo minha própria investigação. A porta do quarto se abre e André entra. Ele vai até meus pais e os cumprimenta. Que vontade de abraçar ele. Ele me ama de verdade. Ele está aqui por mim. Os três olham para meu corpo desacordado e André comenta:

Uma Patricinha em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora