XXXV

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Fizemos amor por toda a noite. Varamos a madrugada nos permitindo conhecer segredos guardados e desejos suprimidos. Tínhamos tanto em comum. Tanto para compartilhar.

Pedi que ele me ensinasse como tocá-lo a fim de aumentar o seu prazer, mas mesmo ele insistindo que estava satisfeito com a forma que eu o acariciava, se masturbou diante dos meus olhos deixando-me louca para replicar seus movimentos. Fiz junto com ele e fiquei maravilhada com a pulsação do seu membro e em ver como ele se refastelava perto do ápice, contendo, ampliando, entregando-se inteiramente ao nosso momento juntos.

Deixei que ele me estimulasse intimamente também. Deitei com as pernas abertas e qualquer resquício de vergonha desapareceu diante da necessidade de me entregar, sem reservas, para ele. Ele me tateou, estimulou, penetrou, preencheu e incitou a lhe presentear com orgasmos cada vez mais intensos e mais longos. O detalhe é que quantos mais eu os tinha, mais eu os queria!

Às 8:30h da manhã fomos despertados pelo toque de um celular, o dele, é claro, já que o meu permanecia desligado. Ele levantou meio desnorteado e atendeu dentro do banheiro.

Ouvi os sussurros dele justificando-se por que precisou fazer essa viagem de última hora e deduzi que fosse alguém do seu trabalho. Ouvi o chuveiro se abrir e levantei para acompanha-lo no banho. Ele estava de cabeça baixa deixando que a água forte batesse em seus ombros.

- Ficou abatido com o telefonema... aconteceu alguma coisa?

- Um imprevisto nada agradável e, infelizmente, eu terei que retornar hoje.

Entrei no box e acariciei seus ombros. Peguei o shampoo, despejei nas mãos e massageei seu couro cabeludo. Ele estava mudo e optei em deixa-lo quieto, na dele. Não tinha nenhum motivo para eu fazer drama e questionar detalhes já que ele havia me situado somente superficialmente sobre o seu retorno. Não esperava que ele aparecesse em Campos do Jordão e muito menos cogitei a possibilidade de experimentar os momentos incríveis que vivemos nos últimos dias. Até achei que fosse rolar algum envolvimento entre nós quando eu estivesse preparada para encarar a cidade grande e os curiosos me cercando por todos os lados, mas da forma que aconteceu foi imprevisto e maravilhoso.

Terminamos o banho juntos e eu estranhei ele não ter tentado nenhum tipo de ousadia comigo, mas respeitei sua postura que me pedia um pouco de espaço.

- Tem certeza que não aconteceu nada demais?

- Não é que tenha sido algo irrelevante, mas nada que você precise se preocupar, minha linda.

Claro que tive medo de ver os meus sonhos se desmanchando, mas diante de tudo o que vivemos, precisava acreditar que era só um instante de frustração por ter que deixar de lado nossos planos de um último dia juntos no paraíso gelado e cheio de conquistas.

Tomei café da manhã com ele e nos despedimos depois de muitos abraços apertados. Ele me beijou e notei que uma lágrima insistente enfeitava o seu olhar triste.

- Você quer que eu volte hoje?

- De forma alguma. Acho melhor mesmo que vá amanhã como havia planejado.

- Se for importante para você, não tem problema nenhum para mim. A gente pode fazer alguma coisa, se você puder me ver, é claro.

- Por isso estou dizendo que é melhor você não ir hoje, pois, de qualquer jeito, não vou poder estar com você mais tarde. Prefiro que fique aqui e descanse mais um dia. Logo você terá que enfrentar os seus medos e precisa também voltar ao trabalho. Nada de se acomodar e querer ficar de férias por tempo indeterminado se empanturrando com as guloseimas da Dona Anjinha.

- Essa é a parte de boa de ficar aqui! Terei mais um dia para descansar e comer bem gostoso. Quando chego em São Paulo termino me contentando com o Starbucks e algumas poucas refeições decentes na semana.

Adeus, tempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora