XI

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- Ei... O que aconteceu?

- Nada.

- Nada é o caralho... olhe para mim, Brisa.

Não me virei e logo senti as primeiras lágrimas vazarem molhando o travesseiro.

- Vamos lá, é claro que você quer me falar alguma coisa. Entrou no modo de defesa sem que nem mais...

- Giorgio, o fato de eu ter transado com você não faz de você um amigo.

Ele passou por cima do meu corpo me obrigando a ficar de frente para ele.

- Você está chorando?

Balancei a cabeça tentando negar o óbvio.

- Brisa, quero que me fale agora o que está acontecendo. Não me diga que foi a sua primeira vez...

Mais uma vez neguei.

- Eu te machuquei?

Neguei. Já estava sendo repetitiva...

- Porra. Então fale logo de uma vez o que eu fiz para você ficar desse jeito.

- Se você continuar falando comigo desse jeito com certeza vai me machucar.

- Desculpe. Achei que eu tivesse feito alguma coisa errada. Odeio ver uma mulher chorando e me sentiria péssimo em ser o causador disso.

- Tudo bem.

Ele me aconchegou...

- É claro que não está tudo bem e eu só vou te soltar depois que você me contar.

Continuei muda tentando inventar alguma história, mas nenhuma ideia me surgia.

- Foi o seu namoradinho, não foi? O que ele te fez? O que foi que aconteceu nessa maldita viagem?

- Ele não me fez nada.

- Ele te obrigou a alguma coisa?

- Ele nem tocou em mim... literalmente.

- Então não estou entendendo mais nada...

- Quando o encontrei ele estava acompanhado e fez de conta que não me viu.

- Moleque vagabundo.

- Coisa de homem, Giorgio, e você sabe disso melhor do que eu. Só na minha santa ignorância é que imaginei que ele estivesse sozinho há meses esperando pelo nosso reencontro.

- Bom... Essa é uma verdade. Vocês mulheres conseguem segurar essa onda de castidade melhor do que nós homens, que terminamos vacilando e pensando com a cabeça de baixo.

- Merda de teoria que vocês inventaram para justificar suas traições.

- Instinto, você quer dizer.

- Tanto faz...

- Sim, mas se não foi ele, o que mexeu tanto com você?

- Nada, já disse. Uma mulher nem pode chorar em paz que tem que vir um homem nos colocando uma corda no pescoço...

- Não colocaria uma corda no seu pescoço, mas não posso negar que você acabou de me sugerir um banquete.

Resquícios da minha inocência deram sinais de que ela ainda existia dentro de mim. Ele apertou meus pulsos colocando os sobre a minha cabeça...

- Acho que vou te amarrar e colocar algo nessa boquinha gostosa...

Foi só o que faltava para acender o pavio. Entrei em pânico e comecei a me debater. No início ele achou que eu estava brincando, mas logo compreendeu que havia realmente surtado.

Adeus, tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora