Uma Patricinha em minha vida

Capítulo sem título 37

                                  Melinda

Mesmo passando a noite no hospital pela manhã não conseguia ir a lugar algum, cheguei até mesmo a ficar preocupada, pois já está tarde e ainda não consegui ir para o quarto do Daniel. Meus pais estão comigo no hospital e pela cara deles estão cada vez mais desanimados com a minha situação. Eles não tem falado nada perto de mim, provavelmente imaginam que mesmo em coma eu ainda escute, mas a preocupação em seus rostos é visível e preocupante. Fecho os olhos novamente e me imagino no quarto do Daniel. Por favor... Por favor. Peço suplicante e nervosa, pois preciso vê-lo. Quando abro os meus olhos vejo um Daniel adormecido e usando apenas uma cueca boxer preta. Interessante. Me aproximo da sua cama e falo perto da sua orelha:

-Você ronca feito uma motosserra!

Ele ri e abre os olhos.

-Nossa! Você é boa! Eu já consegui enganar minha mãe várias vezes fingindo que estava dormindo e logo depois que ela saia eu voltava a jogar vídeo game.

Diz se levantando e sentando na cama.

-E você não tem vergonha?!

Digo fingindo-me de chocada.

-De quê?

-De fingir para a sua mãe!

O reprovo séria.

Daniel me olha sem entender e eu não me agüento e começo a rir.

-Eu já fiz pior! Coloquei um monte de almofadas embaixo de um edredom e depois fugi com minhas amigas para a balada. E a minha mãe não sabe até hoje disso!

Conto e rimos juntos.

-E essa cueca? É para me seduzir?

Pergunto audaciosa.

-Não... Mas se isso te seduz, então, a partir de hoje só uso cuecas!

Ele responde olhando em meus olhos e posso sentir a tensão sexual no ar. Como eu gostaria de realmente estar aqui agora.

-Ah, meus parabéns!

Olho confusa para ele e sinto a tensão se dissipar.

-Por conseguir convencer o DJ! Eu te esperei para comemorarmos juntos, mas você não apareceu.

-É porque eu me esforcei demais... Mas que eu iria conseguir era óbvio!

Digo presunçosamente com um sorriso no rosto.

-Você é muito metida!

Ele cruza os braços.

-Admita!

Digo e ele arqueia uma sobrancelha.

-Vamos, Daniel!

Digo fazendo beicinho.

Ele sorri e diz:

-Eu não preciso admitir nada Melinda, você sabe muito bem como é esperta!

Bato palminhas sorrindo e digo:

-Isso é verdade!

Ele ri balançando a cabeça para os lados.

Ele fica tão bonito sorrindo.

De repente percebo que ele sempre me chamou de Melinda. Eu sempre preferi ser chamada de Mel, mas gosto quando ele me chama pelo meu nome completo. André me chamava de Mel. Não quero nada que me lembre ele, aliás, depois que acordar quero fazer uma fogueira com todas as lembranças dele. Penso em como isso parece teatral, mas já me imagino jogando cada foto e cada presente no fogo, apagando cada resquício do André da minha vida e isso estranhamente me da um prazer imenso.

-Eu falei com seu irmão!

Volto minha atenção para Daniel.

-E?

Pergunto.

-Ele não reconheceu ninguém.

Fala dando de ombros.

-Então voltamos à estaca zero.

Digo desanimada.

-Mas você tinha que ver que baita ficou o desenho do seu irmão! Ele está aproveitando muito!

-Fico feliz! Pelos menos alguém está tirando proveito de toda esta situação.

Falo e suspiro.

-Eu também estou aproveitando!

O olho sem entender.

-Estou aproveitando para conhecer uma garota, mas uma garota de verdade, não a imagem perfeita que ela representava.

Tento me conter, mas minha boca sorri automaticamente.

-E o que você está achando?!

Ele fingi pensar segurando o queixo com a mão.

Automaticamente fico nervosa. E se ele não gostar assim?

Melinda... Melinda. Me repreendo mentalmente. Onde está sua dignidade? Desde quando a opinião de um garoto importa tanto assim?

-Eu acho que ela é absurda!

-Absurda?!

Indago tentando decifrar se isso é bom ou ruim.

-Absurdamente linda e incrível!

Automaticamente sinto meu rosto esquentar. Será um reflexo do meu corpo? Eu posso ficar corada?

Meu sorriso está tão grande no rosto. Não posso conter.

-Isso eu já sabia!

Digo revirando o olho.

Daniel sorri notando meu tom de zoação.

-Ah, Claro! E absurdamente metida!

Rimos juntos.