Uma Patricinha em minha vida

Capítulo sem título 44

                                     Melinda

Daniel parecia mais surpreso que eu ao descobrir que me lembrava de tudo. Os primeiros dias foram realmente confusos. Cada dia que eu acordava depois de um sonho tinha mais certeza de que aquilo realmente tinha acontecido. E então as lembranças vinham mesmo acordada, como flashbacks. Mas eu não estava preparada para "virar um ser evoluído" e praticar o perdão. Pelo contrario eu estava sedenta. E saber que Daniel me apoiaria era o impulso que precisava. Só que eu também preciso me preocupar porque o meu assassino ainda está solto. Eu realmente achava que só desvendando este caso poderia voltar ao meu corpo e já estava inclusive perdendo as esperanças. Mas pelo visto não era o que eu precisava. O amigo do Daniel continua saindo com a Beatriz, só que até agora não tivemos muita evolução no caso. Ele parece estar levando a missão bem a sério agora, já que tem saído com ela mais que o necessário, e constantemente vejo os dois juntos pelo colégio. Esses dias curiosa fiquei os observando de longe. E Beatriz parecia muito feliz. Não sabia se ficava feliz ou triste por ela, porque a qualquer hora sua felicidade poderia acabar. Quando descobrirmos quem foi que causou meu acidente DJ não precisara mais sair com ela. Se ela realmente tentou me matar, eu deveria estar feliz por vê-la sofrer? Não deveria? Só que eu só consigo pensar em quanto a prejudiquei sua vida inteira. Talvez os motivos dela para tentar me matar sejam validos. Eu devo ter batido a cabeça com muita força mesmo. Por que eu estou me sentindo mal por uma pessoa que provavelmente tentou me matar.

A parte mais difícil dos meus dias atuais é ter que fingir a maior parte do tempo. Fingir que não me lembro de nada. E a melhor parte com certeza é o tempo que tenho passado com o Daniel. Nos encontramos todos os dias depois das aulas. Eu não falei para ele o que pretendo fazer para me vingar do Andre e da Laura. E ele também não me perguntou. O tempo em que estamos juntos tentamos falar o menos possível dos outros e conhecer mais um ao outro. Esses dias o surpreendi e apareci no seu trabalho. Ele ficou mais surpreso ainda quando disse que queria fazer uma tatuagem e que ele deveria escolher o desenho. Depois de ele quase me matar de susto ao dizer que eu deveria tatuar seu nome. Ele acabou escolhendo uma flor de lótus que ele disse que simboliza "pureza espiritual". Foi feita nas minhas costas, abaixo do ombro direito. Pedi que fosse pequena, porque com certeza minha mãe vai ter um colapso quando descobrir. Gostei bastante do Mike também. Para um cara mais velho ele parece descolado e bem divertido. Agora estou dentro do provador de uma loja. Escolhendo o vestido que vou usar na festa do colégio. Esse vai ser o meu momento. E eu preciso estar ARRASADORA.

-Esse ficou perfeito!

Saio do provador com um vestido Branco frente única e com uma fenda na perna. Ele é perfeito!

-Com certeza não combinou com seu estilo, Mel!

Ergo uma sobrancelha para Laura.

-Talvez combine mais com o seu, não é mesmo?!

Digo afetada. Com o sorriso mais falso que já coloquei no rosto.

-Bom já que você diz, talvez eu experimente ele e podemos achar um melhor para você.

Ela diz fingindo querer me ajudar.

NÃO MESMO, VADIA.

-Sabe, eu não me importo! Eu gostei da cor e vou ficar com ele!

O queixo de Laura esta praticamente arrastando no chão. Eu olho para ela através do espelho e tenho que me segurar para não rir. Ela está tão acostumada a me ver abrir mão das coisas por sua causa. Mas não desta vez. Saímos da loja comigo carregando a sacola com meu vestido. Laura me olha o tempo todo de canto de olho. Ela parece estar receosa e até um pouco curiosa. Mas eu continuo a falar normalmente. Como se nada tivesse acontecido. No colégio tenho notado que Laura está um pouco resistente em me manter no comando do squad novamente. Ela não parece estar aceitando tão bem a minha volta, mas como sei, ela pode ser uma ótima atriz. Mas não melhor do que Andre, ele quase me fez acreditar que estava feliz por minha volta. E talvez, lá no fundo, eu queria mesmo que estivessem. Não gosto de pensar que minha vida inteira foi uma mentira.